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Picada de aranha: conheça as mais perigosas, como reconhecer e tratar

Aranha-marrom é uma das mais perigosas do Brasil; saiba reconhecer e tratar picada de aranha - Philipe de Liz Pereira/Creative Commons
Aranha-marrom é uma das mais perigosas do Brasil; saiba reconhecer e tratar picada de aranha Imagem: Philipe de Liz Pereira/Creative Commons

Colaboração para VivaBem

28/01/2022 04h00Atualizada em 17/05/2022 19h15

Estar em contato com a natureza faz bem para o corpo e para a mente, mas ambientes ao ar livre escondem pequenas armadilhas como o risco de ser picado por algum animal. E quando é uma aranha, por vezes, nem é preciso estar fora de casa. Seja lá onde acontecer esse encontro, a experiência é sempre desagradável, pode deixar marcas, ser dolorosa e até causar envenenamento.

Boa parte desses eventos são consequência do contato com espécies muito comuns, como a tarântula (que possui uma seta no dorso) e a caranguejeira que, além da dor, liberam cerdas ou pelos que causam extrema irritação e coceira. Apesar disso, os especialistas garantem: esses eventos não são preocupantes.

Picada de aranha: como identificar e tratar?

Quais são as aranhas mais perigosas?

O Brasil possui algumas espécies de aranha venenosas, que são mais ou menos distribuídas por regiões. Confira:

  • Phoneutria - conhecidas como aranha armadeira ou das bananeiras. São encontradas nas regiões Sul e Sudeste;
  • Loxosceles - também chamada de aranha-marrom, é mais abundante no Sul e Sudeste, especialmente no Paraná;
  • Latrodectus - a famosa viúva-negra, conhecida ainda como flamenguinha --é predominante no Nordeste, principalmente na Bahia.

Como reconhecer uma picada de aranha?

As aranhas armadeira e a viúva-negra possuem venenos semelhantes, portanto os sinais e sintomas são parecidos e imediatos à picada. Você poderá notar as seguintes manifestações locais:

  • Dor (pode ser intensa)
  • Marca dos orifícios onde se deu a picada
  • Inchaço (edema) discreto
  • Vermelhidão (eritema)
  • Sudorese no local

Já a aranha marrom não deixa rastro após o seu ataque. Isso significa que você não vai sentir dor, nem notará alterações na pele. Na maioria das vezes, as pessoas não sentem a picada e não avistam o aracnídeo. No entanto, é só uma questão de tempo: as manifestações acima aparecerão no prazo de 6 a 12 horas.

Fui picado por uma aranha, o que fazer?

As especialistas afirmam que, devido a dor causada pela picada das aranhas armadeira e viúva-negra, a procura pelo pronto-socorro ou o médico é espontânea. No entanto, antes de buscar ajuda você pode lavar o local, usar compressas mornas para controlar a dor e elevar o local da mordida.

A dermatologista Cláudia Ferraz, do HC-UFPE, sugere a captura da aranha para que ela possa ser identificada (quando isso for possível). Ela também aconselha a não fazer torniquete ou garrote, furar, cortar ou espremer o local, nem aplicar qualquer remédio caseiro como chás, folhas etc.

"O objetivo é não provocar infecções. Caso se observem os sintomas de envenenamento, busque por assistência hospitalar imediatamente", diz a médica.

Quais são os sintomas de envenenamento por picada de aranha?

Os venenos das aranhas armadeira e viúva-negra (para esta nem existe soro disponível no Brasil) são menos potentes do que o do escorpião, mas a depender do volume de veneno inoculado, o quadro pode evoluir. Embora esses casos sejam raros, podem ser observadas as seguintes manifestações sistêmicas:

As complicações da picada da aranha marrom apresentam dois tipos de evolução: a forma cutânea e a cutânea-visceral. Saiba como reconhecê-las:

Cutânea

  • A lesão parece de forma lenta e progressiva;
  • Tem como característica a dor tardia;
  • Inchaço endurecido e no local da picada;
  • Presença de áreas hemorrágicas que se mesclam com áreas esbranquiçadas (isquemia);
  • A dor e a queimação aumentam nas primeiras 12 a 36 horas;
  • Febre
  • Erupções (exantema)
  • Possível evolução para necrose, que pode durar mais de um mês

Cutânea-visceral

Além das manifestações acima descritas, a elas se somam os quadros abaixo descritos. Trata-se de uma ocorrência rara, mas é grave e requer o uso de soro antiveneno. Confira:

  • Anemia aguda (hemólise);
  • Icterícia (pele e olhos amarelados)
  • Urina avermelhada devido à hemólise (pode evoluir para dano renal).

Como tratar e aliviar uma picada de aranha?

Picadas de aranhas comuns, sem risco de intoxicação, são tratadas com analgésicos e antialérgicos locais. Quando há suspeita de gravidade, o uso de soro antiaracnídeo específico é indicado e deve ser administrado o quanto antes.

Como evitar uma picada de aranha

Para reduzir o risco de ser picado, adote as seguintes medidas:

  • Evite o acúmulo de entulho, folhas e lixo que podem servir de abrigo para esses aracnídeos;
  • Mantenha limpos jardins, quintais e apare a grama.
  • Evite folhagens densas (bananeiras, arbustos, trepadeiras etc) junto a paredes e muros;
  • Use luvas e botas para entrar em plantações e matas, especialmente se você trabalha em áreas rurais;
  • Evite colocar a mão em buracos, sob pedras e troncos podres;
  • Sacuda roupas e inspecione sapatos antes de usá-los;
  • Vede todo tipo de fresta em casa: soleiras, janelas, parede, assoalho, vãos no forro, rodapés etc;
  • Adote o uso de telas em pias, ralos, tanques;
  • Combata a proliferação de insetos que servem de alimento às aranhas;
  • Preserve animais de hábitos noturnos (como a coruja), e também lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos e quatis, que são inimigos naturais de aranhas.

Fontes

Cláudia Ferraz, dermatologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), unidade vinculada à Ebserh, professora da disciplina de dermatologia da mesma instituição, membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), tem doutorado em medicina tropical pela UFPE; e Palmira Cupo, professora do Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo). Revisão técnica: Palmira Cupo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
O texto inicial citava a aranha como um inseto, mas, na verdade, ela é um aracnídeo, não um inseto. A informação foi corrigida.