A importância de fazer do autocuidado um ritual diário

Uma das características do contemporâneo é o esvaziamento do tempo. Esvaziamento de sentido do tempo. Ele passa sem que percebamos o que fizemos dele, envolvidos que estamos em trabalhos, notícias, notificações mil, imagens múltiplas de múltiplos dispositivos que nos consomem e nos dão a ilusão de que somos nós a consumir.

O avanço do capitalismo e das políticas neoliberais têm modificado a relação entre tempo e trabalho. Por vezes, sentimos que por mais que trabalhemos, nunca é suficiente, nunca damos conta de tudo, ou que estamos sempre aquém das metas que estipulamos para nós mesmos. Como lidar com todas esses demandas exteriores e interiores que nos retiram do momento presente, levando-nos a ter, na maioria das vezes, uma relação ansiosa com o futuro, já que o presente parece sempre nos escapar?

Entendo que um jeito de responder a isso é ficar atento aos seus próprios processos, atento ao seu corpo, aos sinais que ele te dá ao longo do dia, atento ao que você sonha à noite ou se não tem sonhado, atento ao que sente vontade de comer, atento ao silêncio e o que ele pode estar querendo dizer.

Estar atento e forte como exigência para sobreviver ao contemporâneo não se dá sem autocuidado, não se dá sem curvar o tempo a seu favor. Os rituais são importantes marcadores de tempo nas diversas culturas e sociedades. Ritualizar o autocuidado é marcar no tempo um espaço só seu. É conseguir sair da malha da aceleração e ouvir o que seu corpo precisa, entrar em contato com o que realmente faz sentido para você.

Seja terapia, ioga, meditação, atividades físicas ou qualquer outra prática de cuidado importante para você, é fundamental torná-la um ritual diário, inscrevendo-a no seu cotidiano como um espaço de reparação energética e de fortalecimento. Fazer do autocuidado um ritual diário é caminho de promoção de saúde mental neste tempo um tanto caótico em que vivemos.