Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Investir em ciência é tornar o Brasil verdadeiramente competitivo
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Nesse período de pandemia, o Brasil deu uma atenção e importância enorme para a ciência, tecnologia e inovação (CT&I), mesmo que de forma fajuta e superficial. Falo isso, pois enquanto a ciência luta para providenciar estratégias para controlar a pandemia, todos voltam suas atenções para o que ela pode oferecer.
Consequentemente, surge aquela falsa esperança nossa, dos cientistas, de que a ciência terá o devido valor. E, consequentemente, nos possibilitaria fornecer ao Brasil condições de se tornar um país competitivo. Mas, esquece, pura ilusão! O investimento será fajuto, como a cara da maioria dos políticos!
Poderíamos argumentar que é falta de orçamento. Mas afirmo que são prioridades, no mínimo, questionáveis. Para termos uma ideia, como parte das despesas não obrigatórias, serão direcionados 5,9%, dos R$ 98,6 bilhões do orçamento para 2022, para a CT&I, ou seja, aproximadamente R$ 5,8 bilhões irão bancar todo o desenvolvimento científico e tecnológico nacional.
Sendo que, se o governo quiser contingenciar parte dessa verba, poderá comprometer ainda mais o desenvolvimento científico do país. Vale ressaltar que isso não é de agora, pois desde 2016, quando Michel Temer assumiu a Presidência, a ciência vem sendo destruída de várias formas, através dos cortes absurdos que aconteceram nesses anos depois de 2016.
Assim que assumiu, Temer cortou quase a metade da verba direcionada para a CT&I, e depois foi só ladeira abaixo. Quero citar mais alguns dados importantes, que são os gastos para o combate à pandemia, que estão previstos em mais de R$ 7 bilhões, sendo quase R$ 4 bilhões para compra de vacinas. Em 2020 e 2021, foram aplicados quase R$ 90 bilhões, de acordo com a Agência Senado.
Porém, alguns vão falar, mas você não quer que gastemos para combater a pandemia?
Afirmo que sim, claro que queremos e precisamos. Mas poderíamos, pelo menos, aprender e nos prepararmos para utilizar esse dinheiro para produzirmos tecnologia e exportarmos, ao invés de comprar tudo que vem de fora.
O Brasil só produz 5% dos princípios ativos de produtos biológicos, ou seja, 95% a gente importa e manda nossa riqueza para o exterior.
E ainda queremos medicamentos baratos desse jeito?
Não adianta dizer que vai nacionalizar algo, se continuarmos comprando praticamente tudo do exterior.
Por fim, a gente pode pensar que este ano haverá mudanças consideráveis, pois temos a esperança da saída do presidente lunático, mas até então, só vemos conversa de apoio à ciência, mas em termos de projetos concretos, praticamente não existe, pois tudo está muito superficial.
Vamos esperar o que vai acontecer e se vão surgir projetos de desenvolvimento nacional, tendo como base a CT&I, pois, sem isso, o Brasil nunca será um país verdadeiramente competitivo. Seremos apenas subservientes e geradores de renda para encaminhar nossas riquezas para países que produzem conhecimento científico.
Se continuarmos produzindo os produtos criados em outros países, com a desculpa de que estamos gerando emprego, viveremos como servis e mandando royalties para as nações que geraram o conhecimento e que produzem os insumos farmacêuticos ativos.
Para concluir, faço algumas perguntas: o que escrevi aqui tem alguma importância? Ou será mais uma leiturazinha? Vamos seguir reclamando sem agir de forma consciente? Sem olhar para a política e buscar projetos? A propósito, cientista deve falar de política?
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