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Taise Spolti

Inverno e vinho: o que o consumo da bebida pode oferecer para a sua saúde

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Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

24/07/2022 04h00

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É comum ouvir que uma pequena taça de vinho ao dia pode fazer bem para a saúde.

A afirmação é antiga e, ao longo dos anos, vem sendo confirmada em inúmeros estudos mundo a fora. Mas, antes de continuar, nunca é demais lembrar que o consumo de álcool, por si só, é maléfico ao organismo, especialmente quando consumido em quantidade e frequência altas —segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há uma quantidade de álcool segura para a saúde e a recomendação é que os homens não bebam mais de duas doses por dia, no máximo cinco vezes por semanas; para as mulheres, a recomendação é de uma dose ao dia, até cinco vezes na semana.

Um indivíduo que tem como hábito o consumo de álcool em uma frequência que passa do casual, ou seja, não apenas em finais de semana, socialmente, mas em mais dias da semana, e que também ultrapassa aquele pequeno cálice ou então uma pequena dose, é considerado atualmente como um etilista —termo mais bem aceito do que alcoólatra. Seja você um amante de vinhos, seja um indivíduo que consome diariamente uma cervejinha de final de tarde pós-trabalho, seja um amante do uísque antes da janta, é necessário que entenda que sempre há um risco de dependência. E, quando a dependência é de bebida alcoólica, isso pode se transformar em uma dose-dependência, ou seja, a necessidade de quantidade do consumo irá aumentar com o tempo. O que antes era uma cerveja todos os dias pode passar a ser duas, três, quatro e assim por diante.

Feito o alerta sobre os perigos já conhecidos do consumo não controlado de bebidas alcoólicas, quero trazer alguns dos principais benefícios que o vinho reconhecidamente traz para a nossa saúde.

O vinho é uma bebida rica em substâncias como resveratrol e antioxidantes não produzidos pelo corpo. Essas substâncias têm duas principais funções frente aos radicais livres:

  1. Remoção do agente radical livre antes que este cause danos e lesões nas células;
  2. Reparar a lesão já ocorrida pelo excesso do radical livre no nosso organismo.

Além disso, o vinho é um dos "alimentos" que contém maior quantidade de um composto fenólico antioxidante de alta concentração, o flavonoide estilbenoide. A substância é encontrada principalmente na casca da uva, e não na semente ou polpa. Sendo assim, sucos concentrados ou vinhos doces e suaves não conseguem alcançar o nível de antioxidante ideal, ainda mais com a alta presença de açúcar na composição destas bebidas, que acabam por diminuir a ação benéfica do consumo.

O suco de uva integral, que basicamente é feito por meio da fermentação leve e natural da fruta, consegue manter as propriedades presentes na casca, assim como o vinho tinto seco.

Suco de uva não é melhor que vinho?

Diferentemente do que ouvimos por aí, beber regularmente suco de uva não é uma boa opção, principalmente o suco concentrado ou a bebida adicionada de suco de uva (néctares, por exemplo). O único suco naturalmente benéfico é o integral, justamente pela ausência de açúcares adicionados e conservantes, além de ser produzido de forma que mantenha os nutrientes da casca. De qualquer forma, até o suco integral é rico em açúcar (natural da fruta), por isso deve ser consumido com moderação.

O vinho para ser benéfico e manter a ação antioxidante, deve ser tinto, seco e, de preferência, ter um bom período de fermentação, como os vinhos de guarda. No vinho seco não há adição de açúcar e grande parte do açúcar natural da uva é "consumido" pelas bactérias durante a fermentação da bebida.

Benefícios do resveratrol

O resveratrol, assim como os outros antioxidantes presentes no vinho, possui capacidade de restauração dos danos celulares causados pelos radicais livres em diferentes estágios no nosso organismo, seja pelo excesso de poluição, seja pela alimentação desequilibrada, seja pela glicação (resultado maléfico do consumo de açúcar, em que a molécula de glicose acaba diminuindo a função de outras células importantes do nosso corpo, como colágeno da pele, hemoglobinas etc.), seja por outros hábitos nada saudáveis.

O consumo de resveratrol não está ligado apenas à redução de danos em indivíduos não saudáveis. Também traz vantagens para pessoas cuja rotina de exercícios ou de vida é intensa, como ciclistas, maratonistas, ultramaratonistas, atletas de alto rendimento, plantonistas, indivíduos com cargas horárias de trabalho extenuantes, pessoas que trabalham de madrugada.

Indivíduos que possuem rotinas intensas como as citadas, histórico de doenças familiares, condições de saúde já instaladas —como diabetes, hipertensão e colesterol alto— se beneficiam bastante do auxílio que o resveratrol e todos os outros compostos antioxidantes presentes no vinho trazem.

Vale a pena consumir um pequeno cálice ao dia?

Eu recomendo, mas a dose ideal fica entre 15 ml e 18 ml, algo bem diferente da dose "padrão" de vinho, já que em uma taça geralmente tem 140 ml a 150 ml.

Apesar dos benefícios do vinho, reforço que alguns grupos de pessoas devem, sim, consultar seu médico antes de consumir a bebida: diabéticos, hipertensos, dislipidêmicos e pessoas com histórico de câncer e doenças autoimunes.

No geral, para esses grupos, trocar o vinho pelo suco de uva integral também pode ser benéfico, desde que respeitadas as quantidades, já que o suco integral é rico em açúcar (natural da fruta, repito).