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Barcelona, Veneza, Butão e mais lugares que estão de saco cheio de turistas

Marcel Vicenti

Colaboração para o UOL

17/08/2017 04h00

Capazes de movimentar muito dinheiro nos lugares por onde passam, turistas são uma verdadeira dádiva, certo? Nem sempre. Atualmente, há diversos destinos que estão de saco cheio das multidões de viajantes. Veja quais são os locais e saiba por que neles há gente com tanta raiva da indústria turística.

Veneza, Itália

Veneza - Kinkardamimi/Creative Commons - Kinkardamimi/Creative Commons
Imagem: Kinkardamimi/Creative Commons

Apesar de magníficas, as vias públicas da cidade ficam insuportavelmente lotadas em várias épocas do ano (principalmente, entre julho e agosto, auge do verão europeu). Muitos venezianos reclamam que o turismo está aumentando o custo de vida na cidade, o que tem levado muitos habitantes a terem que se mudar para outros lugares. E, por lá, já há protestos de rua exigindo que a prefeitura limite o número de viajantes e cruzeiros que passam por Veneza. No último mês de julho, cerca de 2.000 pessoas fizeram uma marcha pela cidade com esse propósito, além de pedir que os governantes locais melhorem a qualidade de vida dos moradores.

Barcelona, Espanha

Barcelona - JT Curses/Creative Commons - JT Curses/Creative Commons
Imagem: JT Curses/Creative Commons

Barcelona tem uma prefeita, chamada Ada Colau, que não está contente com o altíssimo número de turistas na cidade. Como medidas para conter o fluxo de viajantes –que, segundo Colau, estaria degradando a qualidade de vida e aumentando o custo de vida–, a prefeita congelou a emissão de licenças para a abertura de novos hotéis em determinadas áreas da cidade e, em entrevista ao jornal “El Periódico”, afirmou que quer combater práticas turísticas que expulsem dos bairros habitantes e estabelecimentos comerciais tradicionais. Há habitantes que concordam com ela. Em julho, um ônibus turístico foi pichado com a frase “o turismo mata os bairros”. Bicicletas destinadas a aluguel turístico têm tido seus pneus furados. Essas ações foram realizadas por um grupo anticapitalista chamado “Arran Països Catalans”.

Mallorca, Espanha

Mallorca - Maxpixels/Creative Commons - Maxpixels/Creative Commons
Imagem: Maxpixels/Creative Commons

Outro destino europeu que anda registrando manifestações contra o turismo é a ilha espanhola de Mallorca, um dos destinos de praia mais concorridos do mar Mediterrâneo. No começo de agosto, dezenas de pessoas fizeram uma passeata na cidade de Palma (a capital da ilha) carregando cartazes que diziam “o turismo está matando Mallorca”. A motivação dos protestos é parecida com a de Barcelona: muitos habitantesdizem que o dinheiro trazido pelo turismo de massa está aumentando demais o custo de vida na ilha e destruindo comércios tradicionais do local, que estão tendo que dar lugar a lojinhas de suvenir e restaurantes voltados para viajantes estrangeiros.

Amsterdã, Holanda

Amsterdã - PersianDutchNetwork/Creative Commons - PersianDutchNetwork/Creative Commons
Imagem: PersianDutchNetwork/Creative Commons

Outra autoridade europeia recentemente se posicionou contra o turismo de massa: foi o chefe do departamento de marketing de Amsterdã, Frans van der Avert. Durante o Fórum Mundial de Turismo realizado neste ano em Lucerna, na Suiça, ele afirmou que diversas cidades históricas da Europa estão sendo destruídas pelo turismo. "Nós não vamos gastar nem sequer um euro a mais para promover Amsterdã. Queremos, sim, aumentar a qualidade dos visitantes, atraindo pessoas que estejam realmente interessadas na cidade. Não queremos gente que só venha para cá para fazer festa e não respeitar nossa cidade”. Holandeses reclamam do alto número de turistas que só viaja a Amsterdã para consumir maconha nos cafés e transar com as garotas de programa do Distrito da Luz Vermelha.

Santorini, Grécia

Santorini - David Spender/Creative Commons - David Spender/Creative Commons
Imagem: David Spender/Creative Commons

Santorini é uma das ilhas mais lindas da Grécia. O destino, entretanto, perde o charme com o enorme número de turistas que costumam se amontoar em suas vielas. No verão de 2015, houve dias em que a ilha chegou a receber nada menos que 10 mil passageiros de cruzeiros por dia, o que fez o governo local limitar o número de transatlânticos que podem aportar diariamente em Santorini. Agora, o máximo de cruzeiristas que podem entrar na ilha a cada dia é 8.000 (ainda assim, uma quantidade altíssima de pessoas, visto que Oia, a principal vila do lugar, tem uma população com menos de 2.000 almas).

Oxford, Inglaterra

Oxford - Mike Peel/Creative Commons - Mike Peel/Creative Commons
Imagem: Mike Peel/Creative Commons

Considerado um dos destinos históricos mais lindos da Inglaterra, Oxford atrai um enorme fluxo de turistas. Mas a popularidade entre os viajantes está desagradando gente importante da cidade. Recentemente, Mary Clarkson, uma influente representante política de Oxford, escreveu no Twitter: “Nossa pequena cidade vive um inferno turístico”. “Ônibus turísticos estacionam ilegalmente em nossas ciclovias e nossas calçadas estão intransitáveis”, disse ela, em uma declaração que causou grande repercussão em diversos jornais britânicos. Clarkson também reclamou da maneira como os guias turísticos conduzem grupos de viajantes. “Os guias deveriam manter seus grupos em ordem e não bloquear a entrada de lugares como o Covered Market (um popular centro de compras de Oxford), facilitando assim a vida de todo mundo”.

Butão

Butão - Christopher Michel/Creative Commons - Christopher Michel/Creative Commons
Imagem: Christopher Michel/Creative Commons

O Butão é um lindo reino situado na cordilheira do Himalaia e seria errado dizer que, por lá, viajantes estrangeiros não são bem-vindos. Mas o governo local se esforça para manter o que se chama de “turismo de baixo impacto”. Ou seja: os representantes butaneses não querem multidões de turistas, algo que, para eles, poderia prejudicar as paisagens e as tradições culturais do país. Por isso, o número de viajantes que pode entrar no Butão é limitado e cada turista deve pagar uma taxa (que chega a custar mais de US$ 200, ou mais de R$ 640) por cada noite passada no reino.