HQ "gay e muçulmana" gera debate sobre religião e sexualidade na Indonésia
Na Indonésia, país essencialmente muçulmano, uma história em quadrinhos online, publicada na plataforma Instagram, tem gerado debate há cerca de um mês. Através de seus desenhos, o autor alPatuni - nome de sua conta na rede social - narra as dificuldades cotidianas de um homossexual.
Na Indonésia, país essencialmente muçulmano, uma história em quadrinhos online, publicada na plataforma Instagram, tem gerado debate há cerca de um mês.
O estilo dos traços é brincalhão e lembra o universo dos mangás. Com roupas tradicionais da região sul-asiática, o personagem principal é apresentado como um homem casado que dissimula sua homossexualidade para viver com tranquilidade.
As publicações de alPatuni discutem o peso da religião e das convenções sociais que sobrecarregam a minoria homossexual desde a escola até a fase adulta. A obra é apresentada como uma "história em quadrinhos muçulmana e gay para as pessoas capazes de pensar".
Muitos acharam ofensivo esse título por misturar homossexualidade e Islã. Alguns, como o usuário Putriendand_palupi, veem nos desenhos um sinal do "apocalipse" e do "fim do mundo", fazendo apelo aos candidatos à presidência da Indonésia a abordarem o assunto.
Censura e perseguição
O caso terminou nas mãos do ministério da Comunicação, que exigiu, sem sucesso, a interdição do perfil alPatuni no Instagram, acusando a história em quadrinhos de violar uma lei antipornografia. A legislação é utilizada, há vários anos, para atacar os homossexuais da Indonésia. Andreas Harsono, da ONG Human Rights Watch, disse no Twitter que o desenho fala sobretudo da questão da ?identidade gay e do fanatismo religioso, sem apresentar os personagens completamente nus?.
Apesar da tentativa de "censura", a homossexualidade não é proibida na Indonésia, com exceção da região de Aceh, onde extremistas aplicam uma espécie de lei religiosa. Entretanto, a diversidade sexual é cada vez menos aceita pelas autoridades políticas, influenciadas pela chegada de radicais no poder.
Com isso, um discurso contra pessoas LGBT da parte de um ministro ou de qualquer outro político deixou de chocar. Existe até um projeto de revisão do Código Penal que poderia punir a homossexualidade com a prisão. Nesse contexto, a obra de ficção de alPantuni toca em um ponto sensível da sociedade da Indonésia.
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