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Observatório Francês alerta sobre aumento do "gás do riso" entre jovens

da RFI

21/12/2018 09h40

O Observatório Francês de Drogas e Toxicodependência (OFDT) alerta sobre o consumo de óxido nitroso, que está sendo cada vez mais usado pelos adolescentes do país.

Este "gás hilariante" usado na medicina e na culinária, como em bombas de chantili, é vendido legalmente, mas pode ter efeitos devastadores quando inalado diretamente. Nesta quinta-feira (20), o OFDT publicou um relatório destacando, que além do gás, a cocaína também está cada vez mais acessível em solo francês.

Segundo o documento do OFDT, a popularidade do óxido nitroso voltou a crescer. O famoso “gás do riso” não custa caro e está cada vez mais presente em festas. Cápsulas contendo a substância é facilmente encontrada no supermercado e na internet. No varejo, o preço fica entre € 1 e € 2.

Já na internet, é possível comprar caixas de 50 unidades por € 20. Até kits voltados para o uso recreativo já são encontrados em pequenos comércios.

O “gás do riso”, ou hilariante, produz uma suave depressão numa região do cérebro relacionada aos sentimentos e à autocensura. Ao inalá-lo, a pessoa entra num estado de relaxamento e felicidade, podendo mesmo rir à toa.

A sensação é parecida à de quando se exagera um pouco na bebida. Ainda não se sabe precisamente qual é o mecanismo de ação do gás, cujo nome correto é óxido nitroso (N2O). Ele foi descoberto em 1772 pelo químico inglês Joseph Priestley.

Mas se a prática está cada vez mais comum entre os jovens, o "gás do riso" é uma droga real, com riscos para a saúde. Os efeitos nocivos podem variar, indo de desconforto respiratório à parada cardíaca nas pessoas com problemas cardíacos.

O óxido nitroso, se inalado regularmente, também pode atingir os neurônios, levando a distúrbios que dificultam a caminhada ou a compreensão, e até mesmo a paralisia de certos membros. No departamento de emergência de Lille, esses acidentes são raros, mas os médicos já descrevem o fenômeno como "epidemia".

Cocaína fumável

O relatório da OFDT se baseou em pesquisas realizadas na maioria das grandes cidades do país (Paris, Lyon, Marseille, Bordeaux, Lille, etc.).

Nele, aparece também a preocupação com outra droga, a cocaína, que está cada vez mais acessível e com uma taxa de pureza muito elevada: 59% em média nas apreensões de menos de 10 gramas, o dobro do encontrado em 2011. Além disso, em 2007, a quantidade apreendida pela polícia atingiu “nível recorde”: 17,5 toneladas.

Apesar de continuar restrita a uma pequena parte da população, com somente 1,6% das pessoas entre 18 e 64 anos a consumindo, entre 2014 e 2017 houve um aumento de 45% no número de usuários.

O Observatório também constatou o aumento da cocaína básica, isto é, quando é misturada a um composto alcalino, permitindo obter uma forma do produto fumável que conduz a efeitos mais intensos, mas de menor duração.

"Até recentemente, o mercado de crack, onde a cocaína é vendida, permaneceu concentrado no nordeste de Paris e seus subúrbios, como em Saint-Denis. Em meados dos anos 2000, se pôde observar em toda a França, um aumento constante no consumo de cocaína básica, fumada por usuários de maior poder aquisitivo”, diz o relatório.

Esta publicação do OFDT fornece poucos dados quantificáveis e é "essencialmente qualitativa": baseia-se em observações etnográficas em espaços urbanos e festivos ou em questionários destinados a instituições em contato com usuários de drogas.