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Armani diz que estilistas sofrem para deixar suas empresas

O estilista italiano Giorgio Armani - EFE
O estilista italiano Giorgio Armani
Imagem: EFE

Por Marie-Louise Gumuchian

17/10/2008 14h55

MILÃO (Reuters) - Os estilistas que são fundadores de suas empresas precisam aprender a abrir mão delas, mesmo que isso doa, diz Giorgio Armani, um dos decanos da moda italiana.

O estilista, que está na casa dos 70 anos e é um dos nomes mais respeitados da moda de Milão, vem mantendo investidores atentos para o futuro de sua empresa, às vezes dando a entender que quer colocar as ações dela na Bolsa e às vezes indicando que pode vender o grupo.

"É doloroso, mas é preciso ter a coragem, e, uma vez que tiver sido feito, deixar de ter voz na companhia", disse ele ao jornal italiano "Il Sole 24 Ore" em sua edição de sexta-feira.

"No caso de a pessoa chegar a uma certa idade ou de o mercado exigir uma mudança radical de estilo, é extremamente difícil para alguém que criou uma empresa desligar-se dela", disse ele.

Conhecido por seu tino para os negócios, Armani vem sendo menos claro em relação a seus planos que outros estilistas de sua geração. Valentino Garavani, um dos estilistas favoritos de Hollywood, aposentou-se em janeiro.

Em ocasiões anteriores, Armani criticou as firmas de private equity "exploradoras" que vêm adquirindo empresas de moda, como a Permira, que comprou o Valentino Fashion Group.

Armani disse que não tem um sucessor escolhido porque ainda é ele quem toma todas as decisões. "Analiso todos os prós e contras. Não escolhi meu 'herdeiro'", disse ele.

"Não estamos falando nisso ainda, mas esta é uma organização tão precisa que pode facilmente sobreviver a mim. Posso administrar isso facilmente, já que sempre conservei o estilo, a administração e a propriedade em minhas próprias mãos."

Armani é visto como um dos últimos dos grandes estilistas da era anterior àquela em que a moda se tornou uma indústria global, altamente comercial, administrada tanto por contadores e executivos de marketing quanto por estilistas.

O crescimento do setor, que se converteu numa indústria de 127 bilhões de dólares, vem lentamente ameaçando a velha guarda e introduzindo um novo tipo de estilista visto como mais apropriado para liderar a expansão das firmas em novos mercados e linhas de produtos.

Armani disse que é difícil para novos estilistas assumirem os lugares dos "ícones intocáveis" da moda. A estilista Alessandra Facchinetti deixou a Valentino este mês, depois de menos de um ano na maison.

"O fundador está vinculado à grife e representa seu estilo", disse Armani. "Quando é preciso substituir o fundador, sempre há dúvidas quanto a se é preciso mudar o estilo."

"Os estilistas jovens possuem todo o talento necessário. Em um sistema feito apenas de 'ícones intocáveis' que impedem a entrada de oxigênio novo, existe o risco de morrer", disse ele.