Conteúdo publicado há 7 meses

Médica morta em hotel mandou foto para amiga com corte na testa em abril

A médica psiquiatra Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, encontrada morta em um hotel de Colatina (ES), enviou uma foto para uma amiga, em abril deste ano, com vários pontos na testa. O marido da vítima, Fuvio Luziano Serafim, 44, ex-prefeito de Catuji (MG), e o motorista dele, Robson Gonçalves dos Santos, foram presos por suspeita de envolvimento no crime.

O que aconteceu:

A foto foi enviada pela médica a uma amiga, que não teve a identidade revelada. No registro de print da tela é possível observar o ferimento com sutura de vários pontos.

A médica não teria aberto uma representação contra o marido na época do registro por estar "amedrontada" e teria dito aos familiares que havia caído, informou o advogado de defesa da família da vítima, Síderson do Espírito Santo Vitorino, à Universa.

Juliana enviou para uma amiga a foto com os pontos na testa
Juliana enviou para uma amiga a foto com os pontos na testa Imagem: Obtido pelo UOL

O pai da vítima, o ex-prefeito da cidade mineira de Teófilo Otoni Samir Sagi El-Aouar, disse à InterTV (afiliada da TV Globo) que o genro já tinha agredido a filha. Samir também declarou ao jornal O Tempo que começou a desconfiar da relação abusiva do casal quando o genro teria afirmado, em 2019, que Juliana teria tido uma parada cardiorrespiratória e ele quebrou sete costelas da médica ao "fazer massagem cardíaca".

Juliana vivia sob ameaças do marido e tentava se divorciar, disse o advogado de defesa da família da vítima.

O nome de amigas da médica teriam sido apresentados à Polícia Civil, ainda de acordo com Vitorino, para confirmar "a rotina de medo e tortura física e psicológica sofridas pela médica" durante o relacionamento com o ex-prefeito.

Laudo aponta que médica sofreu 'graves lesões'

Segundo a decisão que manteve a prisão da dupla, o laudo do SML (Serviço Médico Legal) apontou que a vítima sofreu "graves lesões".

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As causas da morte de Juliana foram: hipoxemia (baixa oxigenação no sangue), asfixia mecânica, broncoaspiração (entrada de substâncias estranhas, como alimentos e saliva, na via respiratória) e traumatismo cranioencefálico.

No local do crime, foram encontrados diversos medicamentos, entre eles, morfina, além de seringas e agulhas. Um "pó branco" também foi achado e encaminhado para análise pericial.

A reportagem tenta contato com a defesa da dupla. O espaço segue aberto para manifestação.

Trata-se de crime de homicídio (feminicídio), perpetrado de maneira fria e desprezível, imputado ao marido da vítima e ao outro custodiado. Em razão da reprovabilidade das condutas em tese praticadas pelos autuados e para a garantia da ordem pública, entendo que a segregação cautelar é medida que se impõe no presente caso.
João Carlos Lopes, magistrado

Entenda o caso:

A Polícia Militar foi acionada no sábado (2) pela gerência do hotel em que Fuvio estava hospedado com a esposa, Juliana Pimenta.

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Aos policiais, o gerente do hotel informou que hóspedes reclamaram do barulho vindo do quarto do ex-prefeito na madrugada.

Pela manhã, o homem foi até a portaria "bastante alterado, querendo pagar a conta e dizendo que a esposa estava passando mal".

O Samu foi acionado e constatou a morte da vítima. Ela tinha sinais de agressão e o estado do quarto fez com que os peritos suspeitassem que a vítima tinha sido assassinada.

Fuvio e o motorista dele foram levados para a delegacia. A Polícia Civil foi acionada para fazer perícia no local. Os dois foram detidos em flagrante. Fuvio pelo crime de feminicídio e Robson por homicídio. O corpo de Juliana foi enterrado, em Teófilo Otoni (MG).

A violência sexual contra a mulher no Brasil

No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil.

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Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos.

O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados.

O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

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Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.

Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

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