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Agora foi Amanda Klein: lista de jornalistas atacadas por Bolsonaro só sobe

Jornalistas são alvo de ataques misóginos feitos por Bolsonaro - UOL
Jornalistas são alvo de ataques misóginos feitos por Bolsonaro Imagem: UOL

De Universa, do Rio de Janeiro

06/09/2022 11h29

Mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro (PL) partiu para o ataque pessoal quando foi questionado por uma jornalista mulher durante entrevista ao vivo no canal da Jovem Pan. Em vez de responder à pergunta de Amanda Klein, o presidente e candidato à reeleição mencionou detalhes da vida da jornalista e a acusou de ser "leviana".

Na pergunta, Klein citou reportagem do UOL que mostrou que Bolsonaro e familiares negociaram 107 imóveis desde 1990, dos quais ao menos 51 foram comprados total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo. Foi o suficiente para que ele começasse uma discussão: "Amanda, você é casada com uma pessoa que vota em mim. Não sei como é o teu convívio com ele na sua casa...", falou.

"Se pegar os bens do seu marido... Eu vou pedir, Amanda, respeitosamente, uma certidão do seu marido, no fórum, se por ventura ele tenha casas, imóveis, e quero ver, na escritura, quando ele comprou, se está escrito moeda corrente ou não. E aí, Amanda, vai estar escrito moeda corrente? Você vai falar o quê?"

A âncora do jornal tentou mudar de assunto ao menos três vezes durante a discussão, dizendo que a vida particular dela não estava em pauta, e sim as ações do presidente da República.

A dificuldade em crescer entre o eleitorado feminino não tem impedido o presidente de continuar atacando jornalistas mulheres.

1. Vera Magalhães

Durante debate presidencial no dia 28 de agosto, Bolsonaro atacou a jornalista da TV Cultura Vera Magalhães, que havia o questionado sobre a cobertura vacinal do Brasil.

"Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão em mim. Não pode tomar partido num debate como esse. Fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro", disse ele, mais uma vez sem responder sobre o tema perguntado.

Em fevereiro, Vera também foi atacada pelo presidente em sua live semanal. Ela foi a primeira a noticiar que o presidente teria compartilhado vídeos que convocariam a população a participar de manifestações a favor do governo e contra o congresso. Em sua defesa, o presidente disse que o vídeo que compartilhou chamava para um ato contra a corrupção e disse: "não sou da sua laia", cobrando "vergonha na cara" da jornalista.

2. Patrícia Campos Mello

Em junho deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação do presidente por ofender a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo.

Em fevereiro de 2020, Bolsonaro insultou com uma insinuação sexual a jornalista, autora da matéria que revelou que empresas estavam enviando mensagens em massa pelo WhatsApp durante as eleições de 2018.

3. Miriam Leitão

Em 21 de julho de 2019, Bolsonaro disse que Miriam Leitão, jornalista e comentarista da Globo, mentiu ao dizer que foi torturada durante da ditadura militar. O filho mais velho dele, o deputado Eduardo Bolsonaro, também já atacou a jornalista da Globo usando a tortura que ela sofreu.

Em abril último, Miriam compartilhou um artigo em que classificou o presidente como um inimigo confesso da democracia. Nas redes sociais, Eduardo respondeu escrevendo que tinha pena da cobra, animal usado durante a tortura.

4. Daniela Lima

A apresentadora da CNN Brasil Daniela Lima também foi chamada pelo presidente de "quadrúpede". Logo em seguida, Bolsonaro emenda sugerindo que Daniela, no passado, votou em "outra do mesmo gênero", também sem explicitar a quem se referia. "Afinal de contas, acho que não precisa dizer de quem ela foi eleitora no passado. De outra do mesmo gênero", afirmou.

5. Laurene Santos

O episódio aconteceu uma semana após ter gritado com uma jornalista da Rede Globo. Ao ser questionado pela jornalista Laurene Santos, da TV Vanguarda, filiada da Rede Globo, sobre o uso de máscaras durante a pandemia, ele chamou a imprensa de canalha e mandou a profissional calar a boca.

"Olha, eu chego como eu quiser, onde eu quiser, eu cuido da minha vida. Se você não quiser usar máscara, não use. Agora, tudo o que eu falei sobre covid, infelizmente, para vocês, deu certo", disse o presidente.

6. Thais Oyama

Em 2020, Bolsonaro se referiu à jornalista Thais Oyama como a "aquela japonesa" e disse também que "não sabe o que ela faz aqui no Brasil".

7. Constança Rezende

No ano em que assumiu a presidência, em 2019, Bolsonaro publicou em sua conta oficial no Twitter um relato mal traduzido de uma conversa com a jornalista Constança Rezende, na época no jornal O Estado de S. Paulo, sobre o caso Queiroz.

Na tradução equivocada, ele diz que a jornalista queria arruinar a vida de seu filho, o senador Flavio Bolsonaro (PL), e de querer seu impeachment "com chantagens".

8. Marina Dias

No mesmo ano, Bolsonaro referiu-se à repórter da "Folha" Marina Dias como "qualquer uma".

9. Sylvia Colombo

E não parou por aí. Em outra ocasião, no mesmo ano, ao ser questionado por Sylvia Colombo, da Folha de S. Paulo, sobre entrega de credenciais para uma mulher nomeada como embaixadora da Venezuela, e tentou constranger a repórter e mudar o foco das perguntas se dizendo "apaixonado por ela".

10. Isadora Peron

E em uma coletiva, ao ser questionado pela repórter Isadora Peron, do Valor Econômico, expressou vontade de chamá-la de feia.

11. Driele Veiga

Em 26 de abril, ele ofendeu a repórter Driele Veiga, da TV Aratu, afiliada local do SBT, quando ela pontuou que o presidente estava sendo criticado por ter posado para uma foto com o apresentador Sikêra Júnior, da RedeTV!, e uma placa onde estava escrito "CPF cancelado", que faz referência a pessoas que foram mortas. "Não tem o que perguntar, não? Deixa de ser idiota", respondeu o presidente. A repórter estava ao vivo no programa jornalístico local Que Venha o Povo.

(Com reportagem de Luisa Souto)