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"Cortei meu cabelo com a ajuda remota de um profissional. E adorei!"

Joanna Martini queria mudar de visual, mas não tinha coragem de ir a um salão: "Me senti feliz e empoderada com o resultado" - Joanna Martini
Joanna Martini queria mudar de visual, mas não tinha coragem de ir a um salão: "Me senti feliz e empoderada com o resultado" Imagem: Joanna Martini

Joanna Martini

em depoimento a Fernanda Morelli

14/12/2020 04h00

Após 8 meses de pandemia, meu cabelo estava pedindo socorro. O visual, já bem longo e sem corte, estava me deixando bastante incomodada. Sou professora e dou aula o dia inteiro por vídeo, então ficava me olhando e lembrando o tempo todo que precisava dar um jeito naquilo.

Eu não estava considerando sair de casa para cortar o cabelo, então comecei a pesquisar soluções na internet e encontrei a opção do telecorte. Era a primeira vez que lia esse termo e, na hora, pensei: que genial! Eu já tinha olhado diversos tutoriais de corte pra fazer em casa, mas ainda não tinha me sentido segura.

A diferença entre seguir um tutorial na internet e fazer um corte virtual é grande: no segundo caso, há um profissional do outro lado o tempo todo, acompanhando o processo e ensinando, ao vivo, o passo a passo do corte. Era o que eu precisava para me certificar de que eu não iria cometer um erro grave.

Eu já tive muitas experiências ruins em salões. Já saí muitas vezes com aquela sensação de arrependimento. O fato de o telecorte me permitir, de certa forma, um maior controle do resultado final me encheu de coragem.

Me identifiquei com o estilo do Alan de Abreu (do insta @viada_desfiada) e mandei uma mensagem para entender melhor como funcionava o serviço.

"A primeira vez que orientei um corte online foi antes da pandemia, quando uma cliente que estava em outro estado insistiu muito para que eu a ajudasse. Quando começou o isolamento, me reuni com algumas colegas e começamos a discutir sobre a possibilidade de divulgar oficialmente o serviço", me contou ele.

Os preparativos

Joanna - telecorte - chamada - Joanna Martini - Joanna Martini
O Alan me chamando para a nossa sessão de corte remoto
Imagem: Joanna Martini

A primeira coisa que ele me pediu foi uma foto de como eu estava e de como eu gostaria de ficar. Minha primeira escolha foi por um corte com o menor nível de complexidade possível. Mas ele me encorajou, dizendo que eu poderia escolher o estilo que eu quisesse. Depois de diversas trocas de mensagens, chegamos a um acordo que eu amei.

O segundo passo foi falar sobre o material que eu tinha em casa para realizar o corte. De cara, ele perguntou se eu tinha uma navalha. Ele explicou que a navalha é o que daria o efeito desconectado e moderno que eu buscava nas minhas referências. Encontrei por R$ 35 o modelo exato da ferramenta que ele havia sugerido. Agora estava pronta para colocar a mão na massa.

Ah! Além da navalha, ele tive que separar um borrifador de água e um pente com cabo fino, para dividir os fios.

Joanna - telecorte - ferramentas  - Joanna Martini - Joanna Martini
Material à postos, pronta para o meu primeiro telecorte
Imagem: Joanna Martini

O ideal seria que a minha bancada tivesse um espelho grande, com boa iluminação, internet pegando bem e um local que eu pudesse apoiar o celular bem em frente ao espelho. Mas eu só tinha como fazer no meu banheiro, em que não havia tanto espaço. Adaptei colocando o telefone ao lado do espelho, mas funcionou. Também foi importante usar um fone de ouvido para facilitar a comunicação na hora do corte.

Entre o dia que eu marquei até o dia do corte foi uma ansiedade só. Um misto de medo com vontade de experimentar logo aquela ideia. Meu maior receio era com a navalha, porque eu já tinha feito um corte com esse recurso e as pontas ficaram "espigadas". Mas o Alan me garantiu que usando corretamente não ficaria assim, e eu confiei. Aliás, confiança é tudo no telecorte.

O autocorte

Joanna - telecorte - dividindo com o pente  - Joanna Martini - Joanna Martini
Dividir bem o cabelo é essencial para o corte ficar certinho
Imagem: Joanna Martini
Joanna - telecorte - cortando com a navalha - Joanna Martini - Joanna Martini
Os primeiros momentos com a navalha foram bem tensos
Imagem: Joanna Martini

Chegou o grande dia. Nos conectamos por WhatsApp e ele começou a me orientar. Eu estava com o cabelo limpo e seco, penteado de maneira bem alinhadinha, conforme ele havia orientado. O primeiro passo foi dividir o cabelo ao meio e separar duas mechas, deixando uma de cada lado. Borrifei um pouco de água na primeira mecha para que a navalha pudesse deslizar melhor.

Alan perguntou sobre o comprimento que eu desejava e me orientou para que eu deixasse uns dois dedinhos abaixo. Era uma margem de segurança — se eu quisesse, poderia cortar mais depois. Eu, que tenho trauma de sair do salão com um cabelo bem mais curto que o pedido, adorei ouvir aquilo.

Na hora de usar a navalha eu dei uma recuada. Mas tomei coragem e, de repente, metade do cabelo já estava em minha mão. Depois desse primeiro susto, me senti mais confiante.

Durante todo o corte, o Alan foi os meus olhos. Foi engraçado porque eu consegui me distanciar totalmente do meu olhar e deixei ele me guiar. Acho que isso é essencial para o corte funcionar: é preciso confiar no profissional, assim como quando você se senta na cadeira e a tesoura está nas mãos dele. Com a diferença de que, nesse caso, é você quem tem o controle.

"A pessoa não pode esperar atingir a perfeição. Claro que o resultado vai ser diferente do de um corte feito por um profissional. Pode-se esperar um ótimo resultado, mas alinhar as expectativas e ter uma comunicação muito clara e transparente é fundamental para evitar frustrações", diz Alan.

Ajustes finos

Joanna - telecorte 2  - Joanna Martini - Joanna Martini
Ter um tripé ou conseguir colocar o celular na frente do espelho é o ideal, mas demos um jeito
Imagem: Joanna Martini

O Alan sugeriu que eu fizesse o corte em duas etapas. A ideia era observar o que ele chama de "aftercut", o tempo para se acostumar com o novo corte, ver como o cabelo se comporta nos dias seguintes e identificar possíveis falhas depois de lavar, secar e estilizar. Apesar da minha ansiedade para ver logo o resultado final, esse processo foi importante para eu me sentir segura com o novo comprimento. "As sessões demoram de uma hora e meia a quatro horas, pois é preciso fazer tudo muito devagar. As pessoas estão acostumadas a ver só o antes e depois, quando o durante é o mais importante", conta Alan.

Na segunda sessão do telecorte eu já me sentia quase uma profissional! Comecei com muito mais segurança e pronta para os ajustes finais. Foi muito legal sentir a experiência de novo, dessa vez livre do medo. Foi quando eu realmente curti meu momento "cabeleireira". Nunca pensei que pudesse conseguir um resultado tão incrível cortando meu próprio cabelo.

Dessa vez ele pediu que eu fizesse duas "maria chiquinhas" para facilitar na hora de segurar o cabelo e dar o acabamento. Então ele me orientou a puxar um pouquinho aqui, outro tanto ali, até ficar bem retinho para ele medir onde seria o novo corte. A navalha continuou sendo a ferramenta chave, só que dessa vez o processo foi mais cauteloso ainda (menos de tirar o comprimento e mais de dar o efeito de desfiado e movimento que eu queria).

Joanna - telecorte - depois 2  - Joanna Martini - Joanna Martini
Enfim, pronta, feliz - e de look novo em segurança!
Imagem: Joanna Martini

Acabamos o corte e o fim da sessão foi inteiro dedicado a como estilizar e arrumar o novo corte em casa. Me senti muito feliz e orgulhosa de mim mesma. Nunca imaginei que seria capaz de fazer um corte de que eu gostasse tanto. Durante todo o processo, tive muita liberdade para tirar dúvidas e questionar. Coisas pequenas, mas que fizeram toda a diferença para mim. Senti alívio de finalmente cortar o cabelo e alegria por eu mesma ter conseguido um resultado que eu amei. Pra mim foi como a sensação de entrar numa montanha-russa: dá aquele medinho na hora, mas depois que passa é tão legal que já dá vontade de ir de novo.

Ter confiança no profissional é essencial para o corte funcionar, assim como quando você se senta na cadeira e a tesoura está nas mãos dele. Com a diferença de que, nesse caso, é você quem tem o controle.

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