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Mãe de estrela de doc da Netflix morre quatro meses após suicídio da filha

Daisy inspirou a série "Audrie & Daisy", produzida pela produtora streaming em 2016 - Reprodução/Facebook
Daisy inspirou a série 'Audrie & Daisy', produzida pela produtora streaming em 2016 Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/12/2020 12h42

Melinda Coleman, de 58 anos, foi encontrada morta, ontem, nos EUA, quatro meses após sua filha, Daisy, se suicidar, aos 23 anos, em Colorado Springs. Daisy recebeu ameaças de morte e descobriu ser infértil por conta de um suposto caso de estupro que inspirou a obra da Netflix "Audrie & Daisy", de 2016.

A morte de Melinda foi informada por meio de post do Instagram @SafeBae - centro de apoio criado por Daisy a fim de ajudar vítimas de abuso sexual. Suspeita-se que a causa da morte de Melinda também seja por suicídio. Horas antes do ocorrido, a mulher de 58 anos fez alguns posts no Facebook relembrando a emoção sentida durante o nascimento de Daisy.

"Não há 'eu te amo' o suficiente que eu pudesse ter dito quando estava segurando seu corpo frio, quebrado, morto. Eu segurei você como um bebê de qualquer maneira, meu bebê. O bebê que eu segurei quando você veio pela primeira vez a este mundo. Sempre foi minha maior honra e alegria ser sua mãe e melhor amiga. Mamãe urso", lembrou Melinda.

A SafeBae também prestou sua homenagem: "Estamos em choque e descrentes para compartilhar com nossa família SafeBae, que perdemos Melinda Coleman para o suicídio esta noite. A tristeza sem fim de perder o marido, Tristan e Daisy era mais do que ela podia enfrentar na maioria dos dias", disse a conta do centro de apoio, que também prestou condolências a Logan e Charlie, os filhos de Melinda. "Nossos corações estão com Logan e Charlie. Não há palavras para nossa tristeza, apenas que, se você está lutando contra um trauma ou depressão, não está sozinho", encerrou.

Melinda ainda perdeu o marido antes do caso de estupro e teve a casa incendiada, em 2013, mesma época em que Daisy recebia ataques ofensivos das redes sociais. Em 2018, Melinda também perdeu o filho Tristan Ash Coleman, 19 anos, em acidente de trânsito.

Relembre o caso

Em 2016, a Netflix produziu o documentário "Audrie & Daisy", que abordava casos de violência sexual. A série ganhou repercussão nacional, acolheu pessoas que se sentiram representadas pela série, e deu força ao centro de apoio SafeBae, fundado por Daisy após diversas tentativas de suicídio. Em agosto de 2020, porém, Daisy descobriu sua infertilidade em decorrência do estupro sofrido há nove anos, e decidiu atirar em si mesma durante uma chamada de vídeo com o namorado.

O caso de estupro documentado pela vítima expôs os agressores envolvidos no caso. Matthew Barnett era amigo de Nick Groumoutis, que tinha ligações com Tristan Ash Coleman, irmão de Daisy. Segundo a vítima, ainda havia uma terceira pessoa no caso. Daisy foi chamada para uma festa na casa de Barnett. Lá, tomou um primeiro copo de bebida supostamente batizada, bebeu o segundo e depois não se lembrava "de mais nada", conforme depoimento da própria vítima. O caso foi levado aos tribunais.

Segundo o Daily Mail, as acusações de estupro contra Barnett foram retiradas, permanecendo apenas a acusação de sexo consensual com menor de idade, da qual o réu foi inocentado. Dias após o suicídio de Daisy, Melinda contou que sua filha sofria constantes ameaças de morte remetidas a um suposto perseguidor, que trocava de chip para entrar em contato com a jovem todas as vezes que era bloqueado. Segundo relatos, em seus últimos dias de vida, Daisy, com medo, mal saía de casa.

Centro de Valorização da Vida

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.