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Mães processam empresa nos EUA por demissão após tirar licença-maternidade

Deloitte oferece período maior de licença-maternidade, mas não explica que funcionária está, na verdade, abrindo mão do emprego - iStock
Deloitte oferece período maior de licença-maternidade, mas não explica que funcionária está, na verdade, abrindo mão do emprego Imagem: iStock

De Universa, em São Paulo

02/09/2020 12h41

Ex-funcionárias da Deloitte, companhia com sede nos Estados Unidos e que tem unidades em vários países, decidiram processar a empresa por terem sido demitidas após tirarem licença-maternidade.

De acordo com o site New York Law Journal, ao concordarem com a política da empresa para usarem o benefício, as mulheres "abrem mão de direitos importantes de retornar às suas posições", diz o advogado que representa o grupo, Michael Willemin.

A ação alega que, pela política da empresa, as funcionárias podem tirar até 16 semanas de licença-maternidade, mas ao usarem o total de dias, perdem o direito de reocupar seus cargos. Nos EUA, a lei garante um período de 12 semanas de afastamento para as mães.

"O que a Deloitte não anuncia para suas funcionárias ou por meio de sua equipe de relações públicas é que sua 'disposição' de conceder 16 semanas de licença-maternidade traz um grande problema", afirma Willemin.

"Ou seja, a Deloitte implementou e aplica a seguinte política: qualquer pessoa que realmente tire as 16 semanas de licença oferecidas pela Deloitte perde o direito de realmente retornar ao seu cargo anterior ou a qualquer trabalho na Deloitte", disse ele.

Representantes da Deloitte não responderam imediatamente a um pedido de comentário feito pelo site.

"Quando as mulheres realmente tiram proveito da licença concedida pela Deloitte, elas, na verdade, abrem mão de direitos importantes para retornar ao seu cargo ou pelo menos a um cargo semelhante. O que é pior, a Deloitte nem mesmo diz às mulheres que elas abrirão mão do direito de retornar ao cargo, se aproveitarem ao máximo a licença oferecida", critica Willemin.

A ação foi protocolada em benefício de Saxon Knight, uma ex-analista recrutada pela empresa em 2016, no Reino Unido, e que depois se juntou à equipe norte-americana.

Knight trabalhou até maio de 2019 como gerente sênior, quando saiu de licença-maternidade após o parto de seu segundo filho. Ela diz que, ao retornar, em novembro de 2019, "ficou rapidamente claro" que não seria reintegrada a sua posição anterior e que meses se passaram para que ela pudesse identificar qual era sua nova função na empresa.

Suas atividades foram reduzidas, com retorno mínimo sobre seu desempenho, até sua demissão, em julho de 2020, quando ela apresentou preocupações sobre preconceito, por meio de um canal de reclamações da empresa sobre problemas com integridade no ambiente de trabalho.