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Aos 23, empresária cresce 70% ao ano e dá dicas para quem quer empreender

Letícia Vaz, que começou a empreender ainda adolescente - Divulgação
Letícia Vaz, que começou a empreender ainda adolescente Imagem: Divulgação

Lika Almeida

Colaboração para Universa

10/08/2020 04h00Atualizada em 11/08/2020 12h10

Realizar os desejos e pedidos das mais de 300 mil seguidoras no Instagram e fazer delas o centro de toda sua empresa. Foi com essa filosofia em mente que Letícia Vaz começou seu negócio, a LV Store, e o mantém em crescimento até hoje, cinco anos depois.

A ideia nasceu enquanto cursava a faculdade de jornalismo e ajudava as amigas que sempre pediam dicas de onde comprar roupas e como combinar peças. Letícia identificou nesses pedidos uma oportunidade de ganhar seu próprio dinheiro e pagar estudos em São Paulo.

Com o investimento inicial de R$ 500 fornecidos pelo pai, Letícia tinha uma estratégia clara: dobrar seu lucro sobre as peças e sempre guardar o que ganhava para poder reinvestir: tudo o que sobrava era usado para comprar mais peças. Seu primeiro pulo do gato foi quando desenhou e costurou, por conta própria, um modelo cropped muito usado por famosas no mundo todo.

"Eu procurei por aquela peça em todas as lojas possíveis e imagináveis e não encontrei. Então decidi que faria uma para mim", conta ela, que cresceu junto com confecção da mãe em Bragança Paulista, no interior do estado. "Depois que postei no Instagram, choveram pedidos e, além de revender roupas, senti a necessidade de começar a fabricá-las. Foi aí que tudo mudou", conta ela, que conciliou a vida de estudante, estagiária e micro-empresária durante dois anos, até que o sucesso de sua marca, LV Store, foi tão grande que a obrigou escolher um caminho.

Aos 18 anos, a empresária investiu R$ 20 mil para montar sua própria fábrica, usando apenas o lucro com o próprio negócio, sem a necessidade de financiamentos ou empréstimos. Ela concentrou o negócio em um site, na loja VirtUOL, e viu as vendas aumentarem 40% com a mudança. Ela diz que o consumidor, ao sentir confiança na compra, acabava comprando mais.

Modelo das próprias peças

Desde 2015, a empresa tem crescido no mínimo 70% ao ano —e mantém a previsão mesmo durante a pandemia. A oferta de produtos passou de seis peças lá no início, para centenas de modelos —que hoje incluem também moda praia e calçados. Apesar da expansão, Letícia mantém uma estratégia ligada ao DNA do seu negócio desde a origem: ser a própria modelo de suas peças, centralizando em sua imagem o sucesso do negócio. Em uma das coleções, ela escolheu Miami como cenário para as fotos.

caixas - Divulgação - Divulgação
Letícia Vaz, da LV Store, com as caixas para entrega durante a pandemia
Imagem: Divulgação

Agora, aos 23 anos, ela continua querendo crescer, mas com cuidado. "Procuro dar sempre um passo de cada vez. Comecei com duas máquinas em uma salinha e fomos crescendo conforme o dinheiro foi entrando. Hoje já somos 30 funcionários", explica.

"No início eu contava com minha cara de pau para entrar em todos os grupos e redes sociais da faculdade e divulgar meu trabalho, já que não tinha dinheiro para marketing. O boca a boca deu certo", diz ela. Além das vendas online, Leticia criou um espaço para dar consultoria de estilo às suas clientes. Oferecendo sugestões de looks para eventos e festas, viu seu faturamento triplicar e o número de acessos ao e-commerce explodir.

Chamada de Match Perfeito, a ferramenta dá cinco opções para combinações, usando a mesma peça de roupa, que podem ser compradas juntas e com 10% de desconto. Além disso, no final de cada página, os compradores podem opinar sobre os produtos, dar notas, postar fotos pessoais e até tirar dúvidas de quem ainda não comprou. Tudo para melhorar o atendimento e a insatisfação, fidelizando ainda mais a cliente. Com isso, o site recebe 1 milhão de acessos mensais, sendo cerca de 100 mil usuários ativos por mês.

Para ela, o processo mais difícil de sua caminhada foi a pressão psicológica. "Comecei cortando as peças, embalava, levava no correio, desenhava, com isso, dormia três horas por dia. Tive que lidar com muitos conflitos internos e eu não tinha maturidade suficiente. Tudo de negativo que acontecia, eu ficava mal, me cobrava demais. Tive que entender que para lidar com pessoas, tenho que ser flexível. Era muita responsabilidade para alguém com 18 anos. Decidi, então, fazer terapia", explica.

Com toda essa expertise, sem esquecer das pedras que encontrou pelo caminho, hoje a proprietária da LV Store dá dicas e passa seu conhecimento para quem está ingressando na área.

"Quando eu comecei, não foi fácil, muito por causa do formato do e-commerce. Havia pouca informação sobre marketing digital e linguagem de programação. Hoje, muitos me perguntam sobre o backstage da empresa, como rodam as engrenagens, e eu tenho prazer em compartilhar o que sei", explica.

Entre palestras e postagens no blog da marca, ela está lançando um canal no YouTube com mesmo nome da marca e posta vídeos novos todos os domingos sobre empreendedorismo. "É importante a gente sempre saber que a moda é o segundo setor que mais explora a mão de obra no mundo, eu quero mostrar que dá para trabalhar sem exploração e tirar a ideia do backstage sombrio do setor", conta.

Para contar sobre sua trajetória e como continuou alcançando lucros mesmo durante a quarentena, ela estará presente no bate-papo que vai acontecer no Instagram do UOL Meu Negócio, nesta segunda, às 18h. "É muito legal ser reconhecida e poder passar meu conhecimento para as pessoas. Para mim é muito gratificante ter a possibilidade de ajudar o outro e poder agregar. Se eu tivesse visto conteúdos como esse há cinco anos, teria errado menos com certeza."