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Youtuber acusa app de táxi por racismo e homofobia: "Combo de preconceitos"

Spartakus Santiago, de 25 anos - Reprodução/Instagram
Spartakus Santiago, de 25 anos Imagem: Reprodução/Instagram

Mariana Gonzalez

Da Universa

21/05/2019 17h05

Resumo da notícia

  • Um motorista da 99 teria cancelado a corrida e se recusado a levar Spartakus Santiago, que é negro e gay, até sua casa, na zona norte do RJ
  • Um vídeo publicado no Instagram do youtuber mostra o homem sendo agressivo, dando um tapa na câmera e usando a palavra "viado" para ofendê-lo
  • Em nota, a 99 informou que baniu o agressor da plataforma e que é contra qualquer tipo de preconceito

O youtuber e apresentador Spartakus Santiago, de 25 anos, usou o Instagram para denunciar um motorista da empresa de transportes 99 que teria recusado sua corrida do Aeroporto Santos Dummond até o Andaraí, na zona norte do Rio de Janeiro, depois de ver sua foto e o destino.

Na segunda-feira (20), ele publicou a placa do carro e um vídeo que mostra as agressões do motorista, que desceu do carro, deu um tapa na mão que segurava a câmera e usou a palavra "viado" para ofendê-lo.

"Foi um combo de preconceitos" disse, à Universa. "Se eu fosse um cara branco com certeza o cara ia me servir com educação, isso é racismo. É classismo porque ele se negou a me levar para a zona norte e não teria a mesma postura se eu fosse para Ipanema, por exemplo. E é homofobia porque na hora que ficou agressivo, ele resolveu me ofender me chamando de viado, porque viu que eu estava de brinco".

Tudo começou no domingo (19), quando Spartakus chegou de Porto Alegre com dois amigos negros e tentou pedir um táxi para deixar o aeroporto. O grupo teve cinco corridas canceladas por motoristas da 99 antes que este, que aparece no vídeo, aceitasse.

"Ele me viu chegando perto do carro, cancelou a corrida e negou que era o motorista que constava no aplicativo. Insisti, mostrando o celular com a minha foto e a placa do carro, mas ele continuou se recusando a nos levar". relata. "Quando ele disse que não era obrigado a me levar a lugar nenhum, saquei o celular, fotografei a placa do carro e comecei a filmar".

O youtuber disse ainda que, antes de começar a registrar tudo, o motorista teria dito que não o levaria porque o destino fica em uma "área de risco". "Fico imaginando quem mora em favela o que passa [com aplicativos de transporte]", diz.

Essa não é a primeira vez que Spartakus, que é negro, gay e vive em um bairro carioca de periferia, passou por essa situação com a 99.

Ele conta que, em abril, um outro motorista da mesma empresa se recusou a transportá-lo do Copacabana Palace para casa e deixou o local sem dar explicações. Na época, o youtuber chegou a denunciar o caso nas redes sociais, mas não tinha registros do ocorrido.

"Não me sinto seguro", diz. "Nós que somos minoria temos que andar com o celular sempre carregado, filmando e denunciando tudo. Só assim as pessoas acreditam na gente".

Ele conta que, na ocasião, chegou a entrar em contato com a 99 para denunciar o motorista e esclarecer os fatos. Em resposta, a 99 teria orientado Spartakus a fazer um boletim de ocorrência, mas não disse se tomaria alguma providência.

O outro lado

Na segunda-feira (20), a 99 publicou uma nota de esclarecimento no Instagram, dizendo que "baniu imediatamente" o motorista denunciado por Spartakus e que repudia qualquer forma de preconceito -- "isso não quer dizer que eu me sinto seguro para pegar o táxi deles novamente", lamenta o youtuber.

"Mobilizamos nossas equipes internas para dar todo o suporte, além de buscar iniciativas emergenciais para combater esse tipo de atitude", diz a empresa, no texto.

Em nota enviada por e-mail à Universa, a 99 classifica a denúncia de Spartakus como "grave" e disse que está aberta a colaborar com as autoridades.

A empresa reforçou, ainda, que baniu não só o motorista que agrediu o youtuber, mas também o envolvido na primeira denúncia feita por Spartakus, em abril.

"O aplicativo orienta que as vítimas façam Boletim de Ocorrência para que a companhia possa acompanhar a denúncia enquanto as autoridades realizam a investigação. A 99 está trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana, para prevenir esse tipo de caso, com orientações aos nossos usuários -- passageiros e condutores -- para que tenham uma postura de respeito e gentileza com todos", diz o texto.

Por fim, deixou claro, por meio da assessoria de imprensa, que pratica ações preventivas como rodas de bate-papo com os motoristas, parceria com movimentos feministas e canal de atendimento exclusivo para segurança dos passageiros, disponível 24 horas no número gratuito 0800-888-8999.