Feministas podem ter rivais mulheres? Briga em "A Fazenda" levanta dúvida
Nadja Pessoa tem se firmado como uma das figuras mais controversas do reality “A Fazenda”. Tanto que já se desentendeu com muitos dos confinados. Durante uma dessas brigas, a participante Gabi Prado se exaltou de tal maneira que chegou a quebrar um prato enquanto trocava ofensas com a empresária.
Depois de acusar a modelo de ser uma “patricinha”, Nadja fez questão de dizer que a jovem não é feminista, como se intitula, uma vez que “vai na onda” dos rapazes da casa. Em resposta, Gabi afirmou que toma as atitudes por conta própria. Chamando a esposa do cantor D’Black de “burra” repetidas vezes, garantiu que não é por ser feminista que é "obrigada a gostar de todas as mulheres". Afinal, quem está com a razão?
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Confusão generalizada
Na visão de Sabrina Souli, psicanalista especialista em linguagem do corpo e mediadora de círculos femininos, é necessário entender do que se trata o movimento antes de refletir sobre a questão. “O feminismo tem como base a luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres”, explica. Dentro dele, está presente o conceito “sororidade”. “Trata-se da empatia e do companheirismo praticado entre as pessoas do gênero feminino”, aponta.
De acordo com Sabrina, ele surge como um contraponto à “rivalidade feminina”, que parte do pressuposto da competição. “Na lógica do pensamento competitivo, uma das pessoas envolvidas sempre acredita ser melhor do que a outra”, diz. Já na lógica da sororidade, as mulheres reconhecem nas outras dificuldades e dores pelas quais já passaram (ou poderiam ter passado) em decorrência do seu gênero – e a partir disso se solidarizaram. Desta maneira, fortalecem a luta das demais.
Afinal, gostar de outra mulher é uma obrigação?
“Como a própria participante disse, não se trata de uma obrigação”, adianta a psicanalista. No entanto, ao se identificar publicamente com a ideologia do movimento, é possível que a pessoa passe a sofrer mais cobranças sociais com relação à sua postura, em especial se estiver sob os holofotes, como é o caso da modelo.
Por exemplo: ao final da discussão com Nadja, Gabi Prado dirigiu a ela o xingamento de “canhão”, palavra usada como sinônimo de “feia”. Na opinião da especialista, a ofensa é incoerente com o discurso feminista porque coloca em cheque os atributos físicos de outra mulher – quando, na verdade, um dos intuitos do feminismo é a valorização dos diferentes tipos de corpos e a percepção de que beleza não precisa seguir um padrão.
Diferente de amizade
A profissional faz um adendo: o de que a proximidade entre mulheres proposta pelo feminismo não implica necessariamente em uma amizade (ou em que as partes envolvidas tenham intimidade uma com a outra), uma vez que esses fatores variam de acordo com a compatibilidade entre as personalidades.
“Ela parte, porém, dos princípios do respeito mútuo e da igualdade e se manifesta de acordo com as situações sociais”, completa. No caso de Nadja e Gabi, ambas são participantes de um programa e estão vivendo na mesma casa – mas as relações poderiam ser familiares ou de trabalho (e se limitarem a esses espaços), por exemplo.
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