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Mulheres que casaram virgens falam sobre frustração e descoberta do prazer

A professora Quézia Mendes namorou por dois anos antes de se casar - Acervo pessoal
A professora Quézia Mendes namorou por dois anos antes de se casar Imagem: Acervo pessoal

Letícia Rós e Beatriz Santos

Colaboração para Universa

04/10/2018 04h00

Quem decide transar logo no início do relacionamento tende a acreditar que o sexo após o casamento é uma armadilha, você pode não gostar do desempenho do parceiro na cama e ficar infeliz na relação. Mas, de acordo com os depoimentos que verá a seguir, a satisfação sexual tem mais a ver com conversa e parceria do que com anos de experiência.

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“A relação sexual, quando aconteceu, foi boa desde o primeiro momento”

“Eu me casei virgem aos 27 anos. Quando conheci meu marido, já tinha isso decidido na minha cabeça, porque sempre acreditei que sexo é algo muito lindo e especial para ser feito com uma pessoa com quem você não tem uma relação de total afinidade, alguém que não valesse a pena. E, de certa forma, foi uma maneira de eu conhecer mais o homem e saber se pensava como eu. Para ele ser capaz de esperar, tem que acreditar que sexo não sustenta um relacionamento, uma crença que sempre tive. Namorei várias pessoas até encontrar meu marido. E nunca quis casar apressada, apenas quando estivesse preparada para isso. O sexo viria junto com essa escolha. Namoramos por dois anos. E a relação sexual, quando aconteceu, foi boa desde o primeiro momento. Mas é porque sempre houve muita conversa sobre sexo entre a gente. Esse medo de não gostar depois do casamento cai por terra, quando há diálogo. Quando fiquei noiva, comecei a ler livros sobre sexualidade. Um deles foi o ‘Entre Lençóis’, do Kevin Leman, que é basicamente um manual bem-humorado sobre sexo. Explica detalhadamente tudo que uma pessoa inexperiente no assunto precisa saber e detalha o corpo masculino e feminino. Foi muito bom para mim, abriu minha mente e me tirou muitas dúvidas. Uma coisa que temos aprendido é que sexo começa no primeiro ‘bom dia’. Sempre conversamos se está sendo bom o sexo para o outro e o que poderia melhorar. Também procuramos usar a criatividade, experimentar novas posições, por exemplo, para descobrir o que nos satisfaz.” Quézia Mendes, 30, professora

“O sexo começou a ficar prazeroso depois de uns cinco meses de casados”

“Namoramos por três anos e estamos casados há dois. A escolha de nos casarmos virgens foi por conta da religião. Somos cristãos. Eu me casei aos 18 anos e, antes dele, não tinha namorado firme. Quando a relação começou a ficar séria, eu fiquei bem assustada com a ideia de transar, que era algo novo para mim. Sexo na minha cabeça era algo que doía, machucava, sangrava, porque era isso eu ouvia das amigas que tinham perdido a virgindade antes de mim. Então, eu cheguei na nossa primeira vez cheia de expectativas, o que nunca é bom. Aconteceu um dia depois da nossa festa de casamento, porque no dia estávamos muito cansados. E pelo fato de eu estar com medo, apreensiva e tensa, não foi bom ou prazeroso. Doeu, embora não tenha sangrado. E continuou doendo algumas vezes depois. Mas a nossa falta de experiência foi compensada pelo diálogo. Desde o namoro já conversávamos sobre sexo, falávamos sobre nossas expectativas, o que gostávamos ou não. Com muita paciência e conversa, a coisa foi fluindo. Eu dizia o que achava que ele deveria melhorar e ele fazia o mesmo comigo. Nunca entramos em brigas ou sérias discussões por conta do sexo, sempre fomos muito pacientes um com o outro. O sexo começou mesmo a ficar prazeroso depois de uns cinco meses de casados. Hoje em dia, nos damos muito bem na cama, porque há parceria.” Crislaine  Thayrla, 20, youtuber

“Não estou satisfeita com o sexo no meu casamento”

“Meu marido, com quem estou há sete anos, também foi o meu primeiro namorado. Eu me casei sem nunca ter me relacionado com outra pessoa, além de não ter tido relações antes do casamento. E, quando aconteceu, não foi das melhores. Foi na lua de mel, estávamos nervosos pelo tão esperado momento. Nós dois éramos virgens. Começou a pegação e, na hora do ato, ele falhou. Tentamos novamente na noite seguinte, mas eu fiquei mais nervosa dessa vez, e não rolou novamente. A terceira tentativa aconteceu na nossa última noite de viagem, quando nós dois estávamos bem mais relaxados. Aconteceu, mas não durou mais do que dois minutos. Não cheguei nem perto de sentir prazer e ele demonstrou não se importar muito. Desde então, o sexo, na maioria das vezes, pende só para um lado: o dele. Não estou satisfeita com o sexo no meu casamento. A ejaculação precoce permanece e ele não procura um médico, por tabu, mesmo. Como somos uma família da igreja, tem certa limitação sobre fazer sexo por prazer, o que também me deixa com receio de conversar sobre com ele. Embora ele seja companheiro em tudo na vida, ele não é no sexo. Nunca tentamos investir no sexo como prazer –nesses sete anos, eu não me lembro de ele fazer sexo oral em mim. E eu também não faço, porque ele já chega lá muito rápido. Sinto que poderia ter mais coisas no sexo que não tentamos, mas tenho medo de pedir também, para ele não se sentir mal. Se tivéssemos feito sexo antes do casamento, talvez a situação fosse diferente. Mas não sei se voltaria atrás.” Priscila*, 33, desempregada

*O sobrenome foi omitido a pedido da entrevistada