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Solimões: "Ouvir do meu filho que ele é gay me tirou um peso das costas"

Solimões com os filhos, Carol e Gabriel - Reprodução/Instagram
Solimões com os filhos, Carol e Gabriel Imagem: Reprodução/Instagram

Amanda Serra

Da Universa

04/07/2018 18h32

O apoio e carinho do cantor Luiz Felizardo, o Solimões, 56, ao filho Gabriel, 20, nas redes sociais tem encantado os fãs - diariamente ele comenta com um "Deus abençoe" as imagens do garoto com o namorado. Mas o que poucos sabem é que a primeira pessoa na família que soube sobre a homossexualidade do estudante de cinema foi o próprio pai, que recebeu a "notícia" como uma confirmação daquilo que ele sempre soube. A mãe e a irmã, Caroline, 26, só souberam dois meses depois. 

"Saber da boca do meu filho que ele é gay tirou um peso das minhas costas. Porque não queria que ele se mudasse para São Paulo (a família mora em Franca, interior de SP) sem me contar algo que sempre soube. Não queria que tivesse uma barreira entre nós, que isso impedisse a gente de conversar abertamente. Quero viver em paz e não viveria se houvesse uma barreira entre o meu filho e eu. Nem eu imaginava que ia saber lidar tão bem com isso. Estou feliz pelo Gabriel", declarou o cantor em entrevista à Universa.

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"Ser gay não é incômodo para ninguém, não muda nada. O importante é ter caráter e ser humilde. O homossexual é uma pessoa normal como qualquer outra. Para mim não tem nada de errado. Trato o Gabriel como o meu filho, independente dele ser gay ou não", afirmou Solimões, que diz não ter temido o que os fãs poderiam pensar.

"Não tenho medo de nada. As coisas são como são e não podemos ter medo do preconceito. A vida é muito curta para termos mágoas dos outros, para não vivermos numa boa", completou o músico.

Ainda "assustado" com a repercussão de sua relação com o pai nas mídias, Gabriel alerta que isso não deveria ser assunto, mas como a homofobia ainda é grande o choque acaba sendo inerente. "As pessoas estão elogiando e enaltecendo algo que deveria ser normal. Estão elogiando a postura do meu pai porque, infelizmente, não tratam a homossexualidade com algo comum. Por que um gay afeminado como eu não poderia ser filho de um sertanejo raiz? Deveríamos ter esse apoio todos os dias, com todos", afirmou o jovem à reportagem.

Aceitação

Gabriel Felizardo, filho do sertanejo Solimões - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Gabriel Felizardo
Imagem: Reprodução/Instagram

A conversa entre pai e filho ocorreu quando o jovem tinha 16 anos e partiu de Solimões a iniciativa de romper barreiras com o caçula e garantir que ele teria apoio. 

"Marquei um jantar na casa dele [os pais são separados] e quando estava indo embora, já no carro, ele perguntou: 'você tem algo para me falar?' Aí respondi: 'pai, sou gay'. Ficamos em silêncio por alguns minutos, mas logo em seguida ele disse que já sabia e que isso não mudaria em nada nossa relação porque eu continuava sendo filho dele", lembra o jovem. 

Sou uma pessoa muito bem resolvida e não consigo nem imaginar como minha vida seria se o meu pai não tivesse me aceitado, minha mãe, irmã. 

O músico ainda garantiu que isso traria mais aproximação para eles, já que o estudante não precisaria esconder nada do pai e ele também teria liberdade para falar sobre o assunto. Que foi o que aconteceu. "Sempre soube que era um garoto gay, mas me retraía. Até eu me aceitar sempre fui uma pessoa tímida, calada. E fiquei muito emocionado, chorei. Esse apoio é importante para que as pessoas vejam que é preciso respeitar os gays, as lésbicas, os transgêneros. Hoje, não temos medo de falar sobre nenhum assunto."

Respeita as poc!

Ofendido muitas vezes pela baixa estatura, Solimões aprendeu como lidar com os haters antes mesmo deles serem chamados assim. Por isso, aconselhou o filho a usar os comentários maldosos que possam surgir ao seu favor. E ele mesmo faz questão de falar sobre a orientação sexual do garoto. "Quando saímos juntos e alguém pergunta: 'Gabriel, cadê as namoradas?' Meu pai é o primeiro a dizer que sou gay."

Gabriel reconhece sua posição de privilégio diante da homofobia, inclusive, no ciclo familiar -- sim, isso existe no Brasil. "Já percebi que não sofro tantos ataques por ser filho dele. Sei que o tratamento que recebo é diferente do que um gay da periferia recebe. Existem outros gays na minha família e eles não são tão bem aceitos como sou. E acho isso bem zoado, me incomoda porque não é justo."

Para tentar remediar isso, o futuro cineasta vem produzindo documentários (ainda amadores) sobre diversidade com intuito de dar voz para quem não tem. "Quero que todos tenham visibilidade. Quero que os pais olhem seus filhos como pessoas independentemente dos trejeitos. Que não se preocupem com os trejeitos, se sua filha irá se relacionar com homem ou mulher. Isso é só mais um detalhe. O caráter é o mais importante."

“DEUSABENÇÔE”

Há 10 meses, o estudante namora com Well que foi superbem recebido pela família do namorado. "Passamos o último Natal com todos em Franca e meu pai fez questão de me preparar para possíveis comentários - 'talvez alguns se incomodem com vocês, mas não ligue'. Mas foi tranquilo, todos receberam ele bem." O casal se conheceu pelo Instagram.