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Sites de swing viram redes sociais: sexo explícito pede likes e comentários

Depois de um relacionamento abusivo, publicar as fotos sensuais ajuda Lolla a se sentir bem - Reprodução/ Sexlog
Depois de um relacionamento abusivo, publicar as fotos sensuais ajuda Lolla a se sentir bem Imagem: Reprodução/ Sexlog

Helena Bertho

da Universa

03/05/2018 17h45

Se você acha que rede social é sinônimo apenas de Facebook, Instagram e Twitter, e que compartilhar intimidade é fazer Stories engraçadinhos, conheça aqui as redes sociais de sexo. Sim, elas existem e conectam pessoas que têm tesão em expôr sexo, desejos e fantasias por meio de selfies e vídeos. E aí, vale tudo: lives da hora H, fotos dos genitais, vídeos de festinhas...

Esses sites, caso dos brasileiros Sexlog, D4 Swing e CRS - No Fake, surgiram originalmente para facilitar encontros reais entre swingueiros e pessoas a fim de outras fantasias sexuais. Mas, com o tempo, se transformaram em versões sexuais das redes sociais com publicações, likes, comentários, lives e conversas que, muitas vezes, nunca saem do virtual.

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Lolla*, uma analista de suporte de 22 anos, entrou em um desses sites há quatro, com o namorado da época. Eles buscavam experiências sexuais a três. O relacionamento acabou, o perfil de casal foi deletado, mas ela continuou ativa na rede. Hoje, gosta de postar fotos suas de lingerie. "Uso para receber elogios e comentários; não para encontros". Lolla começou a namorar no ano passado, e o namorado não se incomoda com a essa exposição.

A atendente faz parte de um grupo expressivo de exibidos virtuais: só o Sexlog tem 6 milhões de usuários cadastrados, sendo que 260 mil deles são ativos diariamente; já o D4 Swing tem meio milhão, enquanto o CRS - no Fake conta com 18 mil. Esta rede, diferente das outras, é apenas para "convidados"; ou seja, os usuários precisam ser chamados por outros participantes e ter sua identidade aprovada pela equipe do site. "O CRS tem empresários e até figurões da política", diz a representante comercial Gatinha Manhosa*, de 39 anos, usuária desta rede.

Da sedução ao sexo explícito

Ao acessar o Sexlog, logo na página inicial é possível encontrar fotos e vídeos bastante explícitos; especialmente, de mulheres. Parece até que elas dominam a rede, mas não é bem assim. Apesar de serem as mais ativas, não são a maioria: 53% dos usuários são homens, 39,6% são casais e só 7,4% são mulheres. No CRS, 80% são casais, 14%, homens e apenas 6%, mulheres. 

Mas elas gostam de ver a audiência. Fofinha*, de 26 anos, explica: "Entrei por curiosidade e acabei virando exibicionista. Adoro ver os comentários. Fico viajando sozinha e dá muito tesão". 

Fofinha posta fotos de seu bumbum em lingeries de duas a três vezes por semana. "Já tive fotos roubadas e compartilhadas no WhatsApp. Você acha? Esse bumbum é meu; ninguém rouba!".

Outra participante, Vennus*, de 39 anos, tem um perfil mais direto ao ponto: transmissões ao vivo de suas transas, fotos tiradas durante o sexo e imagens em que ela mostra todo o corpo, inclusive a vagina.

"Tem muita gente que curte as mais escrachadas", conta Vennus. Suas postagens chegam a 400 curtidas e ganham dezenas de comentários. 

"No Facebook sou a mãe de família; aqui, a devassa"

Depois de sair de um relacionamento abusivo, em que era colocada para baixo, Lolla viu nessas redes sociais a possibilidade de retomada da autoestima.

Já para Fofinha, o perfil sexual online é uma versão diferente de si, que encontrou espaço na internet. "No Facebook, sou a menina, a mãe de família. No Sexlog sou a devassa que não presta. É um outro lado meu". 

Lolla gosta de publicar fotos sensuais para receber elogios e melhorar a autoestima - Reprodução/ Sexlog - Reprodução/ Sexlog
Imagem: Reprodução/ Sexlog
Mostrar o rosto todo, jamais

Mas é claro que, sendo sexo o assunto, nem tudo é simples. Apesar da relativa superexposição nas redes, nenhuma das entrevistadas dessa reportagem mostra o rosto nas fotos ou nos vídeos. "Meus pais são conservadores, nunca entenderiam", explica Lolla.

Para Fofinha, os comentários feitos por pessoas que ela conhece - mas que não sabem se tratar dela - são o principal motivo para a manutenção de uma identidade secreta. O outro é a segurança. "Tenho um filho, preciso pensar nele também".

Ela também teme o assédio, já que recebe dezenas de mensagens de homens. "Vão muito direto ao ponto. Eu não sou um objeto que está numa prateleira, que eles vão lá, comem e pronto", diz Fofinha, que arremata: "o fetiche do exibicionismo já é estímulo suficiente para minha satisfação".

* Para preservar as identidades das entrevistadas, os nomes usados aqui são os de seus perfis nas redes sociais