"Jesus não era machista", diz blogueira evangélica de moda e beleza
Apaixonada por moda e beleza, a gaúcha Mariana Simionato, 29 anos, resolveu reunir em um blog seu conhecimento como jornalista de moda e consultora de imagem. Seria mais uma blogueira a tratar desses temas não fosse o fato de misturar a eles dois outros: fé e Deus.
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“Percebi que as mulheres estavam lindas por fora e morrendo por dentro. Elas vinham para as minhas palestras de moda, mas acabavam compartilhando comigo suas histórias pessoais”, diz ela, explicando a razão de falar sobre assuntos aparentemente distantes.
Mari, que é da cidade de Bom Retiro do Sul, concilia a atuação como blogueira com o trabalho na Jocum de Los Angeles, nos Estados Unidos, onde mora desde dezembro. A organização treina pessoas de várias vertentes evangélicas para enviá-las a missões humanitárias pelo mundo.
Com mais de 45 mil seguidores nas redes sociais, ela também já falou em seus canais o que pensa sobre Jesus ser considerado machista. “É um grande equívoco. Ele sempre lutou pelas mulheres e pelos homens, sem desmerecer o papel de cada um”, fala.
UOL: De onde veio a ideia de reunir no blog moda, beleza e temas religiosos?
Mar Siminionato: Fui para a China, em 2011, trabalhar com mulheres resgatadas da prostituição e meninas abandonadas em orfanatos clandestinos, por causa da lei do Filho Único. Lá recebi o chamado de Deus para trabalhar com mulheres. Voltei ao Brasil e decidi fazer um blog contando minhas experiências. Fiz isso unindo histórias, moda, dicas de beleza etc. Por causa dele, comecei a ser convidada a dar palestras sobre moda. As mulheres que vinham acabavam compartilhando comigo histórias pessoais. Falavam sobre problemas no casamento, de autoestima... Percebi que estavam lindas por fora e morrendo por dentro. Foi assim que passei a ver que a moda era apenas uma ponte, pois o que mais importa é o interior. Passei, então, a compartilhar a minha fé por meio de vídeos. Quem me segue sabe que sou cristã. Não é algo que separo, é parte de mim.
UOL: O seu público é composto apenas por evangélicos?
Mari: Acho que é um misto. As pessoas não me seguem por ser evangélica. Elas me seguem porque falo de moda, beleza e de fé, independentemente da escolha religiosa. Percebo isso pelos comentários e mensagens que recebo. Nunca digo que elas devem ir para essa ou aquela igreja, mas as incentivo a desenvolverem um relacionamento profundo com Deus.
UOL: Em geral, as pessoas pensam que há muitas restrições sobre o que a mulher evangélica pode ou não usar. Isso é verdade?
Mari: Creio que há muita falta de conhecimento de quem não frequenta igreja, pois rotulam os cristãos muito facilmente. Há diferentes linhas de pensamento dentro da comunidade cristã e acredito, sim, que todas podem ter um visual bonito, moderno e que respeite aquilo que a pessoa acredita. A moda é muito democrática e nos dá diversas possibilidades. Respeito todas as linhas de pensamento. Compartilho aquilo que gosto. De acordo com as dicas que dou, as leitoras adaptam para sua realidade, personalidade e doutrina religiosa.
UOL: A sua linha tem alguma restrição?
Mari: Aqui nos Estados Unidos, frequento a igreja Church Home, que não tem nenhuma restrição de vestimenta.
UOL: Em seu canal no YouTube há um vídeo cujo título é “Jesus não é machista”. Por que resolveu fazer essa defesa?
Mari: Há muita coisa na internet que diz que Jesus era machista, e as leitoras passaram a me pedir para falar sobre. É um grande equívoco achar que Jesus era machista. Ao estudar história e também a Bíblia, o que se vê é justamente o oposto. Um exemplo. Na época de Jesus, o testemunho de uma mulher não tinha valor nenhum. Se uma mulher visse algo, ela não poderia testemunhar porque sua palavra não tinha credibilidade. Quando Jesus ressuscitou, a primeira pessoa para quem ele apareceu foi Maria. E ele disse que ela deveria contar o que viu, o que ela fez. Depois disso, ele apareceu para os discípulos, mostrando que, sim, a palavra de uma mulher tem valor. Poderia contar várias histórias nas quais Jesus deu valor a mulher, em uma sociedade na qual ela era vista com inferioridade.
UOL: É possível ser feminista e evangélica?
Mari: Na minha opinião, não. Sempre digo ou você não conhece a Bíblia ou não conhece o movimento feminista.
UOL: Por favor, explique.
Mari: O feminismo é um movimento político de lutas de classe, que defende mulheres que pensam como elas. Elas têm agendas. E a agenda feminista não pensa igual ao cristianismo em várias formas. Não vejo o feminismo como um movimento que luta pelas mulheres. Ele luta por aquelas que seguem a agenda do movimento.
UOL: O que pensa sobre a descriminalização do aborto, que é uma das reivindicações da agenda feminista?
Mari: Sou pró-vida, contra a legalização do aborto.
UOL: E sobre culpabilizar a mulher quando essa sofre violência sexual? Há quem fale que usar determinadas roupas expõe a mulher a situações de risco.
Mari: Qualquer pessoa que sofra qualquer tipo de violência deve ser amparada, cuidada, e o abusador deve ser condenado. Não concordo que roupas coloquem mulheres em situações de perigo. O Brasil é um país violento e qualquer um corre esse risco. Não é a roupa que alguém usa ou deixa de usar que o protegerá ou não de ser vítima de violência.
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