Morar em casas separadas: "É como se fosse um namorado que é marido"
Eles são casados há 32 anos, mas moram em casas separadas há 30. Auxiliadora Maria da Cunha, a Dora, 60 anos, e o marido, Carlos Arthur de Araújo, 62, se falam e se veem todos os dias. Mas descobriram que a fórmula de sucesso do relacionamento deles é cada um voltar para o próprio canto na hora de dormir. A seguir, ela conta essa história:
“Casamos na igreja e fomos morar juntos. Mas não deu certo ficar debaixo do mesmo teto. Tínhamos muitas desavenças, temos temperamentos diferentes. E manias muitos diferentes também. As brigas por coisas pequenas estavam nos desgastando. Se não separássemos as casas, seria divórcio na certa. Ele foi morar com a mãe, e eu fiquei com a Luciana, nossa filha, hoje com 31 anos. Esse negócio de que os opostos se atraem... que nada! Viver com pessoa diferente é muito chato.
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O meu pavio é curto
Gosto muito de enfeitar a casa, mas ele não gosta. Quando morávamos juntos, se eu colocasse uma coisa em cima de um móvel, ele já reclamava. E queria saber tudo o que eu fazia: eu ia ao banheiro, e ele perguntava o que eu fui fazer. Para que a gente vai ao banheiro? O meu pavio é curto, eu não tenho paciência para aturar tanto grude. O fato dele ser filho único e muito apegado à mãe também dificultou a relação.
Eu não ronco e ele ronca igual motor de avião
A mulher que fala que não se importa com ronco do marido – e até gosta - está mentindo. Eu não suporto ronco, quando a gente vai viajar é um desespero, um horror. Volto muito estressada, porque passo noites sem dormir.
Nos vemos sempre
Moramos no mesmo bairro e nos vemos todos os dias. Nos falamos várias vezes ao dia. Dormimos juntos aos fins de semana, na minha casa ou em motel. Em feriados, gostamos de viajar. Também vamos a festas, gostamos de dançar. É como se fosse um namorado que é marido. É assim que segue a vida. Eu amo ele, só não gosto de morar junto.
Não lavo cueca
Hoje faço o que eu quero: vou para a academia ou fico o dia inteiro no sofá. Não lavo cueca ou aturo chatice desnecessária. E quando tem briga, não temos que olhar para a cara um do outro. Vai cada um para a sua casa e a gente conversa só depois de esfriar a cabeça.
Quero ele inteiro
Já teve vez de ele aparecer aqui em casa depois de passar o dia no botequim com os amigos. Eu estava arrumadinha, cheirosinha e estava na cara que ele ia entrar só para colocar a barriga para cima e roncar. O que eu fiz? Não abri a porta! Se não for para ter ele inteiro, prefiro ficar sozinha.
Para mim é normal
Ele continua a bancar a casa, porque esse foi nosso acordo quando eu parei de trabalhar para cuidar da nossa filha. Antes, há 30 anos, eu queria ter uma família normal. Mas entendi que ser normal não é ser igual a todo mundo. O nosso casamento é normal para mim, só não tem homem dividindo a cama.”
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