Filho larga tudo para cuidar de mãe com Alzheimer na garupa de uma moto
Quem vê Fausto Moura, 54 anos, com a mãe, Cândida Blanche Santos, 79, na garupa da moto, não imagina o bem que os passeios sobre duas rodas fazem pela senhora, que sofre do mal de Alzheimer. “Vivo um dia de cada vez, sem planejar. De manhã, acordo e pergunto: ‘Mãe, você está feliz? Se ela responde que sim, saímos para dar uma volta”, conta ele.
Fausto e dona Blanche, como é conhecida, vivem juntos em Uberlândia (MG). Divorciado, ele mora com a mãe e, há dois anos, quando a doença foi diagnosticada, passou a ser o responsável por todos os cuidados com ela.
“Tenho mais quatro irmãos. Três irmãs e um irmão, que são casados e têm filhos. Como eu já vivia com ela, acabei assumindo tudo, integralmente. O meu irmão me dá uma ajuda de custo, porque parei de trabalhar. Sou eu quem cuida da casa e dela”, fala Fausto.
Apaixonado por motos, o jeito de Fausto conciliar o hobby com a atenção com a mãe foi levá-la junto. “Às vezes, saímos para andar pela cidade. Tem uma oficina em que me encontro com meus amigos. Daí levo-a comigo. As mulheres e namoradas deles ficam conversando com ela, que se distrai. A doença não tem cura, por isso penso que proporcionar momentos de alegria e de prazer é o melhor que posso fazer por ela.”
Hoje, as voltas sobre duas rodas estão restritas a passeios dentro da cidade e por municípios próximos. “A última grande viagem que fizemos foi para a Serra da Canastra [MG], há dois meses. Fomos de motor home com uns amigos e levamos as motos. Deixava-a um pouquinho com eles e dava uma voltinha de moto, mas não podia demorar, porque ela sente minha falta. Ela sempre responde que, se estiver comigo, está feliz.”
Fausto, que era representante comercial de uma empresa de softwares, conta que chegou a tentar conciliar a atividade profissional com a doença da mãe. “No começo, ela ia comigo visitar clientes e ficava quietinha, mas teve uma vez que fui com ela em uma lanchonete. Estava explicando para a dona do lugar como funcionava o software de gerenciamento quando minha mãe interrompeu e falou: ‘Como você tão velha ainda não aprendeu isso?’. Ali percebi que não dava mais para levá-la comigo.”
Os passeios de moto não são a única forma de lidar de forma mais leve com o problema de saúde da mãe. Ele conta que, recentemente, dona Blanche começou a oferecer resistência a tomar banho. Fausto entrou em ação e achou um argumento que tem convencido a senhora da necessidade dos momentos de higiene. “Falo para ela que temos de tirar foto para colocar no meu Facebook. Dou banho nela, deixo arrumadinha e tiro uma foto. Daí mostro para ela publicado, que fica toda contente.”
O motociclista diz que abriu mão do trabalho e da vida social pela mãe, mas não quer saber de se lamentar. “Quero incentivar outras famílias que passam pelo mesmo problema. Tem o lado ruim, mas também o gratificante. Eu e minha mãe temos uma ligação muito especial.”
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