Instituto determina requisitos mínimos para construção e uso de cisterna

Com o volume reduzido nas torneiras de casa, o aproveitamento da água de chuva é apontado por especialistas como uma das alternativas para minimizar os efeitos da crise hídrica que atinge parte das cidades brasileiras, a exemplo da capital paulista. No entanto, na hora de montar uma cisterna residencial, requisitos básicos devem ser levados em conta, a fim de que o sistema de captação funcione com eficiência e mais: para que a qualidade da água coletada esteja garantida.
O pesquisador do Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Luciano Zanella, e o engenheiro civil especialista em recursos hídricos, Jefferson Nascimento de Oliveira, professor da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), campus Ilha Solteira, elencam orientações e cuidados na instalação do reservatório e no armazenamento do volume pluvial.
Capacidade da cisterna: diversos fatores definirão a capacidade do reservatório a ser escolhido. Considere, por exemplo, o regime de chuvas na região onde se localiza a residência, o número de moradores e seus hábitos de consumo, assim como a frequência de uso dessa água não-potável para a execução de serviços. Leve em conta, também, o espaço disponível para colocação do tanque (bombona ou caixa d'água) e caso tenha a intenção de instalá-lo sobre a laje de cobertura, esteja atento à capacidade da estrutura para suportar o peso adicional da cisterna (cheia). Para que não ocorram acidentes, o ideal é consultar um engenheiro civil.
Remoção de resíduos sólidos: as partículas sólidas e as maiores concentrações de material dissolvido que são arrastadas pela água da chuva (folhas, fezes de pássaros, galhos, areia e poeira, por exemplo) precisam ser removidas, seja o sistema de captação simplificado ou mais elaborado. Para extrair os resíduos grosseiros crie um filtro autolimpante usando uma tela de náilon, plástico ou aço inox. Essa barreira física permite que a água passe, enquanto os detritos sólidos são filtrados e expelidos.
Descarte da “1ª chuva”: é essencial desprezar o primeiro volume de água, porque essa “1ª chuva” arrasta os poluentes presentes no ar e também “lava” a sujeira acumulada na área de captação (telhado, calhas e tubulações). O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) recomenda descartar de um a dois litros de água da porção inicial da chuva para cada metro quadrado de telhado. Um exemplo: caso a cobertura tenha dez metros quadrados, você deverá rejeitar de dez a vinte litros do volume captado. Se sua casa fica em uma região com intenso trânsito de veículos e/ou com a presença de indústrias nos arredores, opte pelo descarte de porções ainda maiores dessa água.
Esse tratamento primário, comumente usado em cisternas simplificadas ou provisórias (infográfico 1), evita a proliferação de microrganismos e impede que essa água armazenada apresente odor. Por outro lado, em sistemas de captação integrados à edificação de forma permanente, através de uma tubulação exclusiva, outros componentes de desinfecção podem ser acrescidos como a utilização de ozônio ou radiação ultravioleta (infográfico 2). Nesses casos, para o desenvolvimento e instalação do sistema, contrate um profissional devidamente habilitado, com conhecimentos adequados nesta área.
Uso da água: o volume de chuva armazenado em uma cisterna simples e tratado com água sanitária, conforme descrito acima, não deve ser usado em banhos ou na lavagem de louças e roupas, porque essa água não sofreu processos de desinfecção físico-químico e bacteriológico. Utilize-a somente na rega de vasos de plantas e jardins, lavagem de pisos e carros e em vasos sanitários. Porém, para os sistemas de captação incorporados à estrutura da casa, no qual a água é tratada a ponto de torná-la potável, o morador pode fazer uso do líquido para lavar louças ou mesmo tomar banho.
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