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Casais contam desavenças na hora de escolher o nome do bebê

Keller e Denise, com a filha, Lívia; os dois discordam sobre o nome do bebê a caminho - Junior Lago/UOL
Keller e Denise, com a filha, Lívia; os dois discordam sobre o nome do bebê a caminho Imagem: Junior Lago/UOL

Ana Caroline Castro

Do UOL, em São Paulo

20/09/2014 07h25

Quando um casal está esperando um bebê, uma das primeiras conversas costuma ser sobre como ele irá se chamar. O nome é parte da identidade, algo que se carrega por toda a vida. Nessa hora, vale pesquisar significados, inspirar-se em listas com sugestões, mas nem sempre essa é uma tarefa simples. E pode provocar muita discussão entre os casais.

Keller Aparecido Conceição não sabia o próprio nome até os seis anos, mais precisamente no primeiro dia de escola. Em casa só era chamado por Ticão. Quando a professora chamou por Keller, ele permaneceu sentado, sem saber que era por ele que ela chamava. Desde então, aprendeu a gostar de seu nome. “Sofria com brincadeiras. Muita gente não consegue falar ou confunde com nome de mulher. Mesmo assim, gosto do meu nome. Ele não é comum, é fácil de diferenciar.”

Quando sua mulher, Denise Conceição, engravidou da primeira filha, há cinco anos, a escolha do nome foi muito fácil: Lívia Keller. Por não ter o nome do pai em seu registro de nascimento, Keller quis transformar seu nome próprio em nome de família. Denise gostou, e os dois concordaram rapidamente. A discussão começou na segunda gravidez. O bebê que Denise espera está quase nascendo e ainda não tem nome. Ela quer Miguel. Ele quer Vinícius.

Denise acha que, como ele escolheu o Keller como segundo nome, ela tem o direito de escolher o primeiro. “Meu pai se chama Miguel, e nós dois somos devotos de Miguel Arcanjo. Além disso, há uma possibilidade de o bebê nascer no dia de São Miguel, que é em 29 de setembro.” Já Keller acha que Vinícius tem uma sonoridade mais bonita. Enquanto eles não decidem, os amigos e a família chamam a criança de “bebê Keller”.

Briga no cartório

Quando Diogo nasceu, há 12 anos, o enfeite da porta da maternidade carregava outro nome: Tiago. De uma família evangélica, Lílian Duarte sempre quis que o filho tivesse um nome bíblico. Passou a gravidez chamando-o por Tiago, e a família dela também.

Lílian Duarte e o marido, Roberto Ibrahim, com o filho, Diogo - Junior Lago/UOL - Junior Lago/UOL
Lílian e o marido, Roberto, com o filho, Diogo
Imagem: Junior Lago/UOL

Quando o casal saiu da maternidade e foi registrar o filho no cartório, uma surpresa. Roberto Ibrahim, o marido, disse que o menino não se chamaria Tiago. Lílian conta que se sentiu traída. “Ele não falou nada antes. Acho que ele pensou que na hora eu iria aceitar a mudança.”

Os dois saíram do cartório discutindo. Diante do impasse, sentados no carro para voltarem para casa, começaram a pensar em outros nomes. Foi Lílian quem sugeriu Diogo. “Quando ela falou, gostei na hora, queria mesmo um nome com cinco letras. Então voltamos e registramos”, conta Ibrahim. Tanto Lílian quanto sua família levaram um tempo para chamar o menino corretamente. “Olhava para a cara dele e pensava em Tiago”, fala.

Homenagem

Mariane Tescaro sempre soube que nome colocaria em seu filho: Davi. Queria um nome curto e bonito. O marido, Thomaz Tescaro, gostou, mas tinha outros planos em mente. “Meu avô Miguel morreu há três anos. E eu queria muito homenageá-lo. Ele era um homem incrível, sincero, bem-humorado e com um coração enorme. Queria que o meu filho, que não o conheceria, pelo menos, carregasse um pouco do bisavô consigo.”

Mariane e Thomaz Tescaro com o filho, Davi Miguel - Junior Lago/UOL - Junior Lago/UOL
Mariane e Thomaz Tescaro com o filho, Davi Miguel
Imagem: Junior Lago/UOL

Tescaro chegou a sugerir durante a gravidez que o nome fosse Davi Miguel. Mas, sempre que o assunto vinha à tona, Mariane falava que ficaria muito grande e que não queria. Quando a criança nasceu, Thomaz foi registrá-la. E voltou do cartório, que ficava dentro do hospital, com um sorriso no rosto. Agora era oficial: Davi Miguel Tescaro. “Na hora, fiquei muito brava. Não acreditava que ele tinha feito isso”, diz Mariane.

Aos poucos, a raiva foi passando. “A família do Thomaz ficou muito emocionada. Eles ligavam para mim chorando de alegria. Estavam muito felizes com a homenagem”, diz Mariane. “O apelido do meu avô era Mindozinho. O meu pai só chama o Davi Miguel de Mindozinho. Isso é muito legal”, fala Tescaro.

Mariane conta que demorou para chamar o filho pelo nome completo. “Só quando ele foi para a escola. Lá tinha outro Davi, daí eu passei a chamá-lo de Davi Miguel. Mas hoje olho para ele e penso que não teria nome mais perfeito do que esse. Davi quer dizer amado, e Miguel, querido de Deus. E o nosso filho é muito Davi Miguel.”