Plantas "da sorte" podem não ser místicas, mas melhoram a qualidade de vida
Toda proteção é bem-vinda, mesmo quando não acreditamos totalmente em suas origens. Não há provas científicas que um vaso de pimenta “seque” com um simples olhar mal-encarado ou que a espada-de-são-jorge realmente “corte” os maus agouros que rondam a casa. E isso, talvez, porque estamos falando de algo que não podemos ver nem tocar, a energia.
Por outro lado, há inúmeros relatos de pessoas que se beneficiaram com o uso das chamadas plantas da sorte ou, ao menos, creditam a esses amuletos vivos suas benesses.
No Brasil, variedades como arruda, comigo-ninguém-pode e manjericão, dentre tantas outras, são popularmente associadas às ações de purificar, proteger e atrair bons fluídos onde quer que estejam. “Algumas chegam a morrer em favor dos seus donos, já que absorvem a energia negativa do ambiente”, acredita a paisagista carioca Beatriz de Santiago Correa.
Sete ervas
Na cultura popular brasileira, a utilização de determinadas plantas para atrair “bons presságios” se baseia nas crenças das religiões africanas, trazidas pelos escravos durante o Brasil Império. Algumas dessas espécies consideradas “protetoras” são as que compõem o chamado vaso das sete ervas: manjericão, alecrim, espada-de-são-jorge, arruda, guiné, pimenta e comigo-ninguém-pode (há pequenas variações regionais na lista de plantas).
De acordo com a paisagista, o manjericão, o alecrim e a espada-de-são-jorge harmonizam o ambiente: “A espada simboliza a proteção e a força, o manjericão traz alegria e amor e o alecrim nos aproxima do sagrado”, explica.
Já a arruda, a guiné, a pimenta e a comigo-ninguém-pode têm energias consideradas “quentes” e limpam o local de fluidos negativos, espantando o ódio e a inveja. A comigo-ninguém-pode, acredita-se, também é capaz de quebrar magias e feitiços, enquanto a guiné “puxa” as vibrações negativas das outras plantas e as transmuta em “paz”.
Não é mágica
Segundo o consultor e professor de Feng Shui, Franco Guizzetti, nenhuma planta ou flor tem em si a propriedade “intencional” de combater o mal. “Os vegetais são seres vivos que emitem boas energias naturalmente, mas também recebem a energia dos ambientes ou das pessoas em sua volta”, explica. É essa característica de absorção energética que as fazem tão especiais e, acredita Guizzetti, criou ao longo dos anos as associações místicas.
“A espada-de-são-jorge por seu formato semelhante a uma lâmina foi associada ao corte das más energias, mas o vegetal não nasce com tal dom, seu poder é dado pela crença na força à planta atribuída”, afirma o consultor. No entanto, como são esponjas de energia, Guizzetti não recomenda doar um vasinho de sete ervas que permaneceu por um período em uma residência. “Só se forem mudas cultivadas no jardim. Vasos que ficaram por muito tempo em uma casa, devem ir para um jardim publico”, aconselha.
Para o paisagista Paulo Heib independentemente de tradições ou funções ligadas a determinadas espécies, toda e qualquer planta melhora as condições de um ambiente. E há comprovações (aí sim científicas) que a qualidade de vida melhora quando há plantinhas por perto (a respiração, o ânimo, a produtividade).
“O ser humano se esquece que ele também pertence à natureza, e muitas vezes ignora que uma vida saudável engloba tudo o que o meio oferece”, explica. Segundo Heib é importante reproduzir pedacinhos da natureza em nossos micro-ambientes (casa e trabalho). Cuidar de um vasinho de violetas, por exemplo, já pode ajudar a deixar o dia mais leve. Para muitos, aliás, a jardinagem tem função terapêutica.
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