Ex-dona da Daslu foi a pioneira das multimarcas de luxo no Brasil
Nos anos 1980, Eliana Tranchesi herdou de sua mãe a loja Daslu. Junção do apelido das duas criadoras da grife (“das Lu”, de Lucia Piva de Albuquerque e Lourdes Aranha), a marca atendia sua clientela desde finais dos anos 1950 na Vila Nova Conceição, bairro nobre de São Paulo. Ao longo dos anos, o imóvel se transformou na junção de 23 casas vizinhas. Sob a direção de Tranchesi, o nome Daslu virou referência em moda e serviço de luxo no Brasil e no mundo.
Morta nesta sexta (24) aos 56 anos, vítima de câncer no pulmão, Eliana Tranchesi foi a responsável por apresentar as marcas de roupas internacionais mais desejadas do planeta às brasileiras quando começou, há 30 anos, a importar peças de grifes que nem cogitavam abrir loja por aqui. “Ela começou a editar marcas que tinham DNA estrangeiro para a consumidora brasileira. Nunca ninguém tinha feito isso antes com tal precisão”, afirma a empresária e consultora de moda Costanza Pascolato, em declaração ao UOL.
As mulheres que podiam pagar pela novidade no país viajavam em seus helicópteros e jatinhos desde o interior paulista e Estados mais distantes como Mato Grosso e Distrito Federal para fazer compras na Daslu. E as que não podiam nem sonhar em dividir em dez vezes uma bolsa Chanel tinham o imaginário povoado pelo conceito exclusivista de roupas e tratamento de princesa oferecido pela loja. “Eliana Tranchesi foi a inventora do varejo de luxo brasileiro e do atendimento extra luxo personalizado”, resume Pascolato, referindo-se ao serviço que incluía de vendedoras da alta sociedade a camareiras responsáveis por deixar a loja impecável, num esquema que impressionava até a imprensa e os consumidores de luxo estrangeiros, em visita ao Brasil.
Fora do país, Tranchesi e Donata Meirelles, então compradora internacional da Daslu, eram tratadas com simpatia e deferência por importantes representantes de maisons como Chanel, Dior e Louis Vuitton. Em 2005, para a inauguração da nova Daslu, transformada em loja de departamentos de luxo, com prédio neoclássico e investimento estimado em R$ 200 milhões, Dior e Chanel chegaram a criar peças exclusivas para serem vendidas por Tranchesi no Brasil. No mesmo ano, a Daslu foi alvo da operação Narciso, da Receita Federal, Ministério Público e Polícia Federal, em investigação de sonegação de impostos, num processo ainda não encerrado que culminou em condenação de Tranchesi no ano passado.
Em 2011, o grupo de investimentos Laep (de Marcus Elias, ex-controlador da Parmalat) comprou a marca Daslu e assumiu suas dívidas. Além dos importados, a Daslu tem grife própria, vendida em mais de 70 países.
“Nós, da ‘Vogue’, devemos muito a ela por tudo o que a Daslu representou e representa para a moda brasileira. Ela provou que o Brasil era possível enquanto mercado de alta moda”, declarou a diretora de redação da “Vogue Brasil”, Daniela Falcão, no site da revista.
“Boa amiga e incrível parceira de trabalho”, afirmou Mario Mendes, editor da revista “Daslu” por mais de dez anos e atual editor de artes e espetáculos da revista “Veja”, em sua página do Facebook.
Eliana Tranchesi foi casada com o médico Bernardino Tranchesi e deixa três filhos: Bernardino, Luciana e Marcela.
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