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Zac Posen, o estilista vaidoso, usa volúpia para conquistar Paris

CAROLINA VASONE

Enviada especial a Paris

03/03/2011 16h18

Cerca de uma hora antes do desfile começar, Zac Posen chamou com certa ansiedade Kabuki, o maquiador que assinava (para a MAC) a beleza de sua apresentação. Assim que o avistou, tratou de ocupar a cadeira onde as modelos sentavam para serem preparadas. O estilista americano não queria ser o único a aparecer de cara limpa em sua performance para a plateia parisiense.

Aos 30 anos, Posen faz sua segunda tentativa de conquistar Paris. Antes, desfilava em Nova York, mas se considerava incompreendido.  Desde a temporada passada, então, resolveu trazer sua sensualidade curvilínea para a capital francesa, onde, segundo disse (pouco antes da mudança) em entrevista ao jornal Women's Wear Daily (WWD), suas roupas são "respeitadas".

Terno cinza impecável, às nove e meia da manhã Zac Posen bebia calmamente seu café em copo grande enquanto andava pelo backstage, conversando simpaticamente com as modelos e os integrantes do staff. Neste clima ficou até bem próximo ao desfile, como se estivesse de visita, observando tudo, sem tocar em nada.  Quase não se notava que o passeio era acompanhado de um segurança e de uma pequena e loira assessora, capaz de se transformar num cão-de-guarda quando preciso. "Agora, ninguém tira fotos", ordenou energicamente, quando Posen começou a ser maquiado.

Na sala de desfiles montada num anexo do Palais de Tokyo, os convidados estrelados confirmavam o prestígio do americano, cuja apresentação aconteceu logo depois da Balenciaga, talvez o desfile mais esperado em Paris. Andre Leon Talley, braço direito de Anna Wintour na Vogue América e a editora da Vogue Japão, Anna Dello Russo sentavam na primeira fila.

A vaidade pessoal do estilista vindo de família rica, estudante de colégios particulares de Nova York, e, depois, das conceituadas Parsons School (NY) e Central Saint Martins (Londres), transbordava nas roupas agarradas no corpo das modelos, arredondando quadris e evidenciando cinturas em estruturas de corsets. As saias afuniladas mal deixavam tops como Coco Rocha movimentarem-se. Os paletós estruturados como armaduras, assim como o casaco com manga redonda tipo casulo faziam referência às carapaças de insetos, em muitos tons de verde, combinados com azul, além do preto e do prata. Os recortes feitos com nervuras com tecido desfiado, propositalmente mal-acabado, também remetiam a uma natureza que parecia ao mesmo tempo exibir e aprisionar a volúpia desta mulher de Zac Posen.