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Decoração pode revelar muito do morador, afirmam psicólogos

Pesquisadores indicam traços de personalidade do morador na decoração da casa - Getty Images
Pesquisadores indicam traços de personalidade do morador na decoração da casa Imagem: Getty Images

Elena Klein / Aaron Skiba

23/01/2016 13h16

Durante a Feira Internacional de Móveis de Colônia (imm cologne), que segue até amanhã (24), dois especialistas afirmam que o mobiliário diz bem mais sobre os moradores de uma casa do que se possa pensar. Sua base é a "snoopology", a ciência da bisbilhotagem.

"Diz-me como moras e eu te direi quem és." Para a maioria das pessoas, isso pode soar simples demais, mas é o que afirmam o psicólogo americano Samuel Gosling e seu colega de Munique, especializado em habitação, Uwe Linke. Analisando um setor que em 2015 registrou aumento de vendas de 5%, segundo a Associação Alemã das Indústrias do Mobiliário (VDM), eles partem do princípio que, quanto mais um observador treinar seu olhar, mais será capaz de avaliar alguém com base na ambientação de sua casa.

"Snoopology" é como Samuel Gosling denomina seu campo de interesse: "Qualquer um pode se tornar um 'snooper' [bisbilhoteiro, em inglês]". No processo, porém, um bom "farejador" deve confiar antes nas constatações da ciência, do que na própria intuição. Ainda de acordo com o pesquisador, há objetos que claramente indicam traços da personalidade, como uma forte sociabilidade. Gosling explica, no entanto, que muito mais crucial é poder avaliar a impressão geral e questionar se a aparência de um interior residencial é intencional ou não.

Para o psicólogo existem dois tipos diferentes de objetos. De um lado estão os "corpos identificadores", que são deixados intencionalmente (como camisetas da banda favorita ou fotos de um ente querido) sobre os móveis. Em contrapartida, existem itens que permanecem de forma absolutamente impensada no ambiente, os chamados "resíduos comportamentais".

A mulher, o homem e o apartamento

Não se trata apenas de como o ambiente reflete o habitante, mas também de como este o arruma. Ou seja: tanto livros classificados por ordem alfabética e uma agenda preenchida ordenadamente, quanto um armário bagunçado podem fornecer informações importantes. Nesse contexto, o quarto de dormir é especialmente interessante.

O psicólogo da habitação Uwe Linke confirma tal abordagem: "Como espaço privado, o dormitório mostra mais claramente os traços de personalidade, pois, inconscientemente, as salas de estar são concebidas como parcialmente públicas, já que e outras pessoas também têm acesso a ela." Em seu livro "Single-Frau wählt Single-Mann und schaut sich seine Wohnung an" (Solteira procura solteiro e dá uma olhada em seu apartamento), Linke tenta determinar, através da visita a diferentes habitações, o que o mobiliário revela sobre o caráter do morador. Ele se vê como um "farejador de pistas".

Os distantes e os próximos

De acordo com o especialista bávaro, um apartamento com aspecto frio e estéril é particularmente eloquente. A cor branca "é tão pouco neutra quanto as demais", pois o branco representa calma, tolerância e a inacessibilidade. O que classificaria o morador como de comportamento "distante".

Em contraste a este caráter controlado, Linke identifica o aconchegante "tipo próximo". Este se entrega de corpo e alma à própria decoração, gosta de tudo o que seja macio e das cores ensolaradas. Amarelo, por exemplo, representa abertura, serenidade e a procura por um mundo ideal. Segundo o psicólogo alemão, decoração é, na maioria dos casos, um sinal de dedicação, humor e romantismo. 

Para ser um bom "farejador" é preciso anos de treino. E mesmo assim, erros são cometidos, já que nem todas as conclusões são facilmente explicáveis. O psicólogo conta como certa vez seu julgamento foi totalmente errôneo: "Eu podia jurar que naquela casa morava um homem, tão impessoal e frio eram o mobiliário e o estilo. Só mais tarde descobri se tratar de uma mulher - que, todavia, dominava no relacionamento. Um único quadro emotivo estava pendurado na parede e, eu presumi, que ele tivesse sido deixado por uma amante desesperada, como desejo de uma abertura emocional. Mas quem tinha presenteado o quadro fora um homem".