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Nina Lemos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Maíra Cardi é prova de que não dá para ter sororidade com todas as mulheres

Maira Cardi está capitalizando com a participação do marido, Arthur Aguiar, no "BBB" - Reprodução/Instagram
Maira Cardi está capitalizando com a participação do marido, Arthur Aguiar, no "BBB" Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista de Universa

25/04/2022 14h03Atualizada em 26/04/2022 14h26

"Cadê a sua sororidade?" Essa é uma pergunta que nós ouvimos bastante quando criticamos outras mulheres. Mas sororidade não é gostar de todas as mulheres ou "passar pano" para elas. É tentar ser solidária, se colocar no lugar das outras.

Só que nem todas as mulheres são nossas aliadas em combater estereótipos e mitos que nos fazem mal. Pelo contrário. Algumas, inclusive, atrapalham nossas causas. E, sim, estou falando de Maíra Cardi, a coach mais comentada do Brasil.

Na manhã desta segunda-feira pós Carnaval, a coach voltou a ser o assunto mais comentado do país nas redes sociais. Motivo: ela resolveu criar uma treta com Bruna Marquezine. Sim, vivemos falando que mulheres não são necessariamente rivais. Mas Maíra decidiu ameaçar Bruna "do nada".

Resumo rápido: Marquezine curtiu um Twitter onde uma pessoa dizia: "eu pagaria para não ouvir mais nada sobre a Maíra Cardi e o Arthur Aguiar". Bruna só deu um like. Uma coisa que muitas vezes fazemos sem pensar.

Maíra respondeu com uma ameaça, dizendo que contaria coisas sobre Bruna, que teria "teto de vidro". Ou seja, ela ameaçou fazer um "exposed" da atriz. É desanimador ver mulheres agindo assim.

Perdão e rehab de homens

Mas claro. Não é só por causa dessa treta que é impossível ter sororidade com Maíra Cardi. Motivos não faltam.

A coach hoje está obcecada em fazer o marido Arthur Aguiar (que já foi acusado de abuso e manipulação por ela mesma) ganhar o BBB, o que já é bem complicado, inclusive porque as acusações que ela fez contra ele são fortes (e sim, acreditamos nela!).

Ver mais um homem acusado de abuso ganhar um reality show não parece ser educativo para o país, mas Maíra, nesse caso, prega o perdão e a possibilidade de "mudar homens" (não caiam nessa, ninguém muda ninguém).

Ela, inclusive, já propagou teorias bem esquisitas sobre o perdão, a autoestima e a "transformação de homens". Ela disse, por exemplo, que mulheres não devem reclamar de terem que "ser psicólogas" de homens porque, senão, eles vão procurar outra para ser.

Ai, Maíra, não temos que ser psicólogas dos homens, e muito menos devemos ser "rehab" para "não perder o homem".

Maíra Cardi é coach e cobra caro para dar esse tipo de "conselhos" para mulheres. E, no ramo que a tornou famosa, ensina técnicas de emagrecimento baseadas, por exemplo, no jejum. Uma prática perigosíssima e que pode incentivar a bulimia e a anorexia. E não, ela também não é nutricionista e nem médica endocrinologista.

Mas uma coisa que Maíra não é, com toda certeza, é burra. Ela é muito inteligente e sabe como lucrar. Prova disso é a maneira como ela está capitalizando a participação de Arthur Aguiar no programa.

Ela já avisou que aplicará um programa de "boa forma em 30 dias" em Arthur quando ele sair do programa e divulgará em seu Instagram. Ela também "bombou" quando fez escândalo porque o marido comeu "pão" no programa.

Todo mundo que já estuda um pouco sobre distúrbios alimentares sabe que não devemos demonizar os alimentos. Eles não são "nossos inimigos".

Mas as técnicas de coach, tanto de comportamento como de emagrecimento, de Maíra, fazem sucesso e geram lucro. E, depois, temos que explicar que não é bem assim, para que outras mulheres não acreditem no que especialistas sérias condenam há anos.

Maíra Cardi, em vez de ajudar a causa das mulheres, nos dá é muito trabalho. Aff.