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Fala de Maíra Cardi sobre 'estupro alimentar' é condenada por especialistas

Maíra Cardi, que se intitula empresária do emagrecimento - Reprodução / Record TV
Maíra Cardi, que se intitula empresária do emagrecimento Imagem: Reprodução / Record TV

Gabriela Forte

Colaboração para Universa, em São Paulo

03/03/2022 17h32

O crescimento da popularidade de Arthur Aguiar dentro do "BBB 22" tem dado cada vez mais espaço e atenção para sua mulher, Maíra Cardi. A ex-BBB, que se define como empresária do emagrecimento, tem sido duramente criticada nas redes sociais ao falar sobre "estupro alimentar".

No vídeo postado em seu canal do TikTok, Maíra afirma que pessoas que escolhem fazer dietas podem sofrer pressões e serem forçadas a comer algo que as desvie de seu cardápio ou de sua meta de emagrecimento e comparou essas atitudes a uma violência sexual.

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Explicação sobre o estupro alimentar! Parte 1

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Para Jéssica Pinke, a nutricionista formada pela USP, qualquer tentativa de ligação entre alimentação e violência sexual é absurda. "Um alimento não tem intenção de atacar ou machucar ninguém. Ele nunca vai impor a você uma violência ou um trauma a ponto de relacionar isso a estupro. O comer está sob o seu controle. Uma violência sexual é totalmente diferente", opina.

"Ela perturba a alimentação de outras pessoas"

Jéssica ainda afirma que as falas de Maíra Cardi criminalizando a comida vão contra o pensamento dos nutricionistas que trabalham visando o equilíbrio alimentar de seus pacientes. "Uma compulsão alimentar tem muitos fatores ligados ao indivíduo que sofre com esse comportamento, como um trauma, ansiedade, depressão, e o que e a maneira como ela come pode ser o escape encontrado para lidar com aquilo", acrescenta. "Com o poder de mídia que a Maíra tem, ela perturba a alimentação de outras pessoas e influencia o 'comer transtornado' mesmo em pessoas que nunca pensaram nisso."

A psicóloga Katyanne Shirata, formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, reforça a defesa contra a comparação feita pela mulher de Arthur Aguiar e diz que a fala da ex-BBB não é só absurda, mas culpabiliza ainda mais a relação de cada indivíduo com a alimentação diária.

"Ela falar de forma tão violenta, atacando a comida e sem nenhum acolhimento ou explicação, pode trazer gatilhos psicológicos para todos os lados. Pode fragilizar até quem não tem nenhum tipo de transtorno ou não sofreu nenhuma violência. É ainda pior pensar como isso chega a quem tem esse tipo de experiência traumática", afirma Katyanne.

A psicóloga ainda alerta que "profissionais do emagrecimento" como Maíra, que não tem formação médica para dar orientações sobre perda de peso, podem gerar um dano não dimensionável na saúde física e mental de quem é afetado por esses conteúdos.

"Ela fala como se aquilo fosse uma verdade absoluta. Assim como uma fake news, é preciso denunciar a esse tipo de conteúdo e buscar sempre fatos e dados concretos para se proteger dessas falsas comparações."

"Falas tiradas do contexto" diz Maíra

Com a repercussão negativa de suas declarações, Maíra Cardi fez uma postagem em seu Instagram defendendo que o clipe que está viralizando nas redes foi "tirado de contexto".

Segundo ela, a expressão "estupro alimentar" foi usada para ilustrar como a insistência para que as pessoas furem a dieta é uma violação de limites pessoais e uma violência psicológica por parte das pessoas que ignoram as escolhas de quem decide aderir a um novo regime.

Maíra ainda diz que o clipe integra uma das aulas de seus cursos sobre emagrecimento e que o exemplo do estupro alimentar é "para que a pessoa se toque do que ela está fazendo" e respeite a escolhas alimentares dos outros.

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