Maria Ribeiro

Maria Ribeiro

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Seja Gisele, Kate Middleton ou nós, ter um segundo de respiro é essencial

'Can I have a little moment?' Essa foi a frase dita por Gisele Bündchen há três semanas, mas que não sai da minha cabeça até hoje. Devia virar poema, refrão de música, bandeira de time. Em tradução literal significa algo como: 'Posso ter um momentinho?' Ou um 'me dá só um segundo?' se formos para linguagem de dia a dia, para aquela leve piscada entre o medo e a coragem.

É um pedido simples que, em tese, deveria, inclusive, prescindir qualquer hesitação. Ou constrangimento. Ou interrogação. Afinal, chorar um pouquinho está no pacote desde o inicio. Já começa assim, certo? Desde o minuto zero de nossas vidas. Depois vem fome, sono, cólica, essas coisas que seguem na agenda "de dentro" para sempre, e que depois a gente acha normal ter que encaixar na agenda "de fora".

O contexto da pergunta, quer dizer, do pedido, ou melhor, da súplica da ex-modelo foi bem publico. Uma entrevista. Para o New York Times. Divulgação do livro novo. Ao ser questionada a respeito de seu divorcio - que separação engaja até comida saudável - Gisele se emocionou e pediu um tempo.

Foi coisa rápida. A mina é boa de câmeras e logo veio alguém (sonho de vida) para enxugar os olhos dela. Que a tristeza ainda pode ser íntima e nem todo sentimento está à venda para o mundo dos cliques. E até os mega famosos, olha que coisa, sofrem com divórcios, lutos, e questões de saúde.

Kate Middleton que o diga. Em pleno tratamento quimioterápico e tendo que ir em frente enquanto cuida de si e de três crianças pequenas, ela viu o mundo colocar seu casamento para jogo. Sumiu? Ah, o marido está com outra. Na dúvida, vamos de amante que a palavra rende e um remake da princesa Diana dá muita capa de revista.

Eu aqui também fiquei meio off. Gravando a nova temporada do meu programa não consegui dar conta de tudo. Que bom. "Só um segundo" devia ser oxigênio e não botão de emergência. Tem dias que duram mais que os outros e que parecem não ter noites no meio. De qualquer forma, poder dar uma choradinha já muda bem o cenário. Nem que a gente precise agendar as lágrimas, como na série Succession.

Por que chorar vem de fábrica, e, ao contrário do que a gente aprende, é bonito e pega bem. Para meninas e meninos. Que a gente é Vini Jr, e, não. Robinho.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes