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Como divórcio teria levado Nasa a investigar denúncia do primeiro crime no espaço

Planeta Terra - Wikimedia
Planeta Terra Imagem: Wikimedia

24/08/2019 21h02

O divórcio entre uma astronauta americana e sua mulher teve uma consequência inusitada. O processo teria levado a agência espacial americana, a Nasa, a investigar a denúncia do que seria o primeiro crime cometido no espaço.

A astronauta Anne McClain acessou a conta bancária de Summer Worden, de quem está separada, enquanto estava na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), de acordo com uma reportagem do jornal americano The New York Times.

Worden, uma oficial de inteligência da Força Aérea, diz ter feito uma queixa contra McClain à Federal Trade Comission, uma agência do governo americano responsável pela proteção ao consumidor, entre outros temas. Ela acusa McClain de furto de identidade e acesso indevido a registros financeiros privados.

Outra denúncia teria sido feita pela família de McClain ao Escritório do Inspetor-Geral da Nasa, e investigadores do orgão teriam entrado em contato com ambas sobre a alegação, publicou o The New York Times. Funcionários da Nasa disseram ao jornal, no entanto, que não estavam cientes de nenhum crime cometido na estação espacial.

McClain, desde então, voltou para a Terra. A astronauta reconhece ter feito o acesso, mas nega que tenha cometido alguma irregularidade.

Ela disse ao The New York Times por meio de um advogado que estava apenas se certificando de que as finanças da família estavam em ordem e que havia dinheiro suficiente para pagar contas e cuidar do filho de Worden - que elas estavam criando juntos antes da separação.

"Ela nega veementemente que fez algo impróprio", disse o advogado Rusty Hardin, acrescentando que McClain está "cooperando totalmente".

Como tudo começou

McClain se formou na renomada academia militar West Point e voou mais de 800 horas em combate no Iraque como piloto do Exército. Ela treinou então para ser piloto de testes e foi escolhida para voar pela Nasa em 2013.

Ela passou seis meses a bordo da ISS e deveria integrar a primeira caminhada espacial exclusivamente realizada por mulheres, mas sua participação foi de última hora devido a um problema que, segundo a Nasa, se deveu à indisponibilidade de traje do tamanho correto e não teve nada a ver com as alegações contra a astronauta.

McClain e Worden se casaram em 2014, e Worden pediu o divórcio em 2018, e o processo vem se desenrolando ao longo do último ano. Em meio a isso, Worden teria notado que McClain ainda sabia detalhes sobre seus gastos pessoais.

Ao pedir ao banco a localização dos computadores que haviam acessado recentemente sua conta, ela descobriu que um dos acessos havia ocorrido por meio da rede de computadores da Nasa.

Após a denúncia, McClain passou por uma entrevista com o inspetor geral da agência e argumentou que estava apenas fazendo o que sempre fez - a supervisão financeira da família - e com a permissão de Worden. Ela teria usado a mesma senha de antes e afirma nunca ter sido informada pela ex-mulher que ela não poderia mais acessar a conta.

Como a lei funciona no espaço?

Existem cinco agências espaciais nacionais ou internacionais envolvidas na ISS - dos Estados Unidos, Canadá, Japão, Rússia e vários países europeus - e uma estrutura legal estabelece que a lei nacional se aplica a qualquer pessoa e posses no espaço.

Portanto, se um cidadão canadense cometesse um crime no espaço, estaria sujeito à lei canadense, e um cidadão russo, à lei russa.

A lei também estabelece normas para a extradição na Terra, caso uma nação decida querer processar um cidadão de outra nação por má conduta no espaço.

Como o turismo espacial vem se tornando uma realidade, também pode haver a necessidade de processar crimes espaciais, mas, por enquanto, a estrutura legal ainda não foi testada.

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