Os tesouros 'roubados' da África que foram parar em museus da Europa e EUA
![Alguns artefatos de Benin foram devolvidos para a Nigéria a partir de 2014 - British Museum](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/c7/2018/11/25/alguns-artefatos-de-benin-foram-devolvidos-para-a-nigeria-a-partir-de-2014-1543162380536_v2_900x506.jpg)
Durante o período colonial na África, milhares de artefatos culturais foram levados do continente pelos europeus. Agora, países africanos querem o retorno desses bens de enorme valor artístico e histórico.
A BBC News lista abaixo algumas dessas peças.
Bronzes de Benin
Os Bronzes de Benin são esculturas delicadas e placas que adornavam o palácio real de Ovonramwen Nogbaisi, o Oba do Reino de Benin (equivalente a um rei). O território, que hoje é a Nigéria, foi incorporado ao Reino Unido durante o período colonial.
As peças eram feitas de zinco, marfim, cerâmica e madeira. Várias delas foram feitas em homenagem aos ancestrais de reis e rainhas do passado.
Em 1897, os britânicos lançaram uma expedição "punitiva" contra o Benin, em resposta a um ataque a uma expedição diplomática.
Além das esculturas, inúmeros outros objetos reais foram retirados de lá à força e espalhados pelo mundo.
O Museu Britânico de Londres diz que vários dos objetos de Benin foram entregues à instituição em 1898 pelo Ministério de Relações Exteriores e pela Marinha.
Em outubro, os principais museus europeus concordaram em enviar de volta para a Nigéria alguns dos mais valiosos objetos. Eles ficarão no Museu Real, previsto para ser inaugurado em 2021 no país africano.
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Comedores de humanos de Tsavo
Estes eram os dois leões de Tsavo, na região do Quênia, no leste da África, que mataram e comeram trabalhadores que construíam uma ferrovia entre Quênia e Uganda, no final do século 19.
Foram nove meses de obras para concluir a linha que ligava Mombasa ao Lago Vitória. Os dois animais foram eventualmente mortos a tiros pelo engenheiro britânico John Patterson.
Os leões foram empalhados e comprados de Patterson pelo Museu Field de História Natural, na cidade Americana de Chicago, em 1925, e catalogados como parte da coleção permanente desse museu.
O Museu Nacional do Quênia quer os animais empalhados de volta ao país africano.
Pedra de Roseta
A rocha contém três colunas da mesma inscrição em três idiomas: grego, hieroglifo e demótico egípcio. O texto é de um decreto escrito por clérigos em 196 a.C, durante o reinado do faraó Ptolomeu 5º.
Não está claro como a rocha foi descoberta em julho de 1799, mas a crença geral é de que foi encontrada por soldados que integravam o Exército de Napoleão Bonaparte, quando eles ampliavam uma fortaleza perto da cidade de Rashi --também conhecida como Roseta-- no delta do rio Nilo.
Quando Napoleão foi derrotado, os britânicos tomaram posse da rocha, nos termos do Tratado de Alexandria, em 1801. Ela foi, então, transportada à Inglaterra, chegando à cidade portuária de Portsmouth em fevereiro de 1802. O rei George III ofereceu a rocha ao Museu Britânico alguns meses depois.
Rainha de Bangwa
É uma das peças de arte africana mais famosas do mundo e possui um significado sagrado para a população camaronesa.
Esculturas de esposas da realeza e princesas eram chamadas de Rainha de Bangwa no território de Bangwa, hoje Lebialem, distrito do sudoeste do Camarões.
A Rainha de Bangwa foi dada ou confiscada pelo administrador colonial alemão Gustav Conrau, em 1899, antes de o território do Camarões ser oficialmente colonizado.
A peça acabou no Museu für Völkerkunde, em Berlim, e depois foi comprada por um colecionador em 1923. De acordo com o The New York Times, o colecionador Harry A. Franklin, então, comprou a escultura em 1966 por US$ 29 mil. Depois que ele morreu, a peça foi vendida num leilão do Sotheby's, em Londres, por US$ 3,4 milhões.
O pintor surrealista Man Ray incluiu a Rainha de Bangwa numa pintura de uma modelo nua, em 1937, que acabaria se tornando uma das obras de arte mais famosas do mundo.
Atualmente, a escultura hoje pertence à Fundação Dapper, de Paris. A peça ficou exposta no Museu Dapper até 2017, quando a galeria focada em arte Africana fechou por falta de público e alto custo de manutenção.
Líderes tradicionais de Bangwa tem se correspondido com a fundação para exigir o retorno da peça ao Camarões. O economista senegalês Felwine Sarr e o historiador francês Bénédicte Savoy, autores de um relatório sobre arte estrangeira requisitado pelo presidente francês Emmanuel Macron, recomendaram que a legislação francesa seja alterada para permitir o retorno da obra de arte africana ao seu país de origem.
Tesouros de Magdala
Historiadores dizem que 15 elefantes e 200 mulas foram necessárias para carregar tudo o que foi "roubado" pelos britânicos do imperador Tewodros II, de Magdala, cidade no centro da Etiópia que hoje se chama Amba Mariam.
Na época, os britânicos saquearam Magdala em protesto contra a detenção de seu cônsul, quando as relações entre o imperador e o Reino Unido se deterioraram.
Parte desses tesouros ficou no museu Victoria and Albert, em Londres.
Já o vestido de casamento pertencia à rainha Woyzaro Terunesh, esposa do imperador Tewodros 2º. Em 2007, a Etiópia exigiu formalmente o retorno dessas peças. Em abril deste ano, o Victoria and Albert ofereceu o retorno à Etiópia em caráter de empréstimo.
Pássaro do Zimbábue
Esculturas de pedra-sabão em formato de águia representam o emblema nacional do Zimbábue. Várias delas foram roubadas de ruínas de uma cidade antiga. Só oito pássaros esculpidos foram recuperados.
Eles ficavam nas paredes e monolitos de uma cidade construída entre os séculos 12 e 15 pelos ancestrais do povo Shona. Sete dessas esculturas estão no Zimbábue desde 2003, quando uma delas foi devolvida pela Alemanha.
A peça acabou nas mãos de um missionário alemão, que a vendeu ao Museu Etnológico de Berlim, em 1907.
Depois que tropas soviéticas invadiram a Alemanha, no final da Segunda Guerra, ela foi removida de Berlim para Leningrado (hoje São Petersburgo), na União Soviética, onde permaneceu até o final da Guerra Fria, quando retornou à Alemanha.
A oitava escultura de águia se encontra no antigo quarto do imperialista britânico do século 19 Cecil Rhodes, cuja casa na Cida do Cabo, África do Sul, foi convertida em museu.
Ele havia levado estátuas de águia do Zimbábue para a África do Sul em 1906. A África do Sul devolve quatro delas ao Zimbábue em 1981, um ano depois de o país se tornar independente.
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