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Táxis fluviais de alta velocidade ressaltam frustrações de startup na França

24/08/2017 14h03

PARIS (Reuters) - O iatista francês Alain Thebault quer utilizar o modelo de um barco que usou para quebrar um recorde mundial de velocidade em 2009 em base para um serviço de táxi limpo e rápido para as vias navegáveis das principais cidades do mundo.

O SeaBubble ganhou o apoio de investidores privados - Thebault espera arrecadar entre 50 milhões e 100 milhões de euros até o fim de setembro.

O presidente da França, Emmanuel Macron, quer criar uma "nação de startups", até defendeu a ideia quando era ministro da Economia. Seu gabinete não respondeu aos pedidos de comentários questionando-o se ainda apoia o projeto.

A SeaBubbles enfrenta obstáculos regulatórios específicos, sem falar em ter que convencer as autoridades parisienses a elevar o limite de velocidade do rio Sena.

Mas assim como outras startups, Thebault teme que a sua empresa seja prejudicada pela burocracia administrativa se a ideia decolar e precisar crescer rapidamente.

"É uma estrada cheia de obstáculos para duas aves marinhas como Anders (Bringdal) e eu", disse ele sobre seu parceiro comercial, um campeão sueco de windsurf. "Se ficar muito complicado ... iremos para onde é mais fácil".

O protótipo SeaBubbles preserva sua bateria ao se elevar acima do nível da água em alta velocidade. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, apoiou a ideia com um passeio no rio Sena em junho.

Mas a SeaBubbles só tem chance de operar em Paris se as autoridades elevarem o limite de velocidade do rio Sena para que a embarcação possa ir rápido o suficiente para sair da água, um pedido que até agora foi rejeitado. O gabinete da prefeita de Paris não respondeu a um pedido de comentários sobre o projeto, inclusive se ela achava que o limite de velocidade de Paris deveria ser alterado.

A França ocupa o 21º lugar no relatório de competitividade do Fórum Econômico Mundial deste ano, com base na sofisticação empresarial, na tecnologia e na preparação para a inovação.

Mas ficou na 115ª posição entre 138 países em termos de "peso da regulamentação governamental" e detém a 129ª posição para práticas de contratação e demissão, com base em dados de 2015.

As leis trabalhistas restritivas estão no topo da lista de reclamações dos investidores. Qualquer empresa sediada na França com 50 funcionários ou mais tem que criar um conselho de trabalhadores, organizar eleições sindicais e passar por regulamentações estruturadas frequentemente com os trabalhadores. Redundâncias e demissões podem ser caras.

Os investidores afirmam que as startups não estão sendo prejudicadas por preocupações financeiras, mais sim pela burocracia e leis trabalhistas que são projetadas para proteger os funcionários, mas que podem ser pesadas e dispendiosas para as empresas.

"Não é uma questão de dinheiro. Há muito, muito dinheiro ", disse Romain Lavault, sócio da Partech Ventures, um fundo de capital de risco que também investiu na SeaBubbles.

Cerca de 2,03 bilhões de dólares foram investidos no primeiro semestre do ano em comparação com 2,1 bilhões de dólares em todo o ano de 2016. Isso faz da França o segundo local com melhores financiamentos para startups de tecnologia, depois do Reino Unido, disse a CB Insights.

(Por Mathieu Rosemain e Gwénaëlle Barzic)