Caos da internet: tempestades solares poderão nos deixar meses offline

Uma equipe de cientistas da George Mason University, em Virgínia (EUA), vem alertando sobre o aumento da atividade solar. O grupo afirma que uma violenta tempestade solar poderia causar um "apocalipse da internet", interrompendo as comunicações na Terra e causando enormes danos econômicos.

Segundo Peter Becker, professor do Departamento de Física e Astronomia da faculdade, espera-se que as tempestades solares violentas se tornem mais frequentes e mais severas nos próximos dez anos.

A Internet simplesmente não foi projetada para lidar com esse nível de interferência na comunicação. Portanto, o período de 2024 a 2028 é um momento em que toda a Internet poderia ficar desligada por um período de semanas a meses no caso de uma tempestade solar realmente extrema.
Peter Becker, professor da George Mason University

Em 1859, o planeta já viveu o maior registro do tipo: foi o Evento Carrington. Na ocasião, telégrafos de todo o mundo pararam de funcionar. Portanto, é apenas uma questão de tempo até que a Terra seja atingida novamente por uma tempestade solar desse nível.

O que é uma tempestade solar?

Ejeção de massa coronal. Tempestades solares ocorrem quando uma grande bolha de gás superaquecido, conhecida como plasma, é ejetada da superfície do sol e atinge a Terra. A bolha é chamada de ejeção de massa coronal.

Interação com o campo magnético da Terra. O plasma é uma nuvem de prótons e elétrons (partículas eletricamente carregadas) que, ao atingirem a Terra, interagem com o campo magnético que circunda o planeta. Isso faz com que o campo magnético se deforme e enfraqueça, aumentando as chances dos fenômenos naturais acontecerem.

Raios cósmicos. Tempestades solares ou geomagnéticas são capazes de desencadear grandes quantidades de raios cósmicos na atmosfera, que, por sua vez, produzem carbono-14, um isótopo radioativo de carbono.

Consequências da tempestade

Ameaça à tecnologia. Se a Terra fosse atingida por uma tempestade solar gigantesca, o primeiro ponto a ser atingido seria a nossa tecnologia, o que faria com que o planeta todo mergulhasse em uma escuridão, e a internet de todo o globo ficasse fora do ar.

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Falhas e prejuízos. Com a extensa rede elétrica e de telecomunicações das quais dependemos para praticamente tudo, o estrago causado por um evento desse porte causaria falhas em satélites, em sistemas como GPS, linhas telefônicas, TV a cabo e até mudanças de rotas de aviões, gerando prejuízo de trilhões de dólares para a economia mundial.

E as consequências de uma tempestade "normal"? Já uma tempestade comum pode causar diversos transtornos como inundações aos mais variados danos à nossa infraestrutura: derrubar pontes, arrancar asfaltos, causar deslizamento de terra, etc.

A mais grave tempestade solar foi registrada em 1859. Conhecida como "evento Carrington", ela afetou a rede mundial de telégrafos, eletrocutou alguns operadores e incendiou escritórios dos correios.

Tudo indica que elas ocorrem a cada 500 anos em média. Evidências encontradas no gelo da Antártida apontam também para uma tempestade supermassiva em 774 d.C., conhecida como Evento Miyake, que produziu o maior e mais rápido aumento de carbono-14. Depois, em 993 d.C., houve outra 60% menor.

O ciclo solar

Causa desconhecida. Erupções solares são registradas pelos pesquisadores há mais de um século, porém até hoje não se sabe ao certo a sua causa. Todas as informações sobre elas apontam que essas "explosões" estão diretamente ligadas às disrupções no campo magnético do sol, que oscila durante os ciclos solares.

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O Sol tem um ciclo de 11 anos, com variações periódicas da sua atividade magnética —em alguns momentos ele é mais ativo e em outros menos. As tempestades solares são causadas devido a essas instabilidades no campo magnético e subsequente emissão de plasma solar.

Em 2019, o Sol iniciou seu novo ciclo. Segundo os astrônomos, a atividade máxima solar desse ciclo está prevista para acontecer em meados do ano de 2025.

*Com reportagens publicadas em 27/02/2022 e 22/03/2022

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