Google estreia IA generativa no motor de buscas brasileiro; veja o que muda

A partir desta quarta-feira (8), estreia no Brasil uma mudança que pode chacoalhar a internet. Ainda em fase de teste, o Google começa a implementar em seu principal produto, a ferramenta de buscas na internet, um tipo de inteligência artificial generativa para aproximar as pesquisas online de conversas.

A plataforma de pesquisas da empresa já é abastecida por outro tipo de IA. Agora, dá um passo além, pois adota um modelo capaz de produzir conteúdo como se fosse humano.

Dependendo do assunto e do Ok do usuário, os resultados da pesquisa trarão logo de cara textos elaborados por máquinas e escritos com base em informações extraídas de fontes públicas na internet.

O Google trata essa novidade como um salto no processo de evolução de sua ferramenta de busca.

A gente acredita que tem muito espaço para evoluir, principalmente com o advento da IA e especialmente quando há um grande grupo de informações ou dados mais complexos
Bruno Pôssas, vice-presidente de Engenharia para a busca do Google

Bruno Pôssas, VP Global de Engenharia do Google
Bruno Pôssas, VP Global de Engenharia do Google Imagem: Divulgação/Google

Chamado de Experiência de Pesquisa Generativa (SGE, na sigla em inglês), o recurso é o primeiro que entra em testes após nascer do Google Labs, uma iniciativa para criar e testar novas experiências para a ferramenta de busca.

Os interessados em usar o SGE precisam ativá-lo no Google Labs — basta acessar a página da iniciativa por meio do Chrome para desktop ou do aplicativo do Google, no Android ou iOS. Por ora, o recurso também funcionará apenas nessas duas plataformas.

Será assim:

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  • Assim que uma busca for feita, o SGE entrará em ação de três formas;
  • Primeiro, exibirá logo no topo da página de resultados uma descrição em texto do assunto. Ou seja, trará aspectos importantes, mas gerais, sobre o tema pesquisado;
  • Para ampliar o escopo da resposta, apresentará três links com imagens;
  • Depois, entrará em cena o que o Google chama de "modo conversacional". A inteligência artificial vai sugerir abaixo dessa primeira abordagem algumas perguntas. Após clicar nelas, o usuário é enviado para uma espécie de chat em que o robô já começa o papo respondendo a questão;
  • Por último, será possível continuar o papo ao escrever questionamentos para explorar outros pontos.

De onde sairá a informação?

Como toda inteligência artificial generativa, o SGE pode até concatenar as palavras para gerar conteúdo, mas ele não é o responsável por apurar, checar e ponderar as informações de suas respostas.

Segundo o Google, elas serão retiradas de fontes públicas encontradas na internet. Ou seja, tudo o que pode ser "lido" e indexado pelos mecanismos de buscas poderá figurar nas respostas do robô. Segundo Pôssas, essa curadoria terá uma segunda camada, feita por profissionais humanos.

Ao longo da conversa, o SGE exibirá os links relacionados ao tema. Para o Google, essa é uma forma de "apoiar o ecossistema e direcionar tráfego para uma ampla gama de produtores".

A conexão entre o conteúdo criado e exibido pelo SGE e as páginas indicadas para dar maior contexto, porém, não é direta.

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"Não necessariamente toda informação estará disponível naqueles links, mas eles corroboram a informação exibida", diz Pôssas.

Inteligência artificial generativa criada pelo Google para atuar na ferramenta de busca
Inteligência artificial generativa criada pelo Google para atuar na ferramenta de busca Imagem: Divulgação/Google

O vice-presidente do Google afirma ainda que a empresa está trabalhando em um protocolo para produtores de conteúdo online autorizarem ou não que suas produções abasteçam a inteligência generativa da busca.

Quando estiver pronto, esse mecanismo permitirá barrar a informação de chegar ao SGE, mas permitir que ela seja indexada no motor de busca.

Anunciantes não poderão pagar para aparecer nas respostas dadas pelo novo sistema de IA generativa. A publicidade continuará a ser exibida e sinalizada como ocorre atualmente.

SGE x ChatGPT x Bard

A estratégia do Google é diferente da adotada pela Microsoft, que adaptou o ChatGPT para seu motor de busca, o Bing.

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A empresa até possui o Bard, um chatbot similar ao desenvolvido pela OpenIA. Mas o Google optou por não integrá-lo na ferramenta de pesquisas online, mas, sim, criar uma IA generativa específica.

Pôssas explica que o Bard é uma alternativa mais criativa, destinada a criar conteúdo com um toque pessoal, como textos a serem enviados por email, imagens elaboradas e até apresentações de slides. Por isso, o chatbot foi integrado a Gmail e YouTube em setembro. Já o SGE é para a obtenção de informação qualificada, mas por meio de uma conversa.

"Experiências com múltiplas perguntas fazem parte de jornadas mais longas, como o planejamento de uma viagem ou a compra de um carro", diz o executivo. Ele conta que as pessoas geralmente fazem muitas buscas nessas situações, porque precisam dividir a tarefa complexa em partes menores.

IA vai evitar assuntos

O SGE também não funcionará para todos os tópicos, admite o executivo. Ele aparecerá apenas nas situações em que o Google deposita confiança nas informações coletadas. Exemplos disso são sexo explícito e questões de saúde, como a possibilidade de fornecer diagnósticos.

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