IA em todo lugar: Google começa a integrar Bard a busca, Gmail e YouTube

Aquilo que o Google apenas havia sugerido em seu evento anual para desenvolvedores, o Google I/O, finalmente começa a sair do papel. A partir desta terça-feira (19), a Big Tech passará a integrar o Bard, seu chatbot de inteligência artificial, ao Chrome, aplicativos como YouTube e Gmail e ao motor de pesquisas online.

O objetivo do Google é tornar a IA quase como "uma assistente da vida real". Com isso, será possível recorrer à ferramenta para:

  • ajudar na compra de ingressos para peças de teatro;
  • calcular a rota de um local a outro e;
  • até mesmo considerar o tempo gasto para estacionar o automóvel no percurso.

Essas novidades serão liberadas inicialmente apenas em inglês, mas, em breve, chegarão ao Português e ao restante das mais de 40 línguas contempladas pelo Bard.

Inteligência artificial personalizável?

Atualmente, o Bard considera informações extraídas da internet para executar as tarefas impostas pelas pessoas. Mas, a partir de agora, ele vai levar em conta ideias e contextos específicos de um usuário.

A ferramenta irá digerir conteúdo pessoal extraído de ferramentas como Gmail e Drive (Docs, Sheets etc) para ajudar a resumir documentos, responder dúvidas e levantar questionamentos importantes par ao usuário. Essa integração obviamente só será feita depois de as pessoas concederem permissão.

Se você ficou assustado só de pensar em compartilhar dados pessoais com uma IA, saiba o seguinte: o Google garante que essas informações não serão usadas para treinar o Bard ou qualquer outra plataforma inteligente da empresa.

A medida não é só uma precaução com vistas à privacidade das pessoas. Também é uma resposta à crescente discussão sobre o tipo de conteúdo que grandes corporações usam para treinar seus sistemas de inteligência artificial e como remuneram seus produtores.

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Eis alguns exemplos do tipo de tarefa que o Bard será capaz de fazer a partir da interação com suas informações pessoais:

  • escrever um discurso de casamento, com base em lista de vídeos indicadas por você no YouTube;
  • usar dados de geolocalização do Maps para encontrar frutas da época o mais próximo possível de você e sugerir receitas com elas.

Patrick Kane, diretor global para o Bard, dá um exemplo pessoal: "Meu cunhado está nos visitando no México esta semana e iremos para e o show da banda Maná. Comprei os ingressos e queria verificar especificamente, onde é isso? Quais são os detalhes dos ingressos? Quando é o concerto e a que horas? E a que horas preciso sair para chegar ao show. Então, tive uma resposta muito clara e resumida do Bard", diz ele.

Resposta do Bard: "Ei, o show é no sábado. Começa às 20h30, estes são os seus assentos e se você estiver saindo de Palo Alto, eu verifico o Google Maps".

"Depois, me entregou em ótimos gráficos, (do Google Maps) e incorporando-o na resposta que mostra a rota e me dá o tempo estimado para viagem e recomenda a que horas preciso sair, incluindo também a estimativa de tempo para estacionar", conta Patrick Kane

Uma 'lente' para organizar o mundo?

Segundo Patrick Kane, a ideia da IA ser integrada a atividades do dia a dia será algo tão inovador quanto foram consideradas no passado as calculadoras e planilhas. Ainda que tenham tornando a vida mais simples e prática, essas ferramentas viraram tão corriqueiras hoje quanto qualquer material de escritório.

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Uma dessas funções começará a funcionar no Brasil também nesta terça. É a possiblidade de usar imagens em conversas com o Bard para fazer pesquisas. Essa tecnologia usará a IA embutida em outro serviço do Google, o Lens.

Assim, a partir das imagens informadas pelos usuários, o Bard recorrerá ao Lens para identificar um objeto exposto ou até mesmo a origem de algum tipo de alimento na cena.

Respostas do Bard serão confiáveis?

Outra mudança que o Google começa a promover hoje é abrir a fonte de pesquisa do Bard. Isso quer dizer que o chatbot passará a informar, por meio de links confiáveis, de onde tirou as informações usadas em suas respostas. Essa será uma ação para o usuário continuar pesquisando e validar a investigação realizada pela IA.

Além disso, a ação também foi pensada para evitar alucinações, aqueles momentos em que os modelos de linguagem erram grosseiramente ou inventam descaradamente sobre um assunto ou tema.

Em coletiva, o diretor do Google afirmou que parte dessa validação será feita por meio do feedback dos usuários, que poderão classificar as respostas do Bard como positivas ou negativas.

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Mesmo que usuários tentem treinar a IA de forma errada maliciosamente, a equipe de profissionais humanos filtrará essas interações para evitar um "aprendizado incorreto", diz o executivo.

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