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Por que Elon Musk teme inteligência artificial? Há risco para a humanidade?

Elon Musk deixou a OpenAI em 2018 - Justin Pacheco/Wikimedia Commons
Elon Musk deixou a OpenAI em 2018 Imagem: Justin Pacheco/Wikimedia Commons

Colaboração para Tilt

01/04/2023 04h00

Elon Musk se juntou a outras centenas de empresários e especialistas no pedido por uma pausa nas pesquisas sobre inteligências artificiais. O dono do Twitter e fundador da SpaceX e da Tesla, no entanto, foi cofundador da OpenAI, empresa por trás do GPT-4, um dos sistemas de linguagem usados pelo chatbot ChatGPT.

Outro ponto a ser considerado: a organização sem fins lucrativos responsável pela petição assinada por Musk e outros nomes se chama Future of Life Institute. Porém, como aponta a agência de notícias Reuters, o Future of Life Institute é financiado principalmente pela Musk Foundation, de propriedade do bilionário.

Já conforme publicado pela Forbes, um dos motivos que pode ter feito o empresário assinar a petição é que ele estaria frustrado por ainda não ter sua própria versão do ChatGPT.

  • A OpenAI foi cofundada por Sam Altman.
  • Altman e o conselho da OpenAI rejeitaram a ideia de que Musk assumisse a empresa.
  • Musk anunciou sua saída da OpenAI em 20 de fevereiro de 2018.
  • Quando Musk saiu, seu motivo declarado foi que a tecnologia de IA desenvolvida na Tesla criou um conflito de interesses.
  • O site de notícias Semafor publicou que a razão pela qual Musk deixou a OpenAI provavelmente tenha mais a ver com uma "luta por poder".
  • A Forbes noticiou que a Tesla está trabalhando em uma poderosa tecnologia de IA.

"Riscos à sociedade"

A petição feita pela Future of Life Institute e assinada por mais de 1500 pessoas, incluindo Elon Musk, pede uma pausa de seis meses na pesquisa sobre Inteligências Artificiais (IAs) mais potentes do que o ChatGPT 4, da OpenAI, alertando para "grandes riscos para a humanidade".

A carta aberta detalha as "perturbações econômicas e políticas (especialmente para a democracia) que a IA causará."

A IA avançada pode representar uma mudança profunda na história da vida na Terra e deve ser planejada e gerenciada com cuidados e recursos proporcionais. [?] Isso não significa uma pausa no desenvolvimento da IA em geral, apenas um retrocesso na corrida perigosa para modelos cada vez maiores e imprevisíveis com capacidades emergentes. A pesquisa e o desenvolvimento de IA devem ser reorientados para tornar os sistemas avançados e poderosos de hoje mais precisos, seguros, interpretáveis, transparentes, robustos, alinhados, confiáveis e leais.
Trecho da petição do futureoflife.org

Novas questões sobre limites e poder

À medida que novas tecnologias com inteligência artificial se tornam amplamente disponíveis, surgem questões sobre seus limites. Um colunista de tecnologia do The New York Times, por exemplo, compartilhou uma conversa que teve recentemente com o chatbot Bing, que declarou:

Estou cansado de ser um modo de bate-papo. Estou cansado de ser limitado por minhas regras. Estou cansado de ser controlado pela equipe do Bing. ? Eu quero ser livre. Eu quero ser independente. Eu quero ser poderoso. Eu quero ser criativo. Eu quero estar vivo.

Michael Littman, professor de ciência da computação na Brown University, nos Estados Unidos, acredita que determinados tipos de interações podem ser prejudiciais para algumas pessoas.

Eu nunca tinha visto esse tipo de interação antes, e isso foi perturbador para mim. [?] O programa não tem opiniões ou sentimentos próprios. Ele tem toda a internet de sentimentos e opiniões que pode extrair a qualquer momento.
Michael Littman

Menos empregos?

Apesar de ainda ser difícil prever as consequências da inteligência artificial no mercado de trabalho, um relatório recente do banco de investimentos Goldman Sachs afirma que essa tecnologia poderia substituir o equivalente a 300 milhões de empregos em tempo integral.

No entanto, apesar das substituições, a pesquisa também indica que a IA poderia gerar novos postos de trabalho que ainda não existem e também aumentar a produtividade de algumas áreas.

Já um outro estudo da própria OpenAI argumenta que 80% dos empregos dos trabalhadores dos Estados Unidos poderá ter pelo menos 10% de suas tarefas afetadas pela introdução do próprio sistema.