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Nasa anuncia marca de 5.000 exoplanetas já confirmados pela ciência

19.abr.2017 - Exoplaneta superterra LHS 1140b, orbitando em torno da estrela LHS 1140 - M. Weiss/CfA
19.abr.2017 - Exoplaneta superterra LHS 1140b, orbitando em torno da estrela LHS 1140 Imagem: M. Weiss/CfA

Carolina Zanatta

Colaboração para Tilt

22/03/2022 16h50

Há mais de 5 mil planetas fora do Sistema Solar oficialmente descobertos até o momento, divulgou o Arquivo de Exoplanetas da NASA nesta segunda-feira (21). O anúncio foi feito após a inclusão de novos 65 mundos à contagem oficial da agência dos EUA, que tem seu arquivo instalado no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).

Atualmente, o número oficial de exoplanetas — planetas encontrados fora de nosso sistema solar — é de 5.005. Há planetas do tipo rochoso, como a Terra, super-gasosos, conhecidos como "Júpiter quente" e também ''mini Netunos", que são uma versão reduzida e potencialmente habitável do Netuno que encontramos em nosso sistema solar. Para confirmar a existência desses astros, são utilizados pelo menos dois métodos diferentes de identificação (método de trânsito e efeito gravitacional).

Segundo a astrônoma e pesquisadora líder do Arquivo de Exoplanetas da NASA, Jessie Christiansen, a maioria dos exoplanetas fica localizada "na pequena bolha ao redor do nosso sistema solar" porque, por aqui, "são mais fáceis de encontrar".

"Dos 5 mil exoplanetas conhecidos, 4,9 mil ficam localizados a cerca de mil anos-luz de nós", explicou ao blog oficial da Caltech na segunda-feira.

Primeiros planetas

A primeira descoberta foi feita em 1992, com dois exoplanetas identificados a cerca de 2,3 mil anos-luz do nosso sistema solar. Nomeados de Poltergeist e Phobetor, eles tinham por volta de 4,3 e 3,9 vezes a massa da Terra e foram encontrados pelos astrônomos Alexander Wolszchan e Dale Frail. Na época, esses planetas alienígenas orbitavam uma estrela morta do tipo pulsar, que são astros de nêutrons formados a partir do núcleo morto de outras estrelas muito massivas.

Pouco tempo depois da descoberta de Poltergeist e Phobetor, em 1994 foi encontrado outro exoplaneta orbitando a mesma estrela, que hoje é conhecida como Lich. Esse mundo, batizado de Draugr, era de proporção menor do que a dos seus irmãos, com cerca de 0,02 vezes a massa da Terra.

Uma vez que o processo de formação de uma estrela de nêutron é bastante agressivo, envolvendo contínuas explosões de grandes proporções, a descoberta desses três mundos na órbita de um astro desse tipo chamou atenção para o fato de que poderiam existir mais exoplanetas espalhados por todo o universo.

"Se você consegue encontrar planetas orbitando uma estrela de nêutron, [então] planetas devem estar basicamente em todos os lugares [do universo]", explicou Wolszchan ao blog oficial da NASA nesta segunda-feira.

Métodos de identificação

Para descobrir os três primeiros exoplanetas, foi utilizado um sistema que só funcionava com estrelas do tipo pulsar. Isso porque a técnica, que identifica os planetas a partir das oscilações no comprimento de onda dos astros estelares, era dependente das pulsações de milissegundos, que são emitidas somente por estrelas de nêutron.

Desse modo, para encontrar exoplanetas em galáxias de estrelas similares ao nosso Sol, seria necessário buscar outras metodologias. Foi aí que entrou o método de trânsito, desenvolvido em princípio pelo astrônomo William Borucki, também da NASA.

O método de trânsito é muito utilizado hoje em dia e funciona a partir da observação de quedas regulares no brilho das estrelas. Isso porque, quando constantes, essas "quedas" na realidade são a passagem de um exoplaneta entre a estrela hospedeira (estrela parecida com o Sol) e o nosso campo de visão.

Além do método de trânsito, outra técnica utilizada pelos astrônomos na identificação de exoplanetas é o do efeito gravitacional que esses astros exercem em suas estrelas hospedeiras. Com funcionamento similar ao de trânsito, essa metodologia consegue identificar outros mundos a partir das oscilações no comprimento de onda das estrelas em observação.

Mais do que apenas diferentes métodos, as novas tecnologias utilizadas em estudos espaciais também ajudaram a mobilizar a identificação de exoplanetas. Para se ter ideia, somente com o telescópio Kepler, lançado no espaço em 2009, foram adicionados ao arquivo oficial da NASA cerca de 3 mil novos mundos.

Sob um olhar terrestre, há ainda o espectrógrafo Harps, que, estabelecido no Observatório Paranal, no Chile, já identificou cerca de 150 exoplanetas.

"Não é apenas um número", disse a astrônoma Jessie Christiansen. "Cada um [desses exoplanetas] é um novo mundo, um planeta recém descoberto."

A expectativa é de que, com o lançamento de novos telescópios, como o James Webb, lançado em dezembro de 2021, e o Nancy Grace Roman, previsto para 2027, o número de exoplanetas descobertos aumente.