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Bloqueios de contas e app: o que as redes sociais fizeram diante da guerra

Por outro ângulo, a destruição do prédio do governo de Kharkiv que foi atingido por mísseis russos - Vyacheslav Madiyevskyy/Reuters
Por outro ângulo, a destruição do prédio do governo de Kharkiv que foi atingido por mísseis russos Imagem: Vyacheslav Madiyevskyy/Reuters

Letícia Naísa

De Tilt, em São Paulo

01/03/2022 14h00

Enquanto a guerra entre Rússia e Ucrânia se intensifica em terra firme, nas redes sociais acontece um conflito paralelo. Muitas plataformas restringiram o acesso dos russos e aplicaram políticas de combate a notícias falsas.

Entre os apps de mensagens, o Telegram tem sido um dos principais canais de comunicação entre os civis dos dois países. A informação e os acontecimentos têm corrido de um lado para o outro, mesmo que haja obstáculos no caminho.

Tilt explica a seguir como cada plataforma está lidando com o tráfego de informações e acessos nos territórios ucraniano e russo.

Meta

Nick Clegg, vice-presidente de assuntos globais da Meta, afirmou que a Rússia pediu à empresa para parar de checar e rotular postagens das páginas da mídia estatal. Quando a gigantes das redes sociais se recusou, a Rússia restringiu o acesso à plataforma para a população.

Além de tentar combater a desinformação, a dona do Facebook bloqueou a monetização das páginas de mídias estatais russas.

A empresa, inclusive, afirmou que grupos pró-Rússia fizeram campanhas de desinformação por meio de perfis falsos ou contas hackeadas.

As mensagens postadas tentavam retratar a Ucrânia como uma "peça fraca" do Ocidente. A Meta disse ter bloqueado todas as contas engajadas em atividades ilegais tanto no Facebook como no Instagram.

Google

O Google resolveu seguir a mesma linha da Meta e impediu os russos de lucrar com conteúdo em suas plataformas. No YouTube, plataforma de vídeos que é dona, além de bloquear a monetização, limitou as recomendações de canais estatais russos, como RT e Sputnik, e bloqueou esses mesmos perfis em todo o território europeu.

A plataforma de vídeos também afirma que retirou do ar centenas de canais e milhares de vídeos que violaram suas políticas.

A Alphabet, dona do Google, também proibiu downloads do aplicativo do jornal russo Russian Times. Novos usuários na Ucrânia não podem baixar o app no celular, mas quem já tinha, consegue acessar, só não receberá mais atualizações.

O Google também desabilitou os dados de tráfego do Google Maps para proteger os cidadãos ucranianos. Os recursos do mapa são usados para informar sobre trânsito e lotação de lojas e outros pontos comerciais.

Twitter

Uma das plataformas que mais movimentou a política nos últimos anos, o Twitter também cancelou temporariamente qualquer monetização de postagens na Ucrânia e na Rússia.

Por meio da própria plataforma, a empresa justificou que quer garantir que as informações de segurança pública tenham mais visibilidade e quer os anúncios não prejudiquem essa circulação.

Na rede, alguns usuários russos afirmam que não conseguem acessar a plataforma, mas a empresa afirmou que "acredita que em um acesso livre e gratuito à internet" e não fez mais comentários quando questionada pelo portal Mashable.

Outra medida adotada pelo Twitter é que links de sites estatais russos passarão a ter uma advertência que diz: "Este link tem ligações com uma mídia afiliada ao Estado russo".

TikTok

Apesar de ser usado como passatempo para os jovens, o TikTok se tornou mais uma fonte de informações sobre a situação na Ucrânia. Mesmo assim, a plataforma tomou um atitude semelhante à da Meta.

O app de compartilhamento de vídeos curtos passou a bloquear conteúdos relacionados a perfis ligados a mídia estatais russas, como RT e Sputnik, em território europeu.

Telegram

Entre os apps de mensagens, o Telegram é o mais utilizado. O mensageiro é de origem russa e tem levantado suspeitas. No Twitter, um dos fundadores do Signal, concorrente do Telegram, explicou como funciona a nuvem do app e como ele pode ser uma ameaça russa aos ucranianos. Segundo Moxie Marlinspike, as mensagens não são encriptadas e podem ser lidas pela empresa russa, assim como o conteúdo multimídia.

Depois da postagem, uma das companhias de internet ucraniana registrou aumento do uso do Signal.

Por enquanto, não há relatos de o Telegram limitar acesso a determinados conteúdos devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Pavel Durov, fundador do app, informou que é contra restringir canais.

Reddit

A rede social funciona como um fórum anônimo. Existem páginas, chamadas de subreddits, dedicadas a países, como comunidades. O subreddit da Rússia foi colocado em quarentena, ou seja, tem sua visibilidade e acesso limitados. A página não vai mais aparecer nos primeiros resultados de pesquisa da plataforma, o único jeito de acessar será pelo link direto e, mesmo assim, o usuário recebe um alerta de que o canal contém um grande volume de informações que não foram checadas.

A desinformação que circula no subreddit da Rússia foi apontada como a causa para a quarentena do canal. O mesmo aconteceu com um canal dedicado ao ex-presidente do EUA Donald Trump.

Na página, segundo o site Mashable, havia muitas postagens de defensores da invasão à Ucrânia, além de comentários discriminatórios contra refugiados.