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Clarão no céu assusta cidades do Nordeste; veja vídeo e entenda o que rolou

Passagem de bólido iluminou céu do Nordeste na última quarta (14) - Reprodução/Clima Ao Vivo
Passagem de bólido iluminou céu do Nordeste na última quarta (14) Imagem: Reprodução/Clima Ao Vivo

Gabriel Francisco Ribeiro

De Tilt, em São Paulo

16/07/2020 12h47

Sem tempo, irmão

  • Clarão e barulho no céu assustam moradores de cidades do Nordeste
  • Segundo astrônomo, fenômeno ocorreu por causa de bólido entrando na atmosfera
  • Vídeos mostram momento da passagem do meteoro por cidades nordestinas
  • Possibilidade de detritos terem atingido o solo é grande

Um clarão e um estampido no céu assustaram moradores do Nordeste na noite da última quarta-feira (15), mas calma que (ainda) não é o fim do mundo se aproximando. O fenômeno que causou espanto nas redes sociais ocorreu por causa de um bólido que entrou na atmosfera terrestre a uma alta velocidade.

"É muito comum esse fenômeno. É fenômeno de bólido, mais popularmente um meteoro ou estrela cadente com alta intensidade de brilho e energia. São detritos que acabam entrando na atmosfera, atingem um brilho alto e dependendo da constituição do material resistem mais tempo nessa penetração e geram um brilho grande", explicou a Tilt Marcelo de Cicco, astrônomo associado efetivo da SAB (Sociedade Astronômica Brasileira).

O fenômeno pôde ser visto em cidades do sertão do Nordeste, mais propriamente na bacia do rio Pajeú. De acordo com relatos nas redes sociais, moradores de Custódia (PE), Serra Talhada (PE) e Sertânia (PE) foram alguns dos que observaram a queda. Além da luminosidade, o objeto assustou moradores por um alto barulho.

"O barulho é normal também, é mais uma característica que comprova que é bólido. O estrondo é um estampido sônico. Como o objeto entra em alta velocidade, em média a 50 mil km/h ou 60 mil km/h nos bólidos mais lentos, muitas vezes está acima do som. O barulho é quando rompe a barreira do som", explica.

Existem ainda os chamados "superbólidos" —um dos exemplos clássicos foi o objeto que caiu na Rússia em 2013 e gerou quebras de vidros dado o estampido alto. No caso do que passou pelo sertão do Nordeste, o astrônomo acredita que não entra nesta categoria.

Vídeos de câmeras registraram a passagem do objeto espacial. Confira abaixo:

Junto a outros astrônomos, Cicco mantém no Brasil o Exoss.org, projeto científico colaborativo que monitora quedas de objetos astronômicos no Brasil. A página conta com uma área para enviar relatos de visualizações do tipo.

Quedas de bólidos no Brasil são comuns ao ponto de acontecerem quase diariamente por aqui. A Exoss.org conta com câmeras e instrumentos próprios para captar esses fenômenos, além de gerarem dados para cientistas analisarem o que aconteceu.

Probabilidade de queda no solo

Segundo Cicco, pelos vídeos e relatos nas redes sociais há uma grande probabilidade do bólido da última noite ter gerado detritos que alcançaram o solo. Mesmo assim, as partes que caíram não oferecem perigo à população.

"Por ter sido cedo, por volta das 19h, entrou em uma posição favorável e é capaz de ter gerado um meteorito. Quando entra, dependendo do ângulo e da velocidade consegue sobreviver e a matéria que sobra cai em queda livre ao chão. É bem provável nesse caso", aponta.

Ele relata ainda que provavelmente já existem "caçadores de meteoritos" em ação na região para abastecer o mercado negro de objetos do tipo.

"Existe infelizmente um mercado negro de meteoritos. Dizem que estão em busca pela ciência, mas querem comercializar. Provavelmente tem gente procurando, distribuindo panfletos, pagando dinheiro para garotos procurarem. O Brasil não tem uma legislação que proteja objetos vindos do espaço, vira uma caça ao tesouro. Em geral, quando acham, doam uma parte para estudos de pesquisa e ficam com o 'filé' para eles", afirma.