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Queda de asteroides em oceanos pode ter gerado vida na Terra e até Marte

Quedas de asteroides em oceanos podem ter gerado ingredientes para início da vida - Getty Images
Quedas de asteroides em oceanos podem ter gerado ingredientes para início da vida Imagem: Getty Images

Thiago Varella

Colaboração para Tilt

08/06/2020 15h50

A vida na Terra e, quem sabe, em Marte pode ter surgido graças ao impacto de asteroides nos oceanos no início da formação dos dois planetas. Isso é o que mostra um estudo realizado pela Universidade de Tohoku, no Japão.

Os pesquisadores descobriram que a queda dos asteroides fez surgir aminoácidos que servem como blocos de construção de proteínas e que foram fundamentais para a vida de moléculas no começo do planeta Terra.

Existem duas explicações para as origens das moléculas que criaram vida na Terra: podem ter vindo de fora do nosso planeta, como o exemplo dos asteroides, ou por formação endógena. A presença de aminoácidos e outras biomoléculas em asteroides apontam que a primeira hipótese é a mais provável.

Por isso, os pesquisadores da Universidade de Tohoku, do Instituto Nacional de Ciência dos Materiais (Nims), do Centro de Pesquisa Avançada em Ciência e Tecnologia de Alta Pressão (Hpstar) e da Universidade de Osaka simularam as reações que surgem quando um asteroide cai no oceano. Para isso, eles investigaram as reações entre dióxido de carbono, nitrogênio, água e ferro em um laboratório.

O dióxido de carbono e o nitrogênio foram usados porque esses gases eram os componentes principais da atmosfera da Terra no período Hadeano, há mais de 4 bilhões de anos.

A simulação revelou a formação de aminoácidos como a glicina e a alanina, que compõem as proteínas dos seres vivos e que catalisam muitas reações biológicas. A partir desses resultados, os autores afirmam que o impacto dos asteroides pode ter resultado em uma fonte de aminoácidos no início do nosso planeta.

"Fazer moléculas orgânicas formarem compostos reduzidos como metano e amônia não é difícil, mas eles são considerados componentes menores na atmosfera da época. A descoberta da formação de aminoácidos a partir do dióxido de carbono e do nitrogênio molecular demonstra a importância de criar blocos de construção da vida a partir desses compostos onipresentes", afirmou o pesquisador Yoshihiro Furukawa, da Universidade Tohoku.

A hipótese de que Marte já teve um oceano também traz algumas suposições interessantes, já que é provável que o dióxido de carbono e o nitrogênio também tenham sido os principais gases que constituíam a atmosfera marciana. Por isso, a formação de aminoácidos induzida pelas colisões dos asteroides também pode ter sido fonte de ingredientes para o surgimento de vida em Marte no passado.

"As pesquisas futuras vão revelar mais sobre o papel dos meteoritos em trazer biomoléculas mais complexas para a Terra e Marte", disse Furukawa.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do informado anteriormente, a simulação revelou a formação de aminoácidos como a glicina, não a glicerina.