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Qual termômetro serve para qual situação? Entenda o funcionamento

Ainda usa termômetro de mercúrio? Cuidado - Shutterstock
Ainda usa termômetro de mercúrio? Cuidado Imagem: Shutterstock

Felipe Oliveira

Colaboração para Tilt

17/03/2020 04h00

Sem tempo, irmão

  • Existem diversos tipos de termômetro no mercado, com diferentes tipos de funcionamento
  • Termômetro digital é utilizado em hospitais e substitui termômetro de mercúrio
  • Termômetro de testa mede radiação infravermelha, assim como scanners dos aeroportos
  • Como febre é um dos sintomas do Covid-19, produto ajuda a se antecipar a tratamento

Em algum momento da sua vida algum adulto colocou a mão na sua testa e constatou: está com febre! Medir a temperatura, às vezes, parece algo mágico. Mas, em tempo de coronavírus, como garantir precisão?

Existem diversos tipos de termômetro, como o digital, o de testa, o retal ou auricular, por exemplo. Até 2019, o consumidor também encontrava nas farmácias o termômetro de mercúrio, mas a fabricação e comercialização desse modelo foi proibida —o uso está liberado.

Termômetro de mercúrio

O termômetro de mercúrio é justamente o mais comum na casa dos brasileiros. Todo metal se expande quando aquecido, mas o mercúrio tem a vantagem de ficar líquido entre -38,9°C e 356,7°C. Em temperatura ambiente, ele facilmente sobe ou desce dentro de um tubo capilar quando em contato com a "quentura" da nossa pele.

A resposta do mercúrio ao calor é muito rápida e precisa —varia alguns centímetros (aqueles que você vê marcado no exterior de vidro do termômetro. Só tem um "probleminha": o mercúrio é perigoso, por ser um metal pesado e tóxico, e pode matar uma pessoa. Até o vapor é tóxico.

Então, se você ainda tem um antigo em casa, cuidado. Especialmente se você tem crianças por perto, a inalação do mercúrio é um problema sério para o sistema neurológico. Termômetros do tipo podem ser levados até pontos que recebem pilhas —se o termômetro estiver quebrado, recolha o líquido com a ajuda de uma seringa sem agulha.

termometro digital - Divulgação - Divulgação
O termômetro digital é hoje o mais comum de ser encontrado em farmácias
Imagem: Divulgação

Termômetro digital

Já que o "bom e velho" termômetro de mercúrio não é tão bom assim, a melhor opção para se ter em casa ou em instituições de saúde é o termômetro digital, também conhecido como termômetro clínico. Ele, hoje em dia, é o mais fácil de encontrar e o mais seguro para o manuseio.

Os termômetros digitais analisam a troca de calor, uma ideia da termodinâmica. Tudo é uma questão de equilíbrio de potencial químico, medido por um circuito eletrônico com um sensor de temperatura na ponta do aparelho.

O sensor é colocado no centro da axila é, após ficar cerca de 3 minutos em contato com a pele, envia a um visor a temperatura corporal aferida. Isso quer dizer que ele depende de uma bateria para ser alimentado.

Como ele funciona? "Com um transistor, com material semicondutor. A condutividade, ou seja, como os elétrons andam numa corrente elétrica, depende da temperatura. Quando chega a um equilíbrio térmico ele apita. Isso significa que a temperatura do transistor é a mesma do corpo humano, por isso ele para em uma medida", diz Fernando Araújo-Moreira, físico e professor titular da UFScar (Universidade Federal de São Carlos).

O termômetro digital exige um posicionamento mais cuidadoso, no lugar certo da axila. O paciente não pode se movimentar, para garantir precisão —o profissional de saúde ou os pais, por exemplo, devem segurar o braço da criança pelo tempo necessário para que a medida seja correta.

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O termômetro digital cutâneo ainda é pouco usado no Brasil
Imagem: iStock

Termômetro cutâneo

Além disso, existe o termômetro digital cutâneo, também conhecido como termômetro de testa. Com este, você não precisa acessar a axila da pessoa, basta encostar de leve na pele da testa limpa (sem suor ou gotículas). Em poucos segundo, ele dá o resultado. A vantagem desde é que ele não é invasivo e o resultado é seguro.

O termômetro cutâneo mede a radiação infravermelha, transmitida por coisas quentes, como o corpo humano. Existem muitos tipos de sensores capazes de medir esse tipo de radiação, o do termômetro associa um tanto de infravermelho a um tanto de graus Celsius.

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O scanner de aeroporto faz medição à distância, por infravermelho
Imagem: Pavel Mikheyev

Scanners de aeroportos

Alguns aeroportos, como os do Japão e da Índia, usam sensores de calor, as câmeras térmicas, para identificar à distância pessoas com febre e encaminhá-las para os testes de doenças, como o coronavírus. O recurso também foi utilizado durante o surto de SARS e da gripe H1N1.

Os scanners conseguem verificar a temperatura corporal de várias pessoas de maneira rápida, sem interromper o grande fluxo no aeroporto. Para isso, capta o calor dos passageiros com a ajuda de sensores de radiações em infravermelho. A diferença aqui é que esses aparelhos criam uma imagem em 2D que projeta diferentes níveis de temperatura.

"Ele faz a varredura do corpo por radiofrequência, como se fosse um radar, além de medir a temperatura com o infravermelho, ou seja, é uma mistura de coisas", explica Moreira.

A temperatura aparece em infravermelho, mas o aparelho utiliza a radiofrequência para fazer a imagem da pessoa. Ou seja, quando uma pessoa está diante da câmera, a temperatura corporal é representada por uma cor, sendo que cada pixel da imagem possui uma temperatura associada. Assim, e possível determinar se uma pessoa está com febre.

Higienização evita doenças

Segundo Regina Célia Popim, professora associada da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista), seja qual for o modelo escolhido, é fundamental higienizar o termômetro para evitar a proliferação das doenças —principalmente nos hospitais, já que os termômetros não são descartáveis e passam de paciente em paciente.

"A higiene deve ser feita com álcool 70%, que é bactericida. Após o uso, o objeto deve sempre ser limpo. Isso é importante para a prevenção da infecção cruzada, na qual um micro-organismo é levado de um local para outro", afirma. "Vírus e bactérias não têm asas! Se não fizermos a higienização correta, nós mesmos acabamos levando essa doença de um lugar para outro."

Fontes ouvidas: Regina Célia Popim, professora associada da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Fernando Araújo-Moreira, físico e professor titular da UFScar (Universidade Federal de São Carlos).

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