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Neurocientista tem dúvidas sobre chip cerebral criado por Elon Musk

Elon Musk na Alemanha - Odd Andersen/AFP Photo
Elon Musk na Alemanha Imagem: Odd Andersen/AFP Photo

De Tilt, em São Paulo

21/11/2019 17h15

Executivo-chefe da SpeceX e Tesla, Elon Musk anunciou em junho que está desenvolvendo um chip cerebral que "resolve" autismo, esquizofrenia e até perda de memória — mas os neurocientistas não estão muito confiantes nesta tecnologia.

A Insider conversou com alguns especialistas, que afirmaram que a promessa do bilionário é um tanto quanto exagerada, já que não é possível tratar o cérebro humano como uma máquina "quebrada".

"O déficit acontece no cérebro inteiro", disse o neurocientista Randy Bruno sobre o autismo. "Não é que adicionando informações ao cérebro por meio de alguma interface ou monitorar o que muitos neurônios vão fazer, por si só, podem curar uma doença".

Bruno também não vê o chip prometendo anormalidades cerebrais, como perda de memória e esquizofrenia.

"Não é como se houvesse um pequeno número de neurônios nessa parte do meu córtex e, se pudéssemos rotear informações em torno deles, contorná-las ou desativá-las, você resolveria o problema", afirmou.

"Muitas doenças cerebrais têm um defeito genético muito específico ou múltiplos defeitos genéticos. E há uma base muito biológica para o problema."

Musk já anunciou que um teste sobre a interface que conecta o cérebro a computadores por meio de chips deve ser realizado em humanos no ano que vem.

Desde 2017, a empresa Neuralink, startup da qual é fundador e executivo-chefe, está desenvolvendo implantes cerebrais para permitir a comunicação entre máquinas e pessoas, algo vital para que o ser humano não seja surpreendido pela inteligência artificial no futuro, segundo Musk.