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Empresário paulista vende terreno e aceita R$ 1 milhão em moeda virtual

Terreno foi comprado com a moeda brasileira niobium coins - Getty Images/iStockphoto
Terreno foi comprado com a moeda brasileira niobium coins Imagem: Getty Images/iStockphoto

Alexandre Aragão

Colaboração para o UOL Tecnologia

31/08/2018 04h00

Aconselhado por um amigo que acompanha o mercado de moedas virtuais, o empresário Lauro Rafacho, 64, resolveu diversificar seus ativos. Ao vender um terreno de 24 mil m² na cidade de Serra Negra (SP) aceitou como pagamento o equivalente a R$ 1 milhão em niobium coins (NBC), uma moeda virtual brasileira parecida com o bitcoin.

“Quando eu fiz negócio, a cotação estava em torno de R$ 0,40, hoje já dobrou”, comemora o empresário. “Eu tive contato com o pessoal que lançou essa moeda, então eu fico mais sossegado. É lógico que tem que conversar, tem que investigar”, prossegue.

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Rafacho conta que um dos atrativos para aceitar a transação com moeda virtual foi a agilidade e a simplicidade. “Funciona porque você tem uma coisa mais particular, entre empresas, não depende de muita burocracia”, ele diz, referindo-se ao fato de que não há a necessidade de uma instituição financeira, como um banco, ser envolvida na transação.

Antes de fechar negócio, porém, Rafacho se reuniu com representantes da Bomesp (Bolsa de Moedas Digitais Empresariais de São Paulo), plataforma na qual as niobium coins servem para pagar serviços. Das 102 milhões de unidades de NBC que foram emitidas — o limite total —, por volta de 45% pertencem à Bomesp.

Valor

Atualmente, cada niobium coin é negociada por volta de US$ 0,06. A moeda atingiu seu valor máximo de negociação em 12 de junho deste ano, quando chegou a US$ 0,98 — o equivalente a 1.600% do valor atual. “Quem não quer ter risco, não pode viver”, diz Rafacho. “Tudo tem risco”, ele continua, “a vida é um risco, você pode estar vivo hoje e amanhã estar morto [risos].”

Por enquanto, a Bomesp ainda não começou a operar. A ideia é que qualquer empresa, de qualquer setor, possa lançar um ativo virtual próprio a fim de levantar dinheiro no mercado — usando a mesma lógica de um IPO. E, para isso, essa empresa teria que comprar niobium coins, que são usadas para pagar os serviços na plataforma da Bomesp.

Em janeiro, a área técnica da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) divulgou um parecer sobre a ICO (Initial Coin Offering, “oferta inicial de moeda”) da niobium coin. O termo ICO é uma analogia a IPO (Initial Public Offering), sigla usada nas bolsas de valores que significa “oferta pública de ações”, quando uma empresa lança ações no mercado de capitais.

A conclusão da CVM foi que a niobium coin é um ativo — uma commodity, como ouro ou diamante —, mas não é um ativo financeiro, ou seja, a moeda não rende juros ou dividendos ao dono. E, portanto, não deve ser regulada pelas regras da própria CVM.

“É um investimento em que você tem que acreditar, porque hoje o mercado vai partir para esse caminho”, diz Rafacho, que espera a cotação subir mais um pouco para começar a negociar parte de suas niobium coins. “O mundo vai virar tudo virtual, já está virando.”

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