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Mesmo com dólar alto, trazer celular de fora sai até R$ 2.000 mais barato

A diferença de preços é muito grande entre os top de linha - Getty Images/iStockphoto
A diferença de preços é muito grande entre os top de linha Imagem: Getty Images/iStockphoto

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/06/2018 04h00Atualizada em 12/06/2018 10h57

Na hora de trocar o celular, é muito tentador pesquisar o preço cobrado pelo aparelho fora do país. Quase sempre, a diferença de valores é muito grande. E não é erro de cálculo: uma pesquisa de preços feita na Amazon pela plataforma de descontos online Cuponation comprovou que, em alguns casos, o preço cobrado no Brasil é 51% maior do que nos Estados Unidos. É o caso do iPhone X de 256 GB.

Foram avaliados 21 modelos e simulados dois tipos de pagamento: cartão de crédito, o que inclui 6,38% de taxa do IOF, e dinheiro (dólar), com a taxa de 1,1%. Para definir o preço médio cobrado no Brasil, a pesquisa considerou o preço de 105 celulares nas lojas virtuais Amazon Brasil, Ponto Frio, Americanas.com, Submarino e Extra.

A pesquisa, realizada em abril, considerou o dólar a R$ 3,4257. Agora o dólar está muito mais alto, e isso pode mudar a qualquer momento. Outro fator desconsiderado pela pesquisa é o imposto recolhido por compras nos EUA, que varia de Estado para Estado e fica na faixa de 10%.

Mas, neste cenário, o único aparelho que compensava ser comprado por aqui era o iPhone 7 Plus de 128 GB e, ainda assim, a vantagem só existia quando a compra no exterior era feita utilizando cartão de crédito. Veja a lista completa.

Para deixar o ranking mais atualizado, o UOL Tecnologia pesquisou alguns modelos e comprovou que a compra vale a pena para aparelho top de linha -- se você tiver como trazer para o Brasil dentro das regras de importação, que permitem um aparelho por pessoa, para uso pessoal. Neste caso, o celular estaria isento de impostos

Na simulação dos modelos abaixo, consideramos o dólar a R$ 3,74, em uma compra no exterior feita com cartão e no Estado de Nova York, cujo imposto é de 8,875%. Os preços dos aparelhos no exterior são os sugeridos pelas marcas. Antes de tomar uma decisão, refaça o cálculo com o valor da moeda do momento. 

O UOL Tecnologia pesquisou outros modelos e comprovou que a compra vale a pena no caso de smartphones mais avançados, se você tiver como trazer para o Brasil dentro das regras de importação, que permitem um aparelho por pessoa, para uso pessoal. Neste caso, o celular estaria isento de impostos.

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Nem precisa ser um lançamento para isso ficar claro. No Brasil, o iPhone 7 Plus de 128 GB é vendido pela Apple por R$ 4.299. O mesmo smartphone na loja online norte-americana da empresa seguindo o critério acima, o celular sairia por R$ 3.331.

Ainda entre os aparelhos da Apple, temos o iPhone 8 de 64 GB. A Apple cobra US$ 699 pelo aparelho em sua loja online. Calculando a conversão e os impostos, teríamos o valor de R$ 3.027, quase R$ 1.000 a menos do que os R$ 3.999 cobrados aqui.

Lembra que dissemos que a diferença é maior conforme os aparelhos são mais caros? Um exemplo extremo disso é o iPhone X. Em sua versão de 64 GB, ele custa US$ 999 nos EUA, valor que convertido seria de R$ 4.327. E no Brasil? Considerando a compra à vista, o aparelho sai por R$ 6.299, o que dá uma diferença de R$ 1.972.

Essa diferença de preço, claro, não é exclusividade dos celulares da Apple. O novo Samsung Galaxy S9 de 128 GB, por exemplo, é vendido pela Samsung em sua loja online norte-americana por US$ 769,99. Comprando o aparelho nos EUA seguindo a fórmula acima, o valor final seria de R$ 3.335, consideravelmente inferior aos R$ 3.869 praticados para compras à vista no Brasil.

O mesmo ocorre com o novo Sony Xperia XZ2, que sai por US$ 660, valor que convertido dá R$ 2.858. Aqui, a Sony cobra R$ 3.419,99 em pagamento à vista.

Vantagem menor nos intermediários

Por outro lado, a diferença de preço em aparelhos intermediários, como o novo Moto G6, não é tão grande. Nos EUA, ele sai por US$ 234,99. Ou seja, R$ 1.017, usando os mesmos critérios. Por aqui, ele é vendido a R$ 1.299, podendo ser parcelado em até dez vezes.

O mesmo vale para o Samsung J7 Pro de 64 GB. Nos EUA, ele sai por US$ 289,99, equivalentes a R$ 1.256. No Brasil, ele é vendido a R$ 1.349, considerando o pagamento à vista.

Por fim, alguns aparelhos de ponta fogem um pouco à regra e acabam sendo mais baratos no Brasil. Um exemplo é o Samsung S8 de 64 GB. Apesar de a Samsung ter como preço oficial R$ 3.399, ele é facilmente encontrado por R$ 2.519 em sites de grandes varejistas. Comprado nos Estados Unidos por US$ 599,99, ele custaria R$ 2.598 após a conversão, valor superior ao cobrado no Brasil.

Fuja de armadilhas

Se você decidiu comprar um celular no exterior, certifique-se de que o aparelho irá funcionar no Brasil. Em geral, smartphones quadriband são capazes de funcionar com os padrões de sinais de todo o mundo. Já explicamos como confirmar o funcionamento.

Outra questão é a garantia do produto. A Samsung, por exemplo, afirma que não cobre aparelhos comprados no exterior.

"Devido às características de cada mercado, a Samsung informa que não oferece garantia para smartphones comprados fora do país. A empresa recomenda que todos os smartphones Samsung sejam adquiridos no Brasil por possuírem a certificação da Anatel que garante que o produto possui os recursos técnicos específicos para o mercado brasileiro", disse.

UOL Tecnologia entrou em contato com a Apple para saber a posição da empresa sobre o assunto, mas não obteve resposta.

O tema é controverso, mas uma decisão do Superior Tribunal de Justiça de 2000 diz que "se as empresas nacionais se beneficiam de marcas mundialmente conhecidas, devem responder também pelos defeitos dos produtos que anunciam e comercializam". Ou seja: marcas aqui estabelecidas e conhecidas mundialmente devem cumprir os prazos previstos no código de defesa do consumidor, que é de 90 dias no caso de produtos duráveis, como aparelhos eletrônicos.

Além disso, caso o consumidor tenha contratado planos de garantia estendida junto à fabricante no ato da compra, ela também deverá valer no Brasil, considerando as condições descritas acima. As informações são da associação de defesa do consumidor Proteste.

Isso se aplica a marcas com representação no Brasil. Não é o caso de empresas como OnePlus e Huawei que, apesar da boa reputação dos seus aparelhos, não teriam filiais aqui para, eventualmente, consertar o trocar aparelhos defeituosos.

Ainda assim, caso o fabricante não tenha uma política clara para garantia de produtos comprados no exterior, é provável que reparos ou trocas só sejam obtidas após muito diálogo ou, ainda, por meio de ação judicial. Isso significa que é bastante provável que você fique com um aparelho defeituoso parado por algum tempo até obter uma solução.