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Sabia que a Disney tem um departamento de robótica e pesquisas malucas?

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

04/06/2018 04h00

A Disney é um dos maiores impérios do entretenimento, com produções e licenciamentos para cinema e TV, brinquedos, videogames e muito mais. Também inovou com os parques temáticos de suas marcas nos anos 50. Mas essa inovação continua: pouca gente sabe, mas a Disney tem há uma década seu próprio laboratório de pesquisas científicas, a Disney Research.

Esse laboratório foca em pesquisas em cinco grandes áreas, à primeira vista bem mais cabeçudas para quem conhece a Disney apenas por seus personagens fofos: computação visual; robótica; aprendizado de máquina e análise de dados; interação humano-computador; e materiais e fabricação.

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Esse departamento, segundo a própria Disney, serve para "agregar valor a toda a Walt Disney Company, injetando inovação científica e tecnológica". Em outras palavras, os objetivos primários da Disney com a empreitada são trazer novidades para seus vários empreendimentos. Assim, pode ser que saia deste laboratório as próximas invenções para filmes, parques ou brinquedos da casa do Mickey.

Por que isso importa?

Antes de tudo, vale uns parênteses aqui: a Disney Research não é o departamento da empresa responsável pelos "animatrônicos", como são chamados os atuais personagens de movimentação robótica na Disneyworld. Essa parte fica com a Disney Imagineering, braço da empresa dedicada ao desenvolvimento de seus parques temáticos desde 1952.

A Research na verdade vai além disso, pois como pudemos ver nos temas abordados, está atirando para segmentos que podem impactar seus diversos ramos de negócio. Mas não é só isso. 

Essas descobertas nessas áreas também podem trazer progressos ao desenvolvimento humano se aplicadas em campos de conhecimento mais "sérios".

Veja uma lista dos pequenos avanços que a Disney vem testando recentemente e seus possíveis usos:

Captura de desempenho facial em tempo real: pode servir para reproduzir rostos em personagens digitais de filmes, em atrações de parques ou mesmo ser o próximo Animoji para celulares.

31.mai.2018 - Captura de olhos da Disney Research - Divulgação/Disney Research - Divulgação/Disney Research
Imagem: Divulgação/Disney Research

Captura de olhos de maneira leve e menos intrusiva: também boa para personagens em computação em filmes ou, quem sabe, para clonar fisicamente globos oculares (para clones de verdade?). É uma técnica que cria uma versão digital de um olho humano a partir de um banco de dados de olhos pré-capturados, de forma menos demorada e intrusiva que as técnicas atuais. Esse banco viria de conteúdos como fotos tiradas da internet ou mesmo de pinturas (como o autorretrato de Van Gogh!). 

Detecção interativa e sensível ao contexto em escala de espaço: já falamos dela antes: transforma uma parede simples em uma área toda sensível ao toque, usando apenas tinta condutora e fita de cobre. Isso pode ser útil para transformar certos pontos da parede do quarto em botões que acendem as luzes, ou permitir sequência de toques como senha para abrir uma porta.

Robôs diversos: Eles podem subir do chão à parede, dar cambalhotas no ar como um trapezistabrincar de bolinha com humanos e copiar com exatidão o andar de um personagem animado. Tudo isso teria grande impacto na vida cotidiana --imagine a qualidade das próximas próteses médicas e dos robôs assistentes de casa?

Um novo nível de realidade aumentada: aqui uma pessoa pode compartilhar o ambiente e interagir em tempo real com um personagem gerado por computador. Uma tela de TV serve de "espelho" para a ação, e o humano consegue até produzir sombras e "tocar" o personagem. Isso faria sucesso entre as crianças nos parques, sendo a versão high-tech de um amigo imaginário. Quem não queria sentar e conversar com o Mickey dos desenhos, afinal?

Mão robótica suave: capaz de pressionar objetos sem esmagá-los. Como a mão tem só quatro dedos, a aplicação parece óbvia. Imaginamos que a empresa espere que seus futuros personagens robóticos de parques --sim, eles normalmente só têm quatro dedos nas mãos-- possam apertar mãos humanas sem causar ferimentos. Em contrapartida, robôs domésticos com esse tipo de mão conseguiriam realizar tarefas mais delicadas, como lavar copos de cristal.

Startups na mira

E isso não é tudo: saiba ainda que a Disney tem a Accelerator, um departamento de investimento em startups! E claro, também com a função de inventar maravilhas da ciência e tecnologia para o império Disney.

Foi de lá que surgiu a Sphero, empresa responsável pela concepção do inovador droid-bolinha BB-8, de "Star Wars", em 2014. Já em 2016, foi vez da dona da robô Sophia, a Hanson Robotics, ganhar uma graninha de incentivo, entre outras empresas.