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Só se fala dela: Nokia acerta na estratégia e garante retorno fulminante

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Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

10/03/2018 04h00

Se alguns anos atrás alguém te dissesse que a Nokia estaria de volta com tudo, você certamente duvidaria. Mas, foi o que aconteceu. A nova versão da marca finlandesa, controlada desde 2016 pela HMD, soube aproveitar a boa fama e a nostalgia para relançar seus clássicos --como não é boba, mostra que também está ligada os novos tempos e traz um portfólio variado e consistente de celulares Android.

Foi com esta fórmula, muito diferente da concorrência, que a marca roubou a cena na importante feira de telefonia MWC (Mobile World Congress) de Barcelona pelo segundo ano consecutivo. Ganhou todos os holofotes ao reviver um modelo flip da década passada, o 8110, também conhecido com "celular banana", assim como aconteceu quando trouxe de volta o 3310, famoso "tijojão", em versão supercolorida.

Nokia 8110 Matrix - Reprodução - Reprodução
O Nokia 8110 original é o celular usado por Neo (Keanu Reeves) no clássico "Matrix".
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Segundo a divisão de marketing do Twitter no Reino Unido e a consultoria Brandwatch, a Nokia ficou em primeiro lugar em "buzz" (burburinho) na rede social no período da MWC 2018, deixando para trás Samsung, Huawei, Google e Apple.

Além disso, o chefe de produtos da HMD, Julio Sarvikas, tuitou uma foto com os 21 prêmios que a companhia ganhou na MWC de diversos veículos que cobrem tecnologia.

Nokia 8110 é celular cheio de nostalgia

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Mas buzz vira lucro?

A retomada da Nokia é tímida, mas constante. A consultoria Counterpoint estima 13,5 milhões de telefones básicos e 2,8 milhões de smartphones (um total de 16,3 milhões de telefones) foram vendidos pela Nokia no mundo até o terceiro trimestre do ano passado.

Ou seja, a Nokia/HMD conquistou cerca de 1% do mercado mundial de smartphones e 15% do mercado de "feature  phones" --o celular sem tela touch e com botões físicos-- em menos de dois anos.

26.fev.2017 - O novo Nokia 3310 - Reprodução - Reprodução
Novo Nokia 3310 marcou o retorno do "tijolão"
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Seus principais mercados hoje são a Índia, Europa e Ásia-Pacífico, com presença discreta na África e Oriente Médio. Na América Latina, apenas México, Colômbia, Chile e Peru já contam com os novos celulares da empresa. O Brasil, que ainda tem a memória afetiva dos modelos ultrarresistentes da Nokia da década passada, por enquanto está fora desse cenário.

Jackie Kates, diretora de marketing da HMD nas Américas, repetiu na MWC deste ano o que ouvimos em 2017: que apesar de estar ciente do amor dos brasileiros pela marca, continuam sem data prevista para voltar ao Brasil. "Precisamos ainda formar uma equipe para isso", explica.

Do básico ao premium

A atual Nokia divide-se entre o resgate de modelos "feature phones" e o investimento em novos smartphones Android, por isso vem sendo uma parceira importante nos planos da Google para emplacar o Android One, que visa preservar a "pureza" do sistema.  

Nokia 8 Sirocco - Divulgação - Divulgação
Nokia 8 Sirocco
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Não deixa de ser uma ironia, já que um dos erros da antiga encarnação da Nokia foi não ter adotado o Android a tempo, preferindo os sistemas Symbian e Windows Phone.

Do lado "feature phone", os baratinhos, temos o 3310 e 8110, que ganham visual atualizado, mas trazem especificações bem modestas e sistema operacional de poucos e antigos recursos, como agenda de contatos, calculadora e lanterna. 

O 8110 conta com um sistema chamado KaiOS, que adapta serviços como Facebook e Google para o formato "feature phone", mas não tem WhatsApp. Eles custam respectivamente pouco mais de R$ 170 e R$ 320 na conversão direta, sem impostos.

Do lado smart, são mais quatro modelos, inclusive um top de linha. O UOL testou na MWC deste ano o 8 Sirocco, com configurações de ponta, e o Nokia 7 Plus, intermediário cujo primeiro lote esgotou em cinco minutos de venda na China.

Nokia 7 Plus - Divulgação - Divulgação
Poder de fogo e bateria duradouras são promessas do Nokia 7 Plus.
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O 8 Sirocco tem um bonito visual com tela iluminada, com bordas curvas e desempenho aparentemente rápido. A câmera é competente, com duas lentes na traseira, zoom ótico 2x (de mais qualidade que o digital, mais comum) e registra boas imagens, embora tenha um pequeno atraso entre um clique e outro. Apesar disso, parece um celular bem interessante como alternativa aos Galaxys, Motos e Xperias.

Já o 7 Plus tem laterais na cor cobre e seu visual lembra um pouco o Moto G4 Plus, de 2016. É um ótimo custo-benefício: por R$ 1.676 (preço na Europa, na livre conversão), você tem um processador Snapdragon 660, 4 GB ou 6 GB de RAM e 64 GB de armazenamento.

A Nokia ainda tem no seu portfólio o intermediário Nokia 6, os baratos Nokia 5 e 3, o top de linha 8. Deste ano, além dos citados acima há o barato Nokia 1. Tem para todos os gostos.