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Zuckerberg faz "turismo de desastre" sem querer ao demonstrar ferramenta

Mark Zuckerberg demonstra nova ferramenta de realidade aumentada em vídeo ao vivo no Facebook, mesclando imagens de seu avatar 3D com a destruição causada pelo furacão Maria, em Porto Rico - Reprodução
Mark Zuckerberg demonstra nova ferramenta de realidade aumentada em vídeo ao vivo no Facebook, mesclando imagens de seu avatar 3D com a destruição causada pelo furacão Maria, em Porto Rico Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

10/10/2017 10h24Atualizada em 12/10/2017 09h47

Mark Zuckerberg demonstrou pessoalmente uma das ferramentas da plataforma de realidade virtual Spaces, mas o resultado ficou esquisito e o CEO do Facebook foi criticado por parte dos veículos de tecnologia por realizar, ainda que sem querer, um "turismo de desastre" em Porto Rico.

Na última segunda (9), "Zuckerberg" e Rachel Franklin, diretora de RV social do Facebook, apareceram como avatares 3D em um vídeo ao vivo, tendo como pano de fundo locais destruídos de Porto Rico após a passagem do furacão Maria, há duas semanas.

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Essa ferramenta requer o uso do Oculus Rift, apetrecho de realidade virtual que é também um produto do Facebook. Ele custa no exterior US$ 499 (R$1.656).

O executivo disse no vídeo que além da assistência em dinheiro, o Facebook está oferecendo seus mapas alimentados por inteligência artificial para ajudar as equipes de busca e resgate na região. As ações estão ocorrendo em parceria com organizações como a NetHope e a Cruz Vermelha americana.

No entanto, a despeito das boas intenções de Zuckerberg, veículos como "The Guardian", "Gizmodo", "Mashable" e "The Next Web" apontaram problemas na iniciativa, como o fato dele ter optado por não ir pessoalmente ao local, já que neste ano viajou por todos os Estados americanos para conhecer melhor a realidade do país.

Além disso, o visual cartunesco dos avatares constrastava radicalmente com a paisagem destruída e pareceu inapropriado --algo similar ao que fez a modelo e atriz brasileira Nana Gouvea ao posar ao lado dos destroços do furacão Sandy, em 2012.

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Zuckerberg e Rachel Franklin chegam a trocar um "high five" (saudação com as palmas da mão) na frente de lares inundados. "Zuck" também disse que o recurso era "mágico".

Ao longo da transmissão, deixou a catástrofe de lado para "teleportar-se" para outros locais, como a superfície da lua --"um luxo não disponível para os milhões de porto-riquenhos que ainda lutam em meio a uma das piores crises da história da ilha", disse Tom McKay, do "Gizmodo"-- e seu escritório, onde seu avatar sem pernas é mostrado de forma diminuta ao lado do seu cachorro, Beast.

Apesar das críticas da imprensa, os comentários dos vídeos estão repletos de elogios à iniciativa de Zuckerberg. Um deles é do brasileiro Hugo Barra, vice-presidente de realidade virtual do Facebook e da divisão Oculus. "Parece ótimo, Mark e Rachel! Mal posso esperar para mostrar a todos as coisas incríveis que a equipe Oculus fez", disse Barra.

Após a repercussão, Zuckerberg se retratou em uma resposta dentro do próprio post. "Meu objetivo aqui era mostrar como a realidade vitutal pode conscientizar e ajudar as pessoas verem o que está acontecendo em outras partes do mundo. Eu também [fiz isso] para anunciar nossa parceria com a Cruz Vermelha para ajudar na recuperação [de Porto Rico]. Após ler alguns comentários, percebi que isso não estava claro, então peço desculpas a todos que ofendi."

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