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Entenda como funcionam os carregadores sem fio e por que são mais seguros

Bases para carregamento sem fio - Divulgação/arte
Bases para carregamento sem fio Imagem: Divulgação/arte

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

10/10/2017 04h00

Desde o anúncio do iPhone X, o mais novo smartphone top de linha da Apple, a possibilidade de as baterias de celulares serem carregadas sem fio voltou a ter destaque. A tecnologia foi apresentada pela empresa como uma das grandes novidades na nova linha de iPhones. Mas como é que ela funciona?

Bom, para esclarecer algumas dúvidas, conversamos com dois especialistas para entender melhor como o as baterias conseguem ser carregadas sem o uso de fios. E antes de tudo é bom saber que a Apple não é a primeira empresa a usar o recurso. No mercado já existem dispositivos compatíveis desenvolvidos por empresas como Samsung, Nokia e LG.

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De qualquer forma, João Carlos Lopes Fernandes, professor de engenharia de computação do Instituto Mauá de Tecnologia, e Marcelo Parada, professor de engenharia elétrica do Centro Universitário FEI, explicam que a tecnologia usa um fenômeno da física chamado indução eletromagnética.

Na prática, a base de carregamento transforma a corrente elétrica que sai da tomada (sim, essa parte tem um fio) em um campo magnético. E é esse campo magnético (sem fio), composto por ondas eletromagnéticas, é que é o responsável pela recarga da bateria.

“É bem parecido com o sinal da televisão ou o que faz o celular funcionar. É uma rede sem fio. Só que ao invés de enviar imagens ou dados, ele manda energia. Essa energia é que faz a carga”, explica Fernandes.

São como ondas que se propagam no ar e o sistema captura essas ondas e as converte em corrente elétrica” - Marcelo Parada, professor da FEI

O “pulo do gato” para o carregador funcionar é que os dispositivos que serão recarregados precisam estar na mesma frequência que a base de carga. Se a frequência estiver diferente, a recarga da bateria não será eficiente.

“É como se o campo magnético estivesse vibrando. O receptor [bateria do celular] tem uma vibração que oscila na mesma frequência que o carregador e aí a recarga funciona”, resume Parada.

Fernandes reforça que por isso não é qualquer celular que vai funcionar com o carregador sem fio. Essas frequências vêm configuradas de fábrica.

Além disso, quanto mais próximo o celular estiver da base, melhor. “Ele não precisa estar colado [na base de carregamento], mas é recomendado para ganhar eficiência [dentro do campo magnético]”, ressalta Fernandes.

Vantagens e desvantagens

De acordo com os professores, as principais vantagens são a praticidade que o carregamento sem fio proporciona e a maior segurança.

Fernandes destaca que no campo magnético o risco de uma explosão, por exemplo, é bem menor.

O professor Parada destaca ainda que a base de carregamento pode ficar ligada o dia todo na tomada e que algumas conseguem identificar quando precisam usar mais energia, no caso de um dispositivo que precisa ser carregado, ou menos, quando não precisam funcionar.

“Outra coisa é que com os carregadores sem fio você tem que plugar sempre que precisa carregar e aquele cabo quebra com muita facilidade. Com a base [que carrega sem fio] não acontece”, afirma Parada.

Na outra ponta, a grande desvantagem é o preço. Como não é uma tecnologia tão comum nos dispositivos eletrônicos, os preços ainda são bem altos.

Parada acrescenta que também não é possível usar o celular enquanto carrega, situação bem comum quando usamos os carregadores com fio.

E esse campo magnético pode fazer mal para saúde?

A crença de que dispositivos eletrônicos podem causar mal para a nossa saúde existe e de tempos em tempos o tema volta a circular. Com o carregamento sem fio não foi diferente.

Há quem acredite que o campo magnético criado pode causar danos para o ser humano. Segundo o professor Fernandes, a frequência desse carregamento é tão baixa que é improvável qualquer problema de saúde.

Parada concorda que carregadores sem fio usam um campo magnético bem pequeno para funcionar. Por isso, é difícil que eles façam mal.